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16 de julho de 2024

Atleta com deficiência é campeã no wrestling convencional em Maringá


Por Brenda Caramaschi/CBN Maringá Publicado 18/07/2023 às 12h39
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A atleta Eduarda Goes Guardiano, a Duda, de 12 anos, foi campeã dos Jogos Escolares do Paraná (JEPs), na modalidade Wrestling – categoria feminino até 39 kg, no último final de semana. A notícia não seria tão surpreendente se ela não fosse uma pessoa com deficiência competindo na categoria convencional.

Foto: SEES

Os jogos começaram na última sexta-feira, 14, e já tem atleta fazendo história. Um dos destaques desta edição dos Jogos Escolares que ocorrem em Maringá foi Eduarda Goes Guardiano, a Duda, de 12 anos, campeã da modalidade wrestling na categoria feminino até 39 kg. O wrestling também é conhecido como luta olímpica. Nela, os competidores se seguram pelos ombros com o objetivo de jogar o oponente no chão, o que exige força e equilíbrio. Duda nasceu sem a perna esquerda, mas mesmo com a deficiência física, venceu na categoria convencional.

Com a conquista, a atleta, que levantou o público presente em Maringá, vai representar o Paraná na etapa nacional dos Jogos da Juventude, em Ribeirão Preto (SP), em setembro. O sentimento de Eduarda agora é a ansiedade.

“Tô muito ansiosa e eu realmente não esperava que eu ia ganhar. Eu treino a muito pouco tempo, mas agora eu vou começar a treinar um pouco mais pra ir nesse aí também (na etapa nacional) e vencer, se Deus quiser. Tô muito ansiosa, vou viajar de novo e espero ganhar”, disse Eduarda.

Duda começou a prática esportiva com o jiu-jitsu, competindo tanto no convencional quanto no parajiu-jitsu. Este ano, ingressou na competição de wrestling, após completar 12 anos, que é a idade mínima para participar da modalidade no Paraná. A atleta é de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e competiu pelo Colégio Estadual Ipê. Esta foi a primeira edição dos Jogos Escolares em que participou, e já conseguiu a vitória, surpreendendo até mesmo o treinador Rafael Augusto.

“Foi bem emocionante, porque, além de tudo, ela conseguiu ganhar a luta no finalzinho, ela estava perdendo e conseguiu reverter no final da luta. Surpreendeu todo mundo, a mim e a quem estava presente no ginásio. Só que o wrestling é uma luta de queda, de um derrubar o outro, e pelo fato dela não possuir um dos membros inferiores a gente não tinha tanta confiança que ela fosse se dar bem, porque ela tem muita falta de equilíbrio. Mas mesmo assim ela conseguiu contornar, se adaptar ao wrestling e conseguiu se sair bem no campeonato”, contou o treinador de Eduarda, Rafael Augusto.

A mãe de Eduarda, Cristiane, viu a vitória da filha por um vídeo enviado pelo treinador e se emocionou.

“A gente ficou fascinado, se surpreendeu mais ainda de ver ela. Foi muita emoção sim, na hora a gente chorou quando ele mandou o vídeo. A gente tentou uma chamada de vídeo pra poder assistir, mas a internet estava ruim. Quando vimos eu e o pai se acabamos de chorar. Todas as vezes que a Eduarda sobe no tatame a gente se emociona, porque cada subida dela é uma vitória. Ela se superou mais ainda. E pra ela, que é deficiente física, o esporte também entrou na vida dela num momento que estava muito difícil, muito complicado. Ela estava tendo muita aceitação com a própria existência dela. Então quando o esporte entrou pra vida dela, digamos assim que salvou ela, ergueu ela pra cima, a autoestima da Eduarda mudou muito. Ela tinha vergonha dela e das pessoas, então o esporte pra ela foi tudo”, disse a mãe de Eduarda, Cristiane.

Eduarda começou a treinar jiu-jitsu aos 7 anos, com o próprio professor Rafael. Ela já foi campeã paranaense na categoria convencional, com esta mesma idade, e bicampeã brasileira no parajiu-jitsu, aos 9 e aos 10 anos, além de vice-campeã no ano passado. Mesmo com esse histórico, o resultado no wrestling surpreendeu por ser uma luta de queda, onde a exigência de equilíbrio é extrema. Segundo a coordenadora dos Jogos Escolares, Márcia Tomadon, a vitória de Duda foi uma das muitas surpresas que prometem marcar os Jogos Escolares do Paraná.

“Numa competição de mais de 6 mil participantes, nós teremos sempre grandes novidades acontecendo aqui, porque o Paraná é referência no esporte escolar do Brasil. A gente tem quebra de recordes, atletas destaques, que estão sendo monitorados para as olimpíadas. O Paraná é um celeiro de atletas de diversas modalidades, na ginástica rítmica, na natação, no atletismo e essas atletas todos passam pelos Jogos Escolares do Paraná e são vistos por grandes clubes e podem acabar até vivendo do esporte. A Duda é uma surpresa até pra mim, porque nós não temos a modalidade de wrestling para deficiente físico, mas ela sendo deficiente física se inscreveu numa competição para os alunos regulares. Pra mim foi uma novidade muito intrigante, um fato inusitado, pois a modalidade da luta exige sustentação nas duas pernas e a Duda, com uma perna só, consegue se manter de pé, forte né? E foi campeã, além disso vai representar o Paraná na etapa nacional”, disse Márcia.

As disputas da fase final dos jogos seguem em Maringá até o próximo sábado. São disputadas as modalidades de futsal, handebol, basquete, basquete em cadeiras de roda, vôlei, badminton, ginástica rítmica, goalball, judô, taekwondo, tênis de mesa, wrestling, natação, skate, vôlei de praia, xadrez, ciclismo e atletismo. Ao todo, são mais de 6 mil participantes. E as lições que o esporte ensina vão muito além do pódio. A campeã do wrestling, que sonha em ir para as olimpíadas, conta o principal segredo para quem quer vencer algum obstáculo, mas acha que as dificuldades podem impedir. Se nem a falta de uma das pernas impede o equilíbrio e a força de Duda, não há o que possa impedir uma vitória para quem tem coragem.

“Confie no seu potencial, se você não confiar em você mesmo, você não vai conseguir. Muita gente acha que só por que tem uma limitação não consegue fazer as coisas, mas se você não tentar você não consegue mesmo”, concluiu Eduarda.
Vídeo da luta – Créditos: Rafael Augusto/Treinador

Veja outras matérias na CBN Maringá.

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