Ex-jogador do Maringá Vôlei passa por cirurgia 11 anos após aposentadoria motivada por doença cardíaca
Depois de 11 anos, Paulo Mora, ex-jogador do Maringá Vôlei, precisou ser submetido a uma cirurgia para corrigir o problema cardíaco que forçou sua aposentadoria das quadras em 2014.
O catarinense de 38 anos foi operado em 29 de setembro, em Xanxerê (SC), para corrigir um aneurisma de aorta ascendente, uma dilatação anormal da parte superior da principal artéria do corpo humano. A operação foi um sucesso.

A doença, diagnosticada em setembro de 2014, fez com que Mora abandonasse o esporte quando ele defendia o Maringá Vôlei, aos 27 anos. Durante mais de uma década, a cirurgia – considerada de risco – não havia sido necessária, visto que a dilatação da artéria estava estabilizada. Neste ano, porém, o ex-atleta teve uma complicação do quadro de saúde com o aumento repentino de quatro milímetros da aorta (chegando a 52, sendo o limite saudável de 45), e a operação não era mais apenas uma opção.
Na cirurgia foi feita uma desconstrução da raiz da aorta utilizando um cano valvado mecânico, produzido em aço carbono. Apesar do grande risco, a operação correu bem e Paulo recebeu alta médica seis dias depois. Pelo resto da vida, o ex-atleta vai precisar tomar medicamentos que regulam a coagulação do sangue, além de manter cuidados na alimentação.
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Nas redes sociais, Paulo contou mais detalhes do seu problema cardíaco ao longo dos anos, tranquilizou familiares e amigos pela cirurgia bem sucedida e agradeceu todo o apoio que recebeu, inclusive com mensagens de Maringá (leia na íntegra abaixo).
“Graças a Deus a cirurgia foi um sucesso e a recuperação está sendo excelente, porém será longa. Terei que ficar 3 meses de molho, dormir de barriga pra cima, sem dirigir, pegar peso e fazer esforço físico, mas nada que o tempo não cure, como dizem para tudo.
Queria agradecer a todos que me enviaram energias positivas, que rezaram e torceram para que a cirurgia fosse bem sucedida. Fiquei super feliz em ler cada mensagem, de amigos atuais e de amigos de várias épocas de minha vida”.
Passagem por Maringá foi encerrada na pré-temporada
Contratado para defender o Maringá Vôlei na Superliga Masculina 2014/2015, o central de 2,14 metros foi submetido a exames de rotina na pré-temporada que apontaram a presença do aneurisma. Ele também foi diagnosticado com insuficiência aórtica e válvula aórtica bicúspide, que comprometem o funcionamento normal do coração. Sem poder fazer esforço físico de alta intensidade, o jogador precisou se aposentar do esporte de alto nível.
— O médico falou até que eu poderia continuar jogando, mas desde que os treinamentos fossem condicionados, mais leves. Eu não poderia treinar com tanta intensidade. Mas isso, em um nível profissional, não tem como, né? Se o treinador condicionar algumas situações eu treino, outras tem que ficar fora, não ia ficar no mesmo ritmo dos demais. Então, por isso, na época, a gente optou em encerrar a carreira mesmo — relembrou Mora.

Antes da decisão final, o atleta procurou diversas opiniões médicas em busca de uma solução para voltar a jogar, mas com o alto risco que representava uma cirurgia naquele momento, não foi possível.
— Foram 11 médicos cardiologistas que estudaram o meu caso. Na época, não era indicada [a cirurgia]. Eu poderia viver normal, sem fazer a operação. Continuaria sendo de risco se eu continuasse jogando profissionalmente, com treinamento intensivo. […] E também, depois de operado, ia pelo menos um ano para voltar ao mesmo nível que tinha parado e, depois, para arrumar a equipe, ia ser mais complicado — contou.
Oficialmente aposentado, Mora recebeu a integridade do contrato com o Maringá Vôlei até maio de 2015, quando o vínculo com o clube se encerrou.
A despedida do esporte contou com uma homenagem de todo o elenco e da torcida presente no Ginásio Chico Neto na primeira rodada da Superliga daquele temporada. As faixas e um texto lido pelo locutor emocionaram Paulo, que disse ter chorado bastante. Segundo o jogador, o encerramento da carreira aconteceu em seu melhor momento físico e psicológico, quando acreditava que poderia contribuir muito ao Maringá.

