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23 de novembro de 2024

‘Até Que a Música Pare’ produz emoção suave e sincera


Por Agência Estado Publicado 14/08/2024 às 07h01
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Foto: Divulgação/Pandora Filmes

Os longas da Mostra Gaúcha do Festival de Gramado são apresentados às 14 horas no Palácio dos Festivais, tradicionalmente em sessões muito quentes, com grande afluxo de público local. O primeiro concorrente, Até Que a Música Pare, de Cristiane Oliveira, foi recebido com entusiasmo pelo público na segunda, 12. É um filme invulgar, em parte falado em “talian”, mescla de italiano e português, herança dos imigrantes italianos do Vêneto, que vieram em grandes levas para o Rio Grande do Sul nos séculos 19 e 20.

Chiara (Cibele Tedesco) é a matriarca de origem italiana que passa a acompanhar o marido em suas vendas pela serra gaúcha. A relação é lacônica e, aos poucos, descobrimos que existe um trauma a atormentar a vida do casal. Tudo é exposto em camadas, que se vão desvendando aos poucos, sem pressa, num filme de cadência suave e lenta, muito envolvente.

Uma alteração no cotidiano é a chegada de uma sobrinha que se casou na Itália com um rapaz versado na crença sobre a reencarnação. Pode ser que um ente querido morto volte na forma de um animal? Mesmo num porco, ou numa tartaruguinha? Tal ideia começa a obcecar Chiara e o marido.

Enfim, é a história de um trauma familiar contado com muita delicadeza, traços de humor e certo laconismo, típico desses descendentes de imigrantes, que deram um tremendo duro para ganhar a vida e continuam a trabalhar mesmo quando já deveriam estar aposentados.

O longa foi filmado em municípios gaúchos como Antônio Prado, Nova Roma do Sul, Nova Bassano e Veranópolis. O apuro visual na captação de imagens dessa bela região é outro elemento digno de nota, discreto, sem qualquer esteticismo.

Até Que a Música Pare é um filme comovente; produz aquele tipo de emoção suave e sincera, como quase não se usa mais no cinema, e no audiovisual de maneira genérica. Quase démodé numa época em que dominam a histeria e a tendência a tudo demonstrar, como se o espectador fosse burro ou insensível para detectar nuances.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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