Boxeadora argelina vê ouro como ‘resposta’ e apela por fim dos ataques de gênero


Por Agência Estado
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Foto: Reprodução/Instagram/@imane_khelif_10

Imane Khelif, boxeadora argelina vítima de ataques de gênero, quer conquistar a medalha de ouro na Olimpíada de Paris-2024 como “resposta” aos ataques sofridos ao longo da última semana. Além disso, às vésperas da semifinal contra a tailandesa Janjaem Suwannapheng, a atleta clama pelo fim dos ataques virtuais no esporte. “Afeta a dignidade humana”, afirma. Ela já garantiu, ao menos, a medalha de bronze.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press no domingo, ela comentou sobre os ataques que recebeu nos últimos dias, especialmente na internet. Em 2023, a lutadora não passou em um teste de gênero – por ter níveis elevados de testosterona – para competir no Mundial da modalidade e foi desqualificada. O valor e a qualidade dos testes foram questionados pelo próprio Comitê Olímpico Internacional (COI).

“Envio uma mensagem a todas as pessoas do mundo para defenderem os princípios olímpicos e a Carta Olímpica, para se absterem de intimidar os atletas, porque isso tem efeitos, efeitos enormes”, disse Imane. “Isso pode destruir pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas. Isso pode dividir as pessoas. E por causa disso, peço-lhes que evitem o bullying.”

Na última semana, as polêmicas em relação a seu gênero aumentaram após a curta luta com a italiana Angela Carini, no qual a adversária abandonou o confronto ainda no primeiro assalto. Ela afirmou, posteriormente, que nunca havia “sofrido golpes tão fortes”. Na internet, a situação se somou aos ataques de gênero.

“Estou em contato com minha família dois dias por semana. Espero que eles não tenham sido profundamente afetados”, disse ela. “Eles estão preocupados comigo. Se Deus quiser, esta crise culminará numa medalha de ouro, e essa seria a melhor resposta”. Antes das quartas de final, a húngara Luca Hamori, que enfrentaria Imane, se juntou aos ataques, afirmando em seu perfil no TikTok que “teria lutar contra um homem”.

O COI saiu em defesa da atleta, assim como o Comitê Olímpico da Argélia. Imane está no centro da polêmica, mas não é a única afetada pela questão. Yu Ting Lin, de Taiwan, também foi desclassificada do Mundial de Boxe, em 2023, e disputa a Olimpíada de Paris. Assim como a argelina, ela garantiu ao menos a medalha de bronze em sua categoria.

“O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres”, afirmou Mark Adams, porta-voz do COI sobre o caso.

RELEMBRE O CASO

A desclassificação de Khelif foi decidida pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que o COI retirou da organização do torneio olímpico de Paris por falta de transparência. A polêmica explodiu na quinta-feira, quando Carini, primeira adversária de Kheklif, abandonou a luta aos prantos após apenas 46 segundos de combate, no qual recebeu vários golpes fortes no rosto.

As imagens da luta rapidamente se espalharam nas redes sociais com figuras do esporte, como Martina Navratilova, e políticos, desde a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, até o ex-presidente americano Donald Trump criticando a autorização do COI para a participação de Khelif.

Carini pediu desculpas à lutadora argelina após a repercussão da luta. “Toda essa controvérsia me deixa triste”, afirmou Carini ao jornal italiano Gazzetta dello Sport. “Eu também sinto muito pela minha oponente. Se o COI diz que ela pode lutar, eu respeito a decisão”.

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