A rotina de Simoniely Serathiuk, 33 anos, começa antes mesmo do sol nascer. Professora da rede municipal de Marialva, no noroeste do Paraná, ela encara uma jornada de 40 horas semanais com crianças da educação infantil. Antes do expediente, troca o descanso pelos treinos de corrida pelas ruas e pistas, mostrando uma disciplina impecável. A atleta é tricampeã da Maratona Internacional de Foz do Iguaçu, com vitórias consecutivas em 2022, 2023 e 2024, e atualmente detém a quinta melhor marca do ranking nacional da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), com o impressionante tempo de 2h47 na maratona.
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Moradora de Maringá, onde também realiza seus treinos, Simoniely é o retrato da resiliência e da superação. Começou a correr em 2016, como forma de melhorar a saúde e sair da rotina de trabalho e estudos. O que era uma tentativa tímida de colocar o corpo em movimento se transformou em paixão. “Eu não queria viver só para trabalhar. Queria algo meu, para além das cobranças”, contou em entrevista ao GMC Online.
Nos primeiros anos, conciliava os treinos com estudos intensos, uma segunda graduação e um mestrado. Mesmo com pouco tempo disponível, já demonstrava talento, participando de provas de 5 e 10 quilômetros e conquistando pódios.
Em 2022, decidiu encarar o desafio de correr sua primeira maratona. Escolheu Foz do Iguaçu, uma das mais difíceis do Brasil, com subidas e temperaturas elevadas. Treinou pesado, chegou a correr até 110 km por semana, e para surpresa de todos, inclusive dela mesma, venceu. “Ganhar minha primeira maratona foi como um conto de fadas”, disse.
Desde então, manteve o foco e voltou a vencer a prova nos dois anos seguintes. Em 2023, a vitória veio mesmo diante de um calor extremo e de dores físicas. Em 2024, a motivação foi ainda mais profunda: dedicou o título à mãe, que faleceu meses antes em um acidente de trabalho. “Correr naquela prova era uma forma de honrar a vida dela. Foi muito difícil, mas eu precisava concluir aquela corrida.”
Além dos pódios, Simoniely vem registrando tempos expressivos. Em junho, correu a Maratona de Porto Alegre em 2h47min, sendo a terceira brasileira mais rápida da prova e a primeira entre as não profissionais. “Sou professora, não sou atleta profissional, mas tenho uma rotina muito parecida. A única diferença é que não tenho o descanso”, afirmou.
Federada, ela divide a vida com o esposo , também maratonista, em uma rotina meticulosamente organizada. Acorda por volta das 4h, treina, vai trabalhar, cuida da casa. Não tem filhos, o que ajuda na logística, mas garante: a dedicação é extrema. “São muitas abdicações, mas eu realmente gosto dessa vida de atleta. Gosto do treinamento rigoroso. Porque, na corrida, eu me dedico e sou a principal beneficiada.”
Com 33 anos e ainda se recuperando de uma pneumonia, Simoniely ainda não sabe qual será seu próximo desafio. Com a Maratona de Foz cancelada este ano, estuda retornar às provas menores de 5, 10 ou 21 quilômetros, antes de se lançar novamente aos 42 km. Mas uma coisa é certa: a corrida segue como parte fundamental da sua identidade.
“Não corro porque está na moda. Corro porque gosto do desafio, gosto do treino. Porque me ajuda a enxergar a vida com mais propósito”, resume.