Depois de seis meses de imersão, morando em Madri em 2021, Bruno Gagliasso estreia na Netflix nesta sexta-feira, 16, com o personagem “mais visceral” de sua vida. O ator protagoniza Santo, o primeiro projeto espanhol entre Brasil e Espanha da plataforma.
Criada por Carlos López, com direção de Gonzalo López-Gallego e do brasileiro Vicente Amorim, a série traz a história de Santo, um traficante misterioso, nunca visto por ninguém. Segundo Vicente, 75% das filmagens foram feitas em Madri e 25% em Salvador.
Os dois policiais que procuram o criminoso, Cardona (Bruno Gagliasso) e Millán (Raúl Arévalo), inicialmente se opõem, mas passam a colaborar e a se entender para resolver o caso e permanecerem vivos.
“Tenho certeza que essa foi a preparação mais visceral da minha vida. Não só por causa do personagem, mas também por ter ficado em outro país e eu e o Vicente sermos os únicos brasileiros. Tive que acessar lugares muito profundos, tive que acessar meu inferno e encontrar meus demônios para poder fazer o Cardona”, afirma Bruno.
Em entrevista ao Estadão, o ator e o diretor relataram que o mais desafiador do processo foi essa imersão solitária, em terras estrangeiras. “Foi difícil encontrar o equilíbrio para dar o tom certo nos personagens em meio a uma certa solidão. Apesar de a equipe e todos os produtores serem incríveis, estávamos na Espanha, na pandemia, eu e o Bruno éramos os únicos brasileiros”, explica Vicente.
Inicialmente, devido à covid-19, algumas preparações do elenco foram realizadas de maneira remota. Tanto neste momento, quanto posteriormente, nas gravações, Bruno explica que precisa se conectar com seus personagens através da identificação e atribui o apoio de Vicente e todo trabalho dos colegas de elenco e produção à força do protagonista.
“Eu busco essa verdade que vem de dentro, esse é o meu processo e tive que encontrar meus demônios para ser o Cardona. Foi muito importante para mim saber que eu estava seguro para mergulhar no buraco do penhasco, porque eu sabia que teria uma mão para me tirar dele quando fosse necessário. Essa mão é o cuidado do diretor, essa força conjunta”, afirma.
Gagliasso explica que, para além dos “demônios”, ele se identifica com a força, ímpeto e determinação de seu personagem. Segundo Vicente, essa intensidade dos protagonistas Cardona e Millán se deve ao fato de que a trama gira muito mais em torno deles do que o narcotráfico.
O diretor explica que essa temática funciona como “um ponto de partida para entender o inferno pessoal desses personagens”. “Eles são os dois jogos da moeda. O personagem do Bruno é um homem que a gente quer ser, nos levando nessa viagem em que (possivelmente) a gente se identifica com o Raul como aquele homem que nós, de fato, somos, com contradições. A série é muito mais sobre isso do que narcotráfico”.
Vicente explica que as culturas de Salvador e Madri se entrelaçam na obra: “Quem assiste, acha que foi gravado 50% no Brasil e 50% na Espanha, mas não. A série se passa 75% na Espanha, mas o Brasil é tão poderoso visualmente, socialmente e personagens brasileiros são tão fortes, que causa essa impressão”.
“Tivemos o cuidado de não retratar Salvador de maneira estereotipada”, reitera o diretor. Sobre a novidade de ser a primeira produção espanhola que também se passa no Brasil, Bruno atribui isso a um “intercâmbio cultural”.
“O que me chamou atenção não foi por ser internacional, mas sim como o Brasil estava sendo retratado. Eu fui fazer algo internacional, mas interpretando um brasileiro. O mais legal é que não estou falando em espanhol ou inglês. Estou contando, em português, uma história que também se passa no Brasil”, comemora.
Santo ainda conta com Victoria Guerra e Greta Fernández no elenco e com a produção de Nostromo Pictures. Confira o trailer: