Estreia de Pelé na seleção foi no Maracanã e com um gol, apesar da derrota
A primeira vez que o menino de olhos grandes e sorriso largo entrou em campo para defender a seleção foi na tradicional Copa Roca de 1957. A convocação do futuro craque foi divulgada no dia 4 de julho de 1957, pelo técnico da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), Sílvio Pirillo. Ele montou, na época, uma seleção considerada fraca, com muitos jogadores novos, sem entrosamento.
Antes de vestir as cores nacionais, Pelé já vinha encantando os torcedores do Santos e tirando o sono de seus adversários. Nos treinos para o clássico com a Argentina, ele chamou atenção e despontou como promessa. Na cobertura da preparação para o jogo, a reportagem do Estadão pontuou as jogadas que demonstravam o “poderio dos avantes, principalmente do trio central Luizinho, Pelé e Moacir”
O texto destaca ainda que a composição de linha com Pelé havia demonstrado a capacidade de “envolver por completo a defesa, dentro de sua técnica superior” que a caracterizava. Na partida do dia 7 de julho, no Maracanã, com a presença de 80 mil pessoas, a máxima “treino é treino, jogo é jogo” se fez presente, e o Brasil foi derrotado por 2 a 1.
Pelé, por sua vez, sacudiu a rede adversária. Saiu do banco de reservas para substituir Del Vecchio. Ele marcou um gol dentro da área, aos 32 minutos, quando o Brasil perdia por 1 a 0, deixando uma ótima impressão diante de um rival de peso como é a Argentina.
Na segunda e última partida da Roca, em 10 de julho, a vitória brasileira foi decidida sob novas regras que levaram a partida para a prorrogação. O resultado de 2 a 0 contou também com um gol do jovem atacante, que conseguiu dominar uma bola chutada na pequena área e abriu o placar. Os brasileiros venceram a competição e passaram os argentinos em número de títulos. O Brasil era tetra na Copa Roca.
O bom desempenho de Pelé animou os torcedores, que passaram a seguir com maior interesse sua carreira no Santos. No ano seguinte, Pelé dominou os gramados e cresceu em reconhecimento. Chegou a ganhar uma crônica dedicatória de ninguém menos que Nelson Rodrigues. Ganharia outras depois. “Anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei (…) do seu peito parecem pender mantos invisíveis (…) há de ofuscar toda a corte em derredor!”, escreveu.