Conheça a atleta maringaense que é promessa do atletismo paralímpico

Aos 19 anos, Ana Carolina Batista de Souza superou barreiras pessoais e físicas para chegar à Seleção Brasileira de Atletismo Paralímpico. A atleta da classe T37, uma deficiência que afeta a coordenação, venceu provas de 100 e 200 metros e ficou em segundo no salto em distância no Parapan-Americano de Jovens 2025, no Chile.
Depois de voltar a Maringá com dois ouros e uma prata, ela se disse surpresa com os resultados. “Não esperava ser convocada, mas aconteceu. Treinei muito e fui muito feliz nos meus resultados, nas três provas em que eu competi”, conta Ana Carolina.

A atleta representa o Instituto Terezinha Guilhermina, fundado pela ex-atleta paralímpica de atletismo que dá nome à associação, e o Centro de Referência Paralímpico de Maringá (CRPB) e começou no esporte aos 13 anos. Ela lembra que o atletismo teve um papel essencial em sua aceitação pessoal. “O esporte paralímpico mudou minha vida. Foi muito difícil me aceitar como uma pessoa com deficiência na infância. O atletismo me ajudou a entender que existem outras pessoas com a mesma deficiência e que eu não precisava me sentir excluída”, afirma.
Ana nasceu com uma paralisia no lado esquerdo do corpo, que causa atrofia muscular e limita a coordenação do braço e da perna. Na infância, conta que não conseguia participar das aulas de educação física por conta da deficiência. “Eles não adaptavam para mim e eu não me sentia bem”, relembra.
Mesmo assim, ela transformou o que era visto como limitação em força e inspiração. Além de competir, Ana faz graduação em Educação Física na Universidade Estadual de Maringá e participa de projetos de inclusão. “Posso ajudar outras crianças a se enxergarem e fazerem parte de uma comunidade onde elas têm outras pessoas que podem ver como exemplo, com amor carinho e respeito”, destaca.
Treinos, dedicação e futuro promissor

O técnico Augusto Siqueira de Oliveira, que trabalha com Ana no Instituto Terezinha Guilhermina, explica que a preparação para o Parapan começou em abril, assim que souberam da possibilidade da convocação. “A Ana começou a focar mais na prova dos 400 metros, onde ela se destaca melhor. Ela se desdobra entre os treinamentos e a faculdade de Educação Física. Tentamos conciliar treinos, estudos, provas e fisioterapia para tudo sair certinho, sem prejudicar o rendimento”, comenta.
Mesmo com a ausência dos técnicos durante a competição internacional, Ana manteve o foco e o controle emocional — um desafio importante, segundo Augusto. “Era a primeira competição internacional dela e ela foi apenas com os técnicos da Seleção. Ela me ligava, eu conversava um pouquinho para ela acalmar um pouco e, no outro dia, trazer as medalhas para nós”, conta o treinador, orgulhoso.
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Além das conquistas no Parapan, Ana Carolina também foi campeã brasileira sub-20, campeã das duas etapas nacionais nos 400 metros e campeã dos Jogos Universitários Brasileiros e já está no radar do Comitê Paralímpico Brasileiro como uma das apostas para as Paralimpíadas de 2028 e 2032.
“O pessoal do comitê já está interessado. Eles conversaram com ela no Chile, pedindo que se dedique ainda mais para alcançar marcas que a levem aos campeonatos mundiais e das etapas internacionais”, revela o técnico.
