14 de julho de 2025

Juros: mercado relativiza ataque do Irã a bases dos EUA e taxas têm viés de baixa


Por Agência Estado Publicado 23/06/2025 às 18h04
Ouvir: 04:07

Apesar do aumento das tensões no Oriente Médio, os juros futuros de médio e longo prazo fecharam com viés de baixa. O impacto da aversão ao risco sobre a curva foi minimizado pela valorização do câmbio e pelo forte recuo nos preços do petróleo. Já as taxas curtas pouco se movimentaram, sem espaço para devolver prêmios em função da mensagem vista como conservadora do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve ser reforçada na ata da reunião que sai amanhã.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,955%, de 14,958% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 14,27% para 14,25%. O DI para janeiro de 2028 terminou com taxa de 13,53% (13,55% no ajuste anterior) e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 13,37%, de 13,40%.

O ataque dos EUA a instalações nucleares do Irã no fim de semana trazia um prognóstico sombrio para a sessão de hoje, com o mercado na expectativa sobre qual seria a reação de Teerã. Além de ameaçar com o fechamento do estreito de Ormuz, o Irã respondeu ao ataque com lançamento de mísseis contra bases americanas no Catar e no Iraque, o que trouxe volatilidade aos ativos locais no começo da tarde, levando os preços do petróleo a inverter o sinal de baixa.

Posteriormente, as cotações voltaram a cair, de maneira firme, com a informação de que o governo iraniano avisou ao Catar com antecedência sobre os seus planos, num revide apenas simbólico ao ataque americano. A avaliação dos especialistas é de que se tratou de um ataque calculado para reduzir possibilidade de danos. Além disso, as infraestruturas da cadeia do petróleo não foram afetadas.

“O que está efetivamente subindo hoje é o ouro. O resto acabou passando por um processo de descompressão bem forte e, consequentemente, isso acabou atingindo a nossa curva de DI, principalmente nesses vértices mais longos, que estão mais ligados à questão internacional”, explica o economista da CM Capital Matheus Pizzani, lembrando que a aversão ao risco que puxou para baixo a taxa da T-Note de dez anos pode estar também misturada a outros elementos, como o risco de desaceleração econômica global. “O próprio dólar já estava perdendo força frente a moedas desenvolvidas e emergentes”, completou.

Na ponta curta, a dinâmica foi contida pela expectativa em relação à ata do Copom e aos demais indicadores econômicos reservados para os próximos dias, uma vez também que as medianas de inflação na pesquisa Focus tiveram ajustes marginais. Para o economista Vladimir Caramaschi, da consultoria +Ideas, a ata do Copom amanhã deve corroborar o tom mais “hawkish” adotado no comunicado. “Embora a ‘ameaça’ de novas altas seja relativamente pouco crível, dado o nível atual da taxa e os sinais de desaceleração da atividade, o tom deverá reforçar a ideia de que a taxa será mantida por um longo período, para tentar evitar que o mercado comece a antecipar demais o início do ciclo de baixa”, avalia.

Na quarta-feira (26), sai o IPCA-15 de junho que, caso traga novamente uma surpresa para baixo, é pouco provável que o Copom tenha sucesso em segurar as taxas longas apenas na base da retórica, completa Caramaschi.

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