09 de junho de 2025

Nilton: Questão é saber quais serão os efeitos de primeira e segunda ordem das tarifas de Trump


Por Agência Estado Publicado 21/05/2025 às 19h54
Ouvir: 04:06

O diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, disse nesta quarta-feira, 21, que é preciso saber compreender quais são os efeitos de primeira ordem, e quais os de segunda ou terceira ordem, da guerra tarifária desencadeada pelos Estados Unidos.

Durante participação no 3º Seminário MacroLab de Conjuntura, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, David pontuou que não cabe ao Banco Central tentar “adivinhar” esse futuro, ou seja, quais serão os efeitos de segunda ou terceira ordem dessa guerra tarifária.

“Acho que não cabe ao Banco Central, imaginar o que vai acontecer ou não. É óbvio que a gente faz a varredura das possibilidades, que são muitas, quase infinitas, mas o importante é a gente manter a consciência de que a incerteza segue aí”, disse.

David reconheceu que um certo “armistício” recente na guerra tarifária dos EUA com a China até pode ter se refletido positivamente sobre alguns ativos, mas que o principal é que a incerteza segue elevada.

“Apesar de os ativos terem retornado um pouco daquele estresse inicial, aquilo que foi inicialmente pensado pelo governo do presidente Donald Trump – o que ele quer, para onde ele vai – está em aberto”, destacou o diretor do BC.

Política fiscal

O diretor de política monetária do Banco Central disse que a política fiscal não pode ser considerada um vetor de “entupimento” para os canais de transmissão da política monetária.

“O fiscal não seria um canal de transmissão da política monetária. O fiscal, se há uma expansão fiscal, obviamente há uma expansão na atividade, isso é um vento de proa para quem está tentando diminuir o nível de atividade ou pelo menos diminuir a aceleração da atividade. Mas isso não tem a ver com o canal, tem a ver simplesmente com expansão e contração”, explicou o diretor do BC, durante participação no 3º Seminário MacroLab de Conjuntura, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo.

Segundo ele, a política fiscal é considerada um “dado de entrada” para o BC fazer suas projeções e não cabe à autoridade monetária traçar possíveis cenários como reflexo de determinadas políticas. “Não compete ao Banco Central definir o que vai ser ou o que não vai ser. Ele é um ponto. A gente assume e coloca os nossos modelos. Não assumimos o que sai do noticiário, ou o que pode acontecer, isso não entra no nosso modelo”, reforçou.

Ao detalhar o que o BC avalia como canais de “entupimento” para a política monetária, Nilton pontuou que se tratam de canais que estão pouco sensíveis ao nível do juro. “Um exemplo é o cheque especial, que tem um tamanho de spread tão grande que se a gente sobe 200 ou 300 vezes a Selic, vai ser irrelevante para o tomador do crédito”, detalhou. “Se há investimentos que te dão benefício quando você sobe os juros, também é um canal entupido”, acrescentou o diretor do BC.

Nesse contexto, Davi considerou que a nova modalidade de crédito consignado privado, na verdade, ajuda a “desentupir” os canais de transmissão da política monetária. “Porque ele o consignado está fechando o spread esperado para o tomador. Então, esse tomador, à medida que fica mais próximo da Selic, deveria ficar mais sensível à Selic”, afirmou Nilton.

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