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02 de julho de 2024

Desde 1947: conheça a história da lanchonete mais antiga de Maringá


Por Redação GMC Online Publicado 16/07/2023 às 13h19
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Embora com modificações, o prédio segue preservando parte de sua fachada original. A imagem é de 1957. Foto: Acervo/Maringá Histórica.

Em maio de 1947, a Companhia de Terras Norte do Paraná havia lançado o novo projeto urbano de Maringá. Localizado a leste do núcleo inicial, a cidade passou a ser apresentada com um traçado moderno em uma área mais plana que ficaria conhecida como Maringá Novo. Mesmo assim, o Maringá Velho ainda resistiria por certo tempo, não só com estabelecimentos que seguiriam em atividade, como também com outros que abririam as portas. A concentração de comércio se manteria naquela região, embora não por muito tempo.

Nesse contexto é fundada a Padaria e Confeitaria Arco-Íris, a mais antiga de Maringá, cuja história tem início no Maringá velho e foi inaugurada em 1º de novembro de 1947.

Ocupando um prédio de madeira com três portas e uma janela, o empreendimento foi administrado pelo casal Maria e Ernesto Paiva. A família Paiva era benquista pela comunidade, tanto é que muitas personalidades de relevância para a história local estiveram presentes na solenidade que marcou o início das atividades de seu comércio. Algumas dessas pessoas foram Geoffrey Wilde Diment, Walter Kreiser, Arlindo Marquezine, o casal Mafalda e Nivaldo Gandra, o Padre Emil Clement Scherer, Silvia Nyffeler, além de Rosa e Ângelo Planas.

Entretanto, o estabelecimento dos Paiva não permaneceria por muito tempo no Maringá velho. Com a venda de lotes pelo Maringá Novo, cada vez mais habitantes chegavam nessa outra região da cidade. Em 1950, quase 39 mil pessoas já estavam instaladas por lá. Embora uma boa parte ainda residisse na zona rural, a parcela significativamente restante estava distribuída pelo Maringá Novo. Logo, era de se esperar que alguns comércios migrassem para onde estava ocorrendo o desenvolvimento mais acelerado e consequentemente circulando mais pessoas.

Para um estabelecimento do ramo gastronômico essa decisão era natural e necessária. Foi dessa forma que uma nova área foi escolhida pela família Paiva para seguir com seu empreendimento. O local? uma das regiões mais valorizadas de Maringá: a Avenida Brasil esquina com a então rua General Câmara (atual Basílio Sautchuk).

O local foi selecionado por um conjunto de fatores. Dentre eles e talvez o mais relevante é que bem em frente ao terreno ficava a então Praça da Rodoviária, atual praça Napoleão Moreira da Silva. Como o próprio nome já dizia, era ali que funcionava a estação rodoviária da Cidade. Tendo iniciado as atividades logo que a companhia de terras começou as vendas de lotes, a pequena estrutura construída para essa finalidade receberia melhorias para atender o grande número de ônibus e passageiros que chegavam e partiam todos os dias. Logo, abrir uma padaria nessas imediações seria uma grande estratégia para atrair novos clientes com frequência, além de atender os habituais que se tornariam recorrentes com o passar dos anos.

Além disso, é bom lembrar que a Avenida Brasil durante décadas funcionou como a principal via rodoviária para o cruzamento pela cidade no eixo Leste Oeste. Não à toa, muitos postos de combustíveis se instalaram ao longo de seu percurso, ou seja, além da estação rodoviária, a Arco-Íris ainda esteve instalada na principal artéria comercial de Maringá, o que assegurou a sua longevidade. Mas não era apenas no ramo de panificação que o estabelecimento atuava. Pingados, lanches e salgados eram itens importantes no cardápio, mas o comércio também servia como confeitaria, com pedidos sob encomenda que buscavam atender eventos e, claro, festas de aniversários com bolos e doces.

Ernesto Paiva, fundador, merece ser lembrado na história de Maringá. Ele foi um dos que auxiliou na construção da Capela Santa Cruz, a primeira construída em zona urbana e que foi inaugurada em 1947. Além da panificadora e confeitaria, também foi corretor da Companhia de Terras Norte do Paraná. Segundo registrou o jornalista Luiz de Carvalho, logo que Paiva chegou já chamou a atenção. Então com 21 anos, veio dirigindo um Chevrolet. O jovem havia vindo visitar o pai, Oscar de Paiva, que estava abrindo uma fazenda na estrada Guaiapó para um plantador de café de São Paulo. Mas quando Ernesto se preparava para voltar para São Paulo ficou sabendo que a filha do dono de um hotel ia se casar e, como desde menino trabalhava em padaria se ofereceu para fazer uns docinhos. Contudo, acabou fazendo mais: o bolo da noiva. Com isso, os moradores da jovem Maringá já não o deixaram ir embora.

Passados os anos e já tendo se transferido para o Maringá Novo, Ernesto Paiva mudou de ramo. Foi quando negociou o seu imóvel na Avenida Brasil esquina com a Sautchuk com Hilário Alves, proprietário do Hotel Indaiá, em troca de algumas dezenas de alqueires na região. Paiva então se tornou produtor rural. Por essa razão a Panificadora Arco-Íris foi administrada por décadas pelo casal Modesta e Hilário Alves, personagens cativos daquele estabelecimento. Ernesto Paiva faleceu em maio de 2015, aos 92 anos.

A atual Lanches Arco-íris

Coordenada atualmente por Ismael Salim, o local teve uma pequena mudança de nome e hoje se chama Lanches Arco-íris. Embora tenha tido algumas modificações o prédio se mantém parcialmente preservado. Segundo ele, o nome foi mantido por se tratar de uma padaria antiga e de tradição na cidade. “E aí a gente usou o nome que já era do pessoal antigo. Tem muitas histórias. O pessoal vem aqui e diz ‘ah eu comprei o bolo do meu casamento’, outro que diz ‘ah eu conheci meu marido antigo’, então tem umas histórias legais. Aqui era Padaria Arco-íris, hoje colocamos o nome Lanches Arco-íris”, diz.

No dia 1º de novembro de 1947 a Padaria e Confeitaria Arco-Íris foi inaugurada. Na foto: Dr. Diment, Sr. Walter Kreiser, Sr. Arlindo Marquezine, Dr. Nivaldo Gandra, Sra. Mafalda Gandra, Sra. Maria Fernandes, Sr. Ernesto de Paiva, Padre Emílio Scherer, Sra. Silvia Nyffeler, Sra. Rosa Planas, Sr. Ângelo Planas, Sra. Petena, Sra. Maria A. Paiava e sua filha. Foto: Acervo/Maringá Histórica.

Com informações do Maringá Histórica.

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