— No começo foi muito difícil, demorou para cair a ficha, mas a despedida que fizeram para mim em Maringá ajudou a amenizar um pouco a dor de saber que não poderia voltar a jogar em alto rendimento novamente. Com o passar do tempo fui me acostumando. E hoje as saudades vem de vez em quando, aí revejo as fotos, as camisas guardadas, e lembro dos bons momentos que passei — disse.
Longe das quadras, Mora deixou de acompanhar o vôlei e preferiu se afastar. Ele retornou a Maringá apenas uma vez, em 2015, para assistir a um jogo com a família.
— Muitas pessoas de Maringá, entraram em contato comigo mandando energia positiva e desejando boa recuperação. Então, esse é o lado bom, né? Mesmo quase não jogando em Maringá, ainda tem o carinho das pessoas de lá, dos torcedores da época.
Veja a postagem de Paulo Mora nas redes sociais
Passados 15 dias do “talvez” momento mais delicado da minha vida, vou contar um pouco sobre minha cirurgia cardíaca.
Para quem me conhece a mais tempo sabe que tive que abandonar a carreira de jogador profissional de voleibol devido a um problema cardíaco – ANEURISMA DE AORTA ASCENDENTE, com insuficiência aórtica e válvula aórtica bicúspide.
Em 2014 o diâmetro de minha aorta estava em 47mm (o limite para continuar jogando era de 45mm), em 2016 foi para 48mm e desde então não tinha mais aumentado, mas nesse último ano aumentou em 4mm passando para 52mm, sendo assim com indicação cirúrgica.
Em março deste ano fiz minha primeira consulta em Xanxerê com o Dr. João, dando início ao encaminhamento para a cirurgia. No começo de agosto fiz uma angiotomografia, e em 17 de setembro o retorno, sendo que na semana seguinte, dia 22, fui para Xanxerê internar para a cirurgia. Fiquei uma semana internado aguardando vaga na UTI.
Fui operado dia 29/09, o último horário que lembro era 08h40, acordando por volta das 15h já na UTI. A cirurgia em si durou em torno de 5 horas, foi feita uma desconstrução da raiz da aorta com cano valvado mecânico (tenho um tek tek batendo agora).
Graças a Deus a cirurgia foi um sucesso e a recuperação está sendo excelente, porém será longa. Terei que ficar 3 meses de molho, dormir de barriga pra cima, sem dirigir, pegar peso e fazer esforço físico, mas nada que o tempo não cure, como dizem para tudo.
Queria agradecer a todos que me enviaram energias positivas, que rezaram e torceram para que a cirurgia fosse bem sucedida. Fiquei super feliz em ler cada mensagem, de amigos atuais e de amigos de várias épocas de minha vida.
Obrigado a minha equipe Paulão Lanches que está se “virando” sem mim. Meu amigo Nando, que cuidou dos meus cachorros na minha ausência. Obrigado a Bel que está segurando as pontas com a Eloah. Obrigado ao meu irmão José e meu amigo/compadre Diogo que estiveram cuidando de mim no Hospital. Obrigado a toda a equipe de médicos e enfermeiras do Hospital Regional São Paulo. E obrigado principalmente a Deus, que sem ele nada daria certo.
Carreira
Natural de Maravilha (SC), Paulo Mora começou a carreira em 2004, aos 17 anos, em Florianópolis. O jovem ainda passou por diversas equipes do estado, se destacando nas seleções estadual e brasileira juvenis.
A primeira temporada na Superliga foi em 2007/2008, pela Ulbra, de Canoas (RS). Mora ainda passou pelo Suzano, sendo terceiro colocado da Superliga, pelo Minas, e por equipes do Mato Grosso e Chapecó.
Nas temporadas 2010/2011 e 2013/14, o catarinense se aventurou por Portugal. No segundo período, defendeu o Sporting de Espinho, onde conquistou o terceiro lugar do Campeonato Português. Da Europa, partiu para Maringá na temporada seguinte.
Na aposentadoria, Paulo Mora retornou para Santa Catarina e abriu uma escolinha de voleibol em Flor do Sertão. O ex-atleta ainda atuou em cargos públicos e, desde 2016, é proprietário de uma pizzaria na cidade.
