Ibovespa estende realização pelo 2º dia, de volta ao nível do ‘Flávio Day’


Por Agência Estado

Tributações aprovadas na madrugada pela Câmara dos Deputados, incidentes em bets, fintechs e JCP (juros sobre capital próprio), e novos sinais de esvaziamento do ‘trade Tarcísio’ – como ficou conhecida a aposta compradora em uma candidatura Tarcísio de Freitas à Presidência em 2026 – colocaram o Ibovespa em nível de fechamento semelhante ao do índice há quase duas semanas, na sexta-feira, dia 5. Aquela sessão foi apelidada de ‘Flávio Day’, quando o Ibovespa saiu de recorde intradia a 165 mil pontos para encerramento na casa dos 157 mil, no mesmo pregão.

Nesta quarta-feira, 17, vindo de perda de 2,40% no dia anterior, o Ibovespa caiu 0,79%, aos 157.327,26 pontos, com giro financeiro na B3 muito reforçado, a R$ 66,9 bilhões, mesmo para uma sessão, como a desta quarta, de vencimento de opções sobre o índice. No mês, acentua a correção, agora em baixa de 1,10% em dezembro, com recuo de 2,13% no agregado em três sessões nesta semana. No ano, o índice da B3 avança 30,80%. Da mínima à máxima, oscilou dos 156.350,81 até os 158.610,62 pontos, saindo de abertura aos 158.577,88 pontos.

“Hoje quarta-feira, Petrobras e Vale subiram com o petróleo e o minério na sessão, mas não o suficiente para compensar a aversão a risco vista desde terça, não apenas com a força do presidente Lula em todos os cenários contra candidatos de oposição em 2026, mas também pelos sinais ainda duros sobre a política monetária do BC, na ata do Copom”, diz Rubens Cittadin Neto, especialista em renda variável da Manchester Investimentos. No fechamento, Vale ON, principal papel do Ibovespa, mostrava alta de 1,27%, e Petrobras, de 0,68% na ON e de 1,11%, na PN (máxima do dia no encerramento).

Na ponta ganhadora do Ibovespa, além de Vale, destaque também para Brava (+3,69%), Suzano (+1,78%), PetroReconcavo (+1,54%) e Bradespar (+1,35%). No lado oposto, Vivara (-5,10%), Porto Seguro (-4,41%), Direcional (-4,26%) e Assaí (-3,78%).

O mercado também processou a aprovação, na madrugada, na Câmara dos Deputados, do texto principal do projeto de lei que reduz benefícios fiscais em 10%, recuperando ainda pontos da chamada “taxação BBB” (bancos, bets e bilionários). “Aumento de imposto mais uma vez. Elevaram a tributação para bets, fintechs e a alíquota do JCP, juros sobre capital próprio, algo péssimo para a Bolsa brasileira”, diz Felipe Sant’Anna, especialista em mercado financeiro do grupo Axia. “Tudo isso em meio a cenário político complicado”, acrescenta.

Na frente política, o mercado tomou nota também da informação, do portal Metrópoles, de que o presidente nacional do PP, e um dos principais líderes do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PI), teria “enterrado” a possibilidade de eventual candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da República em 2026, indicando que ele será candidato à reeleição em São Paulo – uma reeleição em que aparece como favorito, podendo deixar a candidatura presidencial para 2030, quando Lula não estará mais na disputa direta.

Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, uma soma de fatores explica a correção ainda em curso na Bolsa brasileira, vindo de recorde de fechamento em 4 de dezembro, na quinta-feira que antecedeu a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro, aos 164 mil naquele encerramento.

“Desde terça, os dados de emprego nos Estados Unidos, acima do esperado para novembro, já azedavam o mercado. E veio a pesquisa com Lula à frente de todos, mas também com crescimento de Flávio Bolsonaro em relação a Tarcísio, o que confunde o cenário de apostas para a eleição. Muita coisa no cenário, que traz uma dúvida maior para as próximas semanas, com realização na Bolsa e efeito perceptível no câmbio e na curva de juros, também”, diz Marcatti. “Há mais ruído do que fundamento no que tem ocorrido com relação à precificação dos ativos”, acrescenta.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta quarta-feira, 17, que o almoço com empresários em São Paulo teve como objetivo “acalmar a torcida” e reduzir a animosidade em torno de sua eventual candidatura como nome da direita ao Palácio do Planalto. “Foi mais uma conversa para mostrar que, a cada dia que passa, a candidatura é mais forte, mais viável, e que será vitoriosa”, disse Flávio. “Para acalmar todos aqui com relação a essa torcida por parte de alguns, de querer causar animosidade entre (Jair) Bolsonaro, Tarcísio e outros partidos, como União Brasil, Progressistas, PSD, Republicanos.”

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