Braço direito de Augusto Melo no Corinthians é afastado do cargo em meio à crise política
O Corinthians anunciou nesta quinta-feira a saída de Marcelo Mariano do cargo de diretor administrativo do clube. Ele estava na função desde o mês de janeiro de 2024, quando o presidente Augusto Melo iniciou o mandato e era considerado o “braço direito” do mandatário do clube.
De acordo com nota oficial, Augusto Melo “aceitou o pedido de afastamento feito” e Marcelo Mariano “opta por deixar a diretoria para que a gestão consiga trabalhar de forma pacífica e mantendo o profissionalismo que vem sendo aplicado”.
O presidente Augusto Melo vinha sofrendo pressão tanto da situação como da oposição para tirar Marcelo Mariano do cargo. O principal motivo era o envolvimento do diretor no caso com a empresa VaideBet. Marcelo Mariano, agora, retorna ao mandato no Conselho Deliberativo do Corinthians.
Recentemente, o dono da VaideBet, o empresário José Andre da Rocha Neto, deu nova versão sobre a origem do acordo de patrocínio entre a casa de apostas e o Corinthians, rescindido de maneira unilateral em junho do ano passado. Em depoimento à Polícia Civil, o empresário afirmou que foi ele quem teve a iniciativa de procurar o clube paulista para oferecer o negócio.
A versão contradiz Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, que afirmou às autoridades que encontrou a marca por meio do ChatGPT e, assim, conseguiu o contato da empresa. Ele é dono da intermediadora suspeita de fazer repasses de parte da comissão a uma empresa “laranja”.
Marcelo Mariano, conhecido como “Marcelinho”, tem sido acusado de instruir um funcionário do setor financeiro do Corinthians a transferir R$ 1,4 milhão para a empresa intermediária no acordo com a VaideBet e que tem Alex Cassundé como sócio. Ele posteriormente teria direcionado parte da quantia a uma empresa fantasma.
O caso VaideBet resultou na época no afastamento de Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do Corinthians. Rozallah Santoro, então diretor financeiro, e Yun Ki Lee, então diretor jurídico, foram outros que renunciaram aos cargos.
O acordo de R$ 360 milhões da VaideBet com o Corinthians previa o pagamento de R$ 10 milhões ao longo dos 36 meses de contrato – ao todo, o clube recebeu R$ 66 milhões pelo tempo de parceria. O contrato previa o também pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à Rede Media Social Ltda, empresa intermediária, que tem Alex Cassundé como sócio. Ou seja, R$ 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato.
Após os pagamentos da comissão, a Rede Social Media Ltda, cujo CNPJ está no nome de Alex Cassundé, repassou parte dos valores por meio de PIX à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, empresa com endereço na Avenida Paulista que serviria como “laranja”. Ela está no nome de Edna Oliveira dos Santos, mulher de origem humilde que vive em Peruíbe, no litoral paulista.
POLÍTICA FERVE
A situação política no Corinthians volta a esquentar neste início de 2025. Na última segunda-feira, a Justiça de São Paulo estabeleceu o prazo de três dias para o clube alvinegro acertar uma dívida de R$ 43 milhões com o empresário Giuliano Bertolucci.
Além disso, o Conselho Deliberativo do Corinthians voltará a se reunir na próxima segunda-feira, dia 20, para votar o pedido de impeachment contra o presidente Augusto Melo. A reunião aconteceria no início do último mês de dezembro, mas o mandatário conseguiu uma liminar na Justiça.