O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu ao ministro das Cidades, Jader Filho, a elaboração de um programa para a construção de banheiros no País. Lula já se adiantou a possíveis apontamentos do Ministério da Fazenda e disse que a construção dos banheiros “não é gasto”, mas “decência e respeito”. Ele disse que, para atender seu pedido, será preciso a contratação de um sistema especializado em fazer banheiro.
“Eu morei em uma casa em que moravam 27 pessoas. Era uma casa que tinha um banheiro só, não tinha descarga, não tinha chuveiro. Eu sei o que é uma pessoa ter um banheiro, banheiro é a coisa mais simples. E como pode ter 4 milhões de pessoas sem banheiro? Eu falei para o Jader Filho, ministro das Cidades: pode preparar um programa, porque nós vamos fazer os banheiros que as pessoas precisam”, disse, durante fala de abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic) nesta terça-feira, 26, em Brasília.
“Depois não venha a Fazenda falar: ‘isso é gasto’. Não venha dizer, porque isso não é gasto, é decência, é respeito. Eu vi na televisão as pessoas indo para o mato, sem lugar para tomar banho”, acrescentou Lula.
Na plateia, estava presente o Secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello.
MCMV
Na fala, o presidente também comentou sobre as casas do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e disse que há um projeto de 3 mil casas do programa em um determinado Estado – que não especificou – que precisará passar por uma reformulação. “Não é possível fazer 3 mil casas sem ter acesso a cultura, senão fica uma balbúrdia”, comentou. “Tem que chamar os empresários, a Caixa, o governador e rediscutir esse projeto. Temos que fazer as coisas decentes.”
Segundo ele, o governo pode ser o indutor, “mas o construtor é quem sabe construir”. “Se não fosse a compreensão empresarial, não teríamos o sucesso que temos no Minha Casa, Minha Vida.”
De acordo com o presidente, “não faltará crédito para se fazer casas nesse País”.
No discurso, Lula voltou a criticar o denuncismo no Brasil e disse ser um “verdadeiro inferno” fazer as coisas andarem. “Tem toda uma burocracia, mesmo no meio empresarial, para vencer barreiras, para fazer canteiro, para fazer licenciamento”, disse.
E acrescentou: “Eu digo sempre que a gente tem uma pessoa para tentar fazer um projeto e dez pessoas para dizer que não vai dar certo. Uma coisa muito grave é como o denuncismo nesse País, mesmo entre os empresários, porque quando você tem uma licitação, o primeiro empresário que entra com processo nessa licitação é o que perdeu.”