13 de maio de 2025

Relembre: Nos anos 1990, ‘Você Decide’ foi transmitido ao vivo de Maringá; VÍDEO


Por Lethícia Conegero e Agência Estado Publicado 24/08/2020 às 10h14 Atualizado 25/02/2023 às 07h01
Ouvir: 08:32

O “Você Decide” fez sucesso na Globo na década de 1990 ao trazer dilemas entre ‘certo’ e ‘errado’. O programa dava aos telespectadores a possibilidade de votar, via ligação telefônica, para definir os rumos dos episódios – cada um com uma história diferente. Uma das edições foi transmitida ao vivo de Maringá, e reuniu milhares de pessoas na Praça da Catedral. O tema era a adoção de uma criança por um casal homoafetivo, Flávio e Cláudio.

Sandro Dalpícolo era o repórter em Maringá. Durante a transmissão ao vivo, ele pergunta a opinião de três pessoas que estavam na praça, sendo que duas se mostraram a favor e uma contra. Após a votação por telefone, o programa decidia o final do episódio. O repórter Francisco José também participa da mesma edição, com transmissão ao vivo de Recife (PE). Assista o vídeo:

“Você Decide”

A estreia do “Você Decide” foi ao ar em 8 de abril de 1992, e o último episódio foi exibido em 17 de agosto de 2000. No episódio de estreia, Em Nome do Filho, um delegado vivido por Otávio Augusto investigava as imagens de um assalto quando se depara com um bandido mascarado, com traços familiares e usando uma roupa igual à de seu filho. O público devia decidir se o policial deveria prender ou não uma pessoa tão próxima e amada. Ao longo da exibição, elementos deixavam quem assistia o programa com mais certezas ou dúvidas sobre o que estava acontecendo. Também havia conversa ao vivo com o público em cidades brasileiras.

Ao fim do programa, uma surpresa: o filho do personagem era inocente – sua irmã era a real assaltante. A pedido do público, que votou 4.012 vezes na opção “sim” e 2.008 em “não”, o delegado a mandou para a prisão.

Na estreia, o apresentador Antonio Fagundes explicou: “O mundo está cheio de histórias. Histórias reais, histórias imaginadas… Mas existem algumas histórias especialmente polêmicas, onde fica difícil separar entre o correto e o errado. Entre o belo e o maldito. É dessas histórias que trata o nosso programa. Histórias sempre contadas no limite entre o certo e o incerto. No final, você decide”.

Episódio polêmico gerou críticas de ministro

O episódio Achados e Perdidos, protagonizado por Diogo Vilela, o publicitário Edu, chamou atenção à época em que foi exibido por gerar críticas por parte de políticos ao seu desfecho.

O pai de família desempregado viajava a São Paulo em busca de emprego. No avião, um passageiro pede que o personagem segure sua mala quando começa a passar mal, mas acaba morrendo. Dentro dela, havia 100 mil dólares. E mais: o valor iria para um orfanato.

Ao longo do episódio, o ponto de vista do protagonista vai mudando. Ao descobrir que o dinheiro ajudaria crianças carentes, vai conhecer o orfanato, onde é destratado por um dos garotos. “Tô dividido. Não sei se sou um otário que ainda fica pensando em devolver esse dinheiro ou se sou aquele malandro esperto que está afim de se dar bem com um dinheiro que não é seu”, reflete

Em determinado ponto, Edu leva a mala de dinheiro, disposto a entregá-la a Perla, principal mantenedora da casa. Chegando lá, descobre que ela é esposa de um banqueiro muito rico e mora em uma mansão de luxo. Com isso, desiste novamente de entregar o dinheiro.

Por 39.635 a 19.604 votos, o público optou por fazer o personagem ficar com o dinheiro, afinal, estava desempregado, cheio de dívidas e tinha uma família para sustentar – o valor era o equivalente a 403 milhões de cruzeiros, na ocasião. Ele se compromete, porém, a fazer uma campanha publicitária sem custos ao orfanato.

O resultado gerou críticas do então Ministro da Economia, Marcílio Marques Moreira, que atribuiu o resultado ao “espírito galhofeiro do brasileiro”: “O povo brasileiro tem uma formação moral religiosa, é trabalhador e, no fundo, rejeita a Lei de Gerson”.

Segundo o Jornal do Brasil àquele ano, “políticos de Brasília, em plena noite de votação do novo valor do salário mínimo, davam entrevistas indignadas contra a decisão popular [no episódio do Você Decide]”.

Paulo José, diretor-geral do Você Decide, rebatia as críticas: “Não se pode exigir valores de um colégio suíço a uma pessoa que tem dificuldades de comprar pão e leite. Estamos vivendo em um estado selvagem, onde as necessidades primárias prevalecem”.

Para o diretor, as escolhas do público refletiam o que o Brasil passava na época. O Plano Collor, por exemplo que gerou o confisco da poupança, ainda estava fresco na memória da população. “Vivemos sendo assaltados por emendas e medidas econômicas. Vivemos uma crise de valores e a corrupção está estampada nas altas esferas do poder”, comentava.

“O programa apenas reflete, não induz a qualquer julgamento”, concluía Paulo José.

Final alternativo

Em 2013, o programa Na Moral, de Pedro Bial, refez a enquete, com resultado diferente: na nova tentativa, 63% do público optou por devolver a mala de dinheiro. O final alternativo foi exibido

“Eu não queria devolver sem antes ter certeza de que o dinheiro seria bem usado. Com a dificuldade que estou passando, você não imagina para mim como foi difícil resistir à tentação de não devolver”, diz o personagem na cena derradeira.

Antonio Fagundes, que foi apresentador do programa por cerca de um ano, esteve presente no Na Moral na ocasião. Além dele, outros nomes passaram pelo comando da do Você Decide, como Luciano Szafir, Celso Freitas e Tony Ramos.

Outras histórias

No programa de 22 de julho de 1992, o episódio Prova Final trouxe uma mãe que poderia roubar um gabarito com as respostas de provas para que seu filho não perdesse uma bolsa de estudos. 66.660 pessoas votaram para que ela cometesse a desonestidade.

Na ocasião, porém, ela acabava confessando para a diretora sobre o roubo.”Essa solução dramatúrgica, na verdade, é a realidade de uma mulher honesta que, apesar de ter cometido um deslize, não consegue ir até o final”, explicava o diretor-geral Paulo José.

Entre outras questões nos episódios de Você Decide, estavam um padre que precisava decidir se denunciava um assassinato relatado no confessionário (sim, deveria denunciar), uma mulher que decidia se denunciava um estupro que sofreu à polícia (sim, deveria denunciar), e um homem que cogitava roubar um banco para pagar o tratamento de saúde de sua mãe (sim, deveria roubar).

Volta

Em 2001, o programa chegou a ser reprisado na faixa do Vale a Pena Ver de Novo. Em 2016, a Globo chegou a aprovar o roteiro de um projeto para a volta do Você Decide – desta vez, contando com votações por outros meios, como a internet, não se restringindo apenas ao telefone.

“Tem a ver [com o antigo], mas é mais sofisticado, no sentido que você não só decide o fim, mas a trama, para onde ela vai”, explicava João Falcão, que seria o autor e diretor, ao Estadão. A nova versão do Você Decide, porém, acabou não sendo lançada.

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