O que o Maringá FC pensa sobre a contratação de jogadores ‘medalhões’?


Por Felippe Gabriel

Nesta quinta-feira, 5, a diretoria do Maringá FC concedeu entrevista coletiva no CT do Clube para falar do acesso à Série C e projetar o ano de 2025. Entre vários assuntos, o presidente João Vitor Mazzer e o diretor de futebol Tiago Reinis confirmaram a continuidade de Jorge Castilho como treinador do Dogão no ano que vem.

Jorge Castilho (esquerda), João Vitor Mazzer (centro) e Tiago Reinis (direita) em entrevista coletiva | Foto: MFC

Mas outro ponto da coletiva que chamou a atenção foi sobre a contratação de jogadores ‘medalhões’, aqueles atletas mais experientes, com rodagem em grandes times e conhecidos nacionalmente. Argumentando pelo respeito ao modelo de gestão e de cultura do clube, Tiago Reinis negou categoricamente que isso seja uma possibilidade no Maringá FC.

“Em hipótese nenhuma vai ter nome conhecido aqui. Não. O jogador que está aqui tem que estar querendo chegar no Corinthians, não tem que estar vindo do Corinthians, ter jogado lá faz 10 anos, negativo. Aqui a gente quer jogador com projeção, que esteja com a setinha para cima, não com a setinha para baixo. Quando eu digo para vocês de manutenção, de cultura, de identidade, é isso. Então não adianta achar que vai ver o Valdívia no WD, isso não vai acontecer. A gente vai ter jogadores igual foi esse ano. Trouxe o Zé Vítor, reforço da Bezinha de São Paulo, trouxe o Rodrigo, reforço da A3 e da Copa Paulista, é isso. Aí depois eles vão embora, os caras choram, vira viúva, ‘meu Deus do céu, o Rodrigo foi embora’. É isso e vai ser sempre assim. Nossa capacidade a nível de mercado tem que ser achar jogadores que vão vir aqui e dar um passo importante na carreira. Então não vamos mudar, não tem a menor chance, não adianta nem fazer especulação, ‘vai vir o conhecido, vai vir outro’. Não tem isso, isso não vai acontecer”, disse Reinis.

O diretor do Dogão também falou sobre o pouco tempo em que os jogadores permanecem no clube, reiterando o modelo de buscar atletas com projeção futura e como o clube os incentiva a alcançarem patamares mais altos:

“Natural, quando a gente escolhe jogadores que a gente está prospectando no mercado e que tem um nível de projeção grande, vai ficar menos tempo aqui. E eu não posso tolher o cara de dar o próximo passo, porque ele tem que se manter motivado, ele tem que se manter trabalhando, ele não pode chegar aqui no Maringá para pegar o ‘salariozinho’ dele e ir para casa e fazer o dele, é negativo”, disse.

“Aqui no Maringá o espírito que a gente quer dos jogadores, são jogadores que queiram estar no lugar mais alto possível. Se eu tiver um jogador que queira jogar a Copa do Mundo, eu tenho que falar, ‘vamos embora’. Chegou Corinthians, chegou Palmeiras, tem que ir, é natural. E o dia que eu estiver na Série A, eu também vou querer fazer isso para a Europa, é natural, a gente tem que ter jogadores com vontade de crescer, jogadores com fome. […] Então, o jogador que estiver bem aqui, ele tem essa possibilidade de dar um salto na carreira dele, desportiva e financeira. Nós não vamos impedir”, finalizou.

Saída de Rodrigo

Um exemplo disso foi o volante Rodrigo, que saiu após a conquista do acesso por empréstimo ao Avaí, para a disputa da Série B. Os dirigentes revelaram que o atleta teve nove propostas ao fim do Campeonato Paranaense, mas ele optou por ficar para buscar o acesso.

“O empréstimo do Rodrigo que nós vamos receber agora vai entrar no orçamento de 2025. O salário do Rodrigo que a gente vai economizar agora vai entrar no orçamento de 2025. E a projeção que o Rodrigo vai ter jogando uma Série B em alto nível, com o empréstimo, com a opção de compra que a gente combinou com o Avaí, pode ser extremamente benéfico para o Maringá Futebol Clube. Então, quando vocês veem um jogador saindo do Maringá, não pense que o Maringá está fragilizado na negociação. Pelo contrário, o Maringá está apostando, investindo no futuro, como esse ano nós usamos o dinheiro do Morelli para orçamento 2024”, explicou o presidente João Vitor Mazzer.

Reforços para 2025

O Maringá FC ainda não finalizou a temporada, mas já teve saídas e já vem se preparando para a temporada que vem. O moinitoramente para reforçar o elenco também não fica fora disso.

