Após ter avançado em quatro das cinco sessões anteriores, e sustentado em fechamento o nível dos 160 mil pontos nas duas últimas da série, o Ibovespa tocou a linha dos 161 mil logo na abertura desta penúltima sessão do ano, parecendo então em busca do terceiro ganho consecutivo – o que colocaria o avanço acumulado em 2026 em torno de 34%, consolidando até aqui o melhor desempenho para o índice da B3 desde 2016 (38,9%), há nove anos.
Logo na abertura, o Ibovespa contou com bom apoio de Petrobras, com ambas as ações da estatal mostrando alta pouco acima de 1% na sessão, positiva também para outro carro-chefe das commodities, Vale ON, que avançava então cerca de 0,5%. Os bancos, por outro lado, cedem terreno, à exceção na abertura de Itaú PN, principal papel do setor, em alta então em torno de 0,4%. Na virada da manhã para tarde, Bradesco PN (+0,05%) também esboçava leve reação.
Com o petróleo em alta de mais de 2% em Londres e Nova York, o setor de energia era o destaque na B3 na abertura, com Prio e PetroReconcavo na ponta ganhadora do Ibovespa, pouco à frente então de Petrobras. No início da tarde, contudo, CVC (+2,90%), Brava (+2,38%) e Hapvida (+1,92%) passavam a liderar o dia. No lado oposto, Cyrela (-1,89%), Direcional (-1,71%) e Metalúrgica Gerdau (-1,64%).
Apesar do início promissor, ainda na abertura o índice da B3 oscilou para o campo negativo, com perda de força em Petrobras e Itaú, e depois também em Vale, mas ainda sustentando a marca dos 160 mil, tocando na mínima do dia os 160.160,43 pontos. O índice passou a ser pressionado por oscilação para baixo em Vale ON, a principal ação do Ibovespa, papel que oscilou perto de -1,5% na mínima, uma variação forte que o colocou em leilão. Após terem entrado em leilão, as ações da mineradora chegaram a operar perto da estabilidade, ainda com sinal negativo. Às 12h08, seguiam em baixa perto de 1% na sessão.
“Daqui até o fechamento do ano, é improvável que se tome mais risco, de forma que os pregões tendem a ser mais mornos, claro, na ausência de notícias excepcionais”, aponta Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora. Às 12h08, o Ibovespa seguia em baixa de 0,38%, aos 160.287,37 pontos.
Um dos pontos sob escrutínio do mercado é a acareação determinada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), entre Daniel Vorcaro, do Banco Master, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, que ocorrerá amanhã. Após a liquidação do Master pelo BC, o temor é de que o envolvimento direto do STF em uma questão técnica atinente à autoridade monetária possa resultar, de alguma forma, em reversão favorável a uma instituição financeira considerada insolvente e não recuperável.
O Boletim Focus desta manhã trouxe novas reduções nas projeções de mercado para a inflação oficial, pelo IPCA. A mediana para o IPCA de 2025 caiu de 4,33% para 4,32%, a sétima baixa seguida. A taxa está 0,18 ponto porcentual abaixo do teto da meta, de 4,50%. Há um mês, era de 4,43%. Considerando apenas as 111 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a projeção passou de 4,32% para 4,31%.
A estimativa para o IPCA de 2026 caiu de 4,06% para 4,05%, a sexta baixa consecutiva. Há um mês, era de 4,17%. Considerando apenas as 110 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana recuou de 4,07% para 4,06%. O Banco Central espera que o IPCA some 4,4% em 2025 e 3,5% em 2026, conforme o último ciclo de comunicações do Comitê de Política Monetária (Copom).
Em outro destaque da agenda macro nesta abertura da última semana de 2025, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou ligeira queda de 0,01% em dezembro, após ter subido 0,27% em novembro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). A variação ficou abaixo do intervalo das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,04% a 0,30% para o mês, com mediana de 0,17%.
Dessa forma, o IGP-M encerrou 2025 com uma queda acumulada de 1,05%, menor taxa desde 2023, quando houve queda de 3,18%. Em 2024, o índice acumulou alta de 6,54%.
“Os indicadores macro continuam ajudando. A inflação segue relativamente comportada, o que mantém o espaço para um possível início do ciclo de cortes da Selic”, diz Bruno Corano, CEO da Corano Capital. “A atividade econômica surpreendeu positivamente ao longo do ano, com consumo e serviços mais resilientes do que se imaginava. O dólar também ficou mais estável em boa parte do ano, o que ajudou bastante o mercado acionário”, acrescenta.