Movimento pede reconhecimento na CBF de dois títulos nacionais do Grêmio Esportivo Maringá
O Museu Esportivo de Maringá (MEM), presidido pelo jornalista e escritor Antonio Roberto de Paula, iniciou uma mobilização para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reconheça oficialmente como títulos nacionais as duas conquistas do Grêmio Esportivo Maringá na década de 1960: o Torneio Centro-Sul de 1968, e o Torneio dos Campeões de 1969.
Para conduzir o processo, o MEM criou uma comissão especial composta por De Paula, pelo ex-atleta e ex-secretário municipal de Esportes Walter Guerlles e pelo pesquisador Ortílio Carlos Vieira, referência no estudo do futebol profissional maringaense. O grupo está reunindo documentos, registros jornalísticos e materiais históricos sobre o clube, fundado em 1961 e extinto em 1971.

O próximo passo é se reunir com o presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury Filho, para solicitar apoio e a assinatura do documento que será formalizado e encaminhado à CBF.
“Nossa meta é entregar o dossiê completo, em mãos, por uma comitiva formada por esses apoiadores, ao presidente da CBF, Samir Xaud, ainda em novembro”, disse De Paula.
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O movimento se iniciou após o conjunto formado pelos clubes Ceará, Fortaleza e Sport e as federações Cearense e Pernambucana de Futebol protocolarem junto à CBF um pedido formal de reconhecimento dos títulos dos Torneios Norte-Nordeste de 1968, 1969 e 1970 (equivalentes ao Torneio Centro-Sul) como Campeonatos Brasileiros.
“O argumento central do requerimento é que, à época, o Torneio Norte-Nordeste foi considerado erroneamente como uma competição regionalizada, quando na realidade integrava o projeto de nacionalização do futebol brasileiro promovido pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD)”, disse a nota oficial divulgada pelo conjunto nordestino.
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Caso o pleito seja reconhecido, os clubes passarão a ser considerados campeões brasileiros. O caso se assemelha ao ato da CBF ocorrido em 2010, quando a entidade reconheceu a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa como equivalentes ao Campeonato Brasileiro.
Se o Grêmio Esportivo Maringá receber o reconhecimento pleiteado, passará a ser o primeiro clube paranaense a conquistar títulos nacionais.
1968 – Torneio Centro-Sul
Em 1963, o Grêmio Esportivo foi campeão campeão estadual, repetindo o feito no ano seguinte. Em 1965 e 1967 chegou às finais do Paranaense, mas ficou com o vice-campeonato. Para chegar à sua primeira conquista nacional, o clube maringaense passou por uma fase classificatória.
Em 1968, o Presidente da Federação Paranaense, José Milani, esteve em Apucarana para definir um torneio para a disputa de duas vagas para o chamado Torneio Sul, organizado pela CBD, que reuniria equipes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Participaram desse torneio Grêmio Esportivo Maringá, Londrina Futebol e Regatas, Paraná Esporte Clube, União Bandeirante e Jandaia Esporte Clube.
Com duas vitórias e dois empates o time maringaense se classificou ao lado do União Bandeirante e para a disputa do Torneio Sul num triangular com o Clube Náutico Almirante Barroso, da cidade de Itajaí (SC). O Grêmio ficou em primeiro lugar, obtendo duas vitórias e um empate, e se habilitou para a final com o FC Santa Cruz, do Rio Grande do Sul.
No primeiro jogo, dia 14 de dezembro de 1968, em Santa Cruz, o time da casa vence o confronto por 4 a 3. No Estádio Willie Davids, em Maringá, dia 18, goleada do Grêmio por 7 a 0. Uma terceira partida estava agendada para janeiro de 1969, mas o Santa Cruz desistiu. Assim, o Grêmio foi à final do Torneio Centro-Sul contra o Villa Nova Atlético Clube, de Nova Lima (MG), que ficou com a vaga no Torneio Centro, competição que acontecia paralelamente à do Sul.
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O Grêmio Esportivo Maringá foi campeão nacional diante do Villa Nova vencendo as duas partidas da decisão: 2 a 0, no dia 2 de fevereiro de 1969, no Estádio Willie Davids, e 2 a 1, no dia 8, no Estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima.
1969 – Torneio dos Campões
Em 1969, a CBD, que em 1979 passaria a ser CBF, organizou o Torneio dos Campões do Brasil, quando reuniu campeões nacionais de 1968: o Santos, campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa; o Botafogo, campeão da Taça Brasil; Sport Recife, campeão do Torneio Norte-Nordeste; e Grêmio Esportivo Maringá, campeão do Torneio Centro-Sul.
Ficou definido que o campeão representaria o país na Copa Libertadores da América. Por divergências da CBD com a Conmebol, o Brasil não teve representante na competição.

Iniciando as disputas do Torneio dos Campeões, o Grêmio venceu o Sport em Maringá por 3 a 0, no dia 16 de março de 1969, e também a segunda partida pelo mesmo placar, no dia 23, na Ilha do Retiro, em Recife.
O próximo adversário do time maringaense foi o Santos, com dois empates em dois jogos realizados no Estádio Willie Davids. No aniversário de Maringá, dia 10 de maio de 1969, 1 a 1, e no dia 4 de abril de 1970, 2 a 2. Na época, as competições não tinham tanta organização, e a terceira partida foi agendada para depois da Copa do Mundo do México, em julho, mas o Santos enviou ofício à CBD abrindo mão da competição.
Com a desistência, o Grêmio decidiria com o Botafogo, que, sabendo que o título não valeria vaga para a Libertadores, também optou por não disputar. Com isso, o Grêmio Esportivo Maringá, depois de duas vitórias sobre o Sport e dois empates com o Santos, foi proclamado campeão. Na época, o título do Torneio dos Campões ficou conhecido como Robertinho, numa referência à segunda divisão do Robertão, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

Apoiadores do movimento
No último sábado, 25, a comissão se reuniu com o deputado estadual Adriano José, que em 2021 concedeu uma Menção Honrosa ao MEM na Assembleia Legislativa do Paraná, em reconhecimento ao trabalho de preservação da memória esportiva. O parlamentar manifestou apoio à iniciativa, se comprometeu a buscar o engajamento de outros deputados estaduais e colocou sua assessoria para auxiliar a comissão na elaboração do documento.
“Esta é uma reivindicação não apenas de Maringá, mas de todo o Paraná. O reconhecimento desses títulos é uma questão de justiça histórica. Parabenizo o Museu Esportivo pela iniciativa e vamos nos empenhar para reunir lideranças políticas e esportivas em torno dessa causa”, afirmou Adriano José.
O movimento também conta com o apoio do Secretário Municipal de Esportes e Lazer de Maringá, Paulo Biazon, que recebeu os membros da comissão nesta segunda-feira, 27. Em nível estadual, a causa será encampada pela Secretaria do Esporte do Paraná, comandada por Hélio Wirbiski.
Parceiro do Museu Esportivo de Maringá há mais de sete anos, o advogado Reginaldo Cleon Aracheski, de Curitiba, diretor do Memorial de Futebol da Casa Aracheski, na cidade da Lapa-PR, se colocou à disposição para colaborar com a comissão como consultor.
Outro nome que participa da mobilização é o jornalista e escritor Dias Lopes, cearense que se radicou em Curitiba em 1969. Lopes trabalhou nos principais jornais da capital paranaense, em emissoras de rádio e TV, presidiu a Federação Paranaense de Futsal e é um entusiasta do trabalho de resgate e preservação da memória do esporte do Paraná.