“Sobre nomes, a gente já tem feito um trabalho. Junto com os analistas, a gente tem feito esse trabalho de monitoramento já nas divisões inferiores, Série D, Copa Paulista, Bezinha, os outros estaduais, jogadores que a gente já vem acompanhando. A gente está usando a inteligência artificial também, com a Delta Goal, que é uma parceira nossa, para achar jogadores. A gente tem alguns algoritmos que têm umas métricas do nosso jogo e a gente tem um primeiro filtro já por eles, jogadores que conseguem executar o tanto de ações que a gente precisa que o jogador faça na partida. Depois, óbvio, vai partir para subjetividade”, explicou Reinis.

O objetivo é se classificar para a 2ª fase da Série C

Mesmo sendo um entreante na competição, o presidente do Maringá FC traçou os objetivos do clube no próximo campeonato nacional e não vai se contentar com o “brigar para não cair” no primeiro ano, embora saiba do desafio.

“É um ano de consolidação, mas aqui no Maringá a gente não fala em momento algum de ficar fora do G8, para classificar para a segunda fase, pelo menos ali. Claro que a gente tem que respeitar a competição. É o nosso primeiro ano. Acho que o principal objetivo é não cair, porque acho que não tem nenhuma queda mais amarga do que a queda da Série C para D. A gente já viu aí alguns times com mais de uma queda da Série C para D e outros times com camisas pesadas que já caíram. Então o nosso primeiro objetivo é esse, bastante humilde falando, bastante racional. Mas o nosso foco é ficar no G8 nesse ano de consolidação já”, contou.

‘Nos comportamos como um clube de Série B’

“O Maringá já se comporta como um clube de Série B há um tempo, a gente tem feito coisas diferentes no futebol. Eu aposto muito no Maringá Futebol Clube como um agente transformador do futebol brasileiro, porque temos muita seriedade em tudo que a gente faz aqui, temos muito processo, temos uma torcida que comparece ao estádio, uma cidade engajada, temos uma condição financeira boa pra gente fazer uma série C em bom nível”, disse Tiago Reinis.

O dirigente ainda reforçou a dificuldade da campanha do Tricolor na Série D, onde enfrentou clubes do Sudeste e Sul do Brasil, que costumar ter maior poder de investimento.

“O poder aquisitivo dos times do nosso grupo na primeira fase e do grupo A8, que é o nosso primeiro mata, são um pouco maiores que os times do resto do Brasil, e a gente superou. Desde o começo da competição a gente mostrou pra que a gente veio, não à toa a gente tem a melhor campanha da história da Série D nesse novo formato. Nenhum time subiu com 48 pontos como a gente subiu. Se a gente colocar as quatro divisões do Brasil, [temos o] melhor aproveitamento de todos os times”, explicou.

De quebra, Reinis ainda falou sobre os objetivos do clube a longo prazo, até um eventual acesso à Série A, e exemplificou o processo que aconteceu no Fortaleza, que hoje briga pelo título da primeira divisão.

O nosso projeto esportivo hoje é pra em 5 anos a gente chegar na série A do Brasileiro. A gente vai se preparar pra isso, vamos trabalhar com muito empenho pra isso, mantendo muita coisa que a gente tem feito, mas melhorando também muita coisa. A gente vê hoje no Fortaleza, quando o Marcelo Paz segurou o [Juan Pablo] Vojvoda em 2023, se eu não me engano, que ele tava na zona de rebaixamento. Ele salvou o time, depois chegando numa final de Sul-Americana, hoje tá brigando lá em cima no Campeonato Brasileiro, e o Fortaleza era um time que há sete ou oito anos atrás estava na Série C também. Vem muito mais coisa por aí nos próximos anos, podem esperar que a gente vai estar figurando nos principais cenários do futebol brasileiro”, continuou.

Terceira força do Paraná

Hoje eu acredito que o Maringá é a terceira força para o Paranaense. Respeito muito o Operário, que está na Série B. Respeito muito Londrina, hoje com o projeto novo, está na Série C brigando para ir para a Série B. Mas eu acredito que o Maringá, por tudo que envolve a cidade, pela nossa torcida, pelo nosso modelo de governança, pelo nosso presidente, pela nossa SAF, por ter uma cultura, uma identidade, coisa que poucos clubes do futebol brasileiro têm, hoje eu enxergo o Maringá como a terceira força do futebol paranaense. Com muita humildade. Vai ser difícil ano que vem, de novo, Paranaense, Copa do Brasil, Série C. No nosso projeto esportivo, ano que vem é ano de consolidação na Série C, para talvez em 2026 ser o ano de acesso. Mas óbvio que nós vamos entrar com ímpeto de subir”, finalizou o diretor de futebol do Maringá FC Tiago Reinis.

Confira a entrevista completa:

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