Time de futebol feminino em Maringá revela talentos e busca por patrocinadores

O time Acade/UEM de futebol feminino vem colecionando conquistas para o esporte maringaense. A equipe faz parte de um projeto de extensão vinculado ao Centro de Excelência em Estudos e Pesquisas do Futebol (Ceepf/UEM).
O Acade UEM existe desde dezembro de 2020, e já teve parceria com o Galo Maringá, o Instituto Alex Santos (IAS) e a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Sesp). A Acade é um Centro de Excelência de Desenvolvimento do Futebol Feminino e conta com um staff composto por nove membros, entre doutores, mestres, graduados e acadêmicos e 70 atletas distribuídas em 3 categorias. Os treinos começaram em fevereiro de 2022, como relembra o treinador Matheus Jaime.
“Nós concorremos em um edital do governo federal e conseguimos vencer nesse edital para ser o representante do estado do Paraná a nível desse programa, que era o programa Academia de Futebol. O objetivo desse programa era ter um representante por estado brasileiro. E no caso, a Acade, aqui, o projeto da Universidade Estadual de Maringá, foi o que ganhou para representar o estado do Paraná. Nós tínhamos um financiamento que era do Governo Federal para atuar em três frentes: o núcleo de vivência, a equipe de futebol e a formação continuada e produção do conhecimento. No caso, eram eventos científicos que nós promovíamos para professores, professoras, treinadores, treinadoras, analistas, por aí vai, pessoas que são envolvidas com o futebol. Dentre eles, nós promovemos o Congresso Brasileiro de Futebol, em Maringá, em 2023”.

O projeto cresceu e as jogadoras do futebol feminino de Maringá foram vice-campeãs do Campeonato Paranaense por dois anos consecutivos (2023 e 2024) e representaram a cidade em competições internacionais. “E o projeto foi ganhando proporções cada vez maiores, a equipe foi se desenvolvendo cada vez mais e hoje é uma equipe de referência a nível sul-brasileiro. Nós somos as atuais bi-vices campeãs paranaenses em 2023 e 2024 nas categorias Sub-17 e Sub-15. Disputamos torneio internacional já no Paraguai, fomos vice-campeãs também. Temos já em dois anos de existência da categoria de rendimento, que aconteceu em 2023, 2024, 10 jogadoras encaminhadas para clubes nacionais e internacionais: sete aqui no Brasil e três nos Estados Unidos, para universidades dos Estados Unidos, que no futebol feminino é o nível mais alto possível”, detalha Matheus Jaime.
Mary Bilar foi um dos talentos descobertos no projeto. Ela veio de Mato Grosso do Sul para treinar na equipe de futebol feminino de Maringá. “Logo de cara, gostei muito da equipe, do projeto, porque eles realmente olham pro futebol feminino como algo que tem que evoluir, tem que crescer. E o comprometimento deles é muito grande, tanto na formação do atleta como da pessoa, como de um cidadão de bem”, diz a atleta.
Aos 15 anos, a menina participou das conquistas da equipe jogando como adulta e foi descoberta por um olheiro do Criciúma (SC). Junto de outras 12 atletas da equipe maringaense de futebol feminino, ela passou por uma peneira. Das 13, sete passaram, e receberam todo o apoio do projeto para seguirem crescendo. “Em todo momento, eles sempre ficaram felizes, sempre apoiando, querendo saber como a gente estava, sempre”, diz Mary.

A busca por patrocinadores
Mas à medida que os resultados positivos aumentavam, os recursos diminuiram. Para 2025, o primeiro desafio do Acade é buscar novas parcerias para que o trabalho possa continuar. “Na transição de 2023 para 2024, acabou o nosso edital, o edital que nós ganhamos do Academia Futebol, e nós ficamos sem financiamento. Então, 2024 já foi um ano que a gente andou pelas próprias pernas, sem ter nenhum recurso que viesse, por exemplo, do Governo Federal ou Estadual. A gente conseguiu patrocínios. Nós tivemos um bom apoio da Prefeitura de Maringá por meio do programa Esporte para Todos, que era um programa da gestão do Ulisses, onde do nosso orçamento anual que é de cerca 90 mil reais, que é o que a gente precisa para existir, cerca de 20 mil vinha do programa. Era a bolsa de um dos profissionais da equipe técnica. Além dos patrocinadores e do programa Esporte para Todos, as meninas fizeram vendas de rifas. Em 2025 nós estamos com muita dificuldade financeira, porque mudou a gestão na prefeitura de Maringá, então o programa Esporte para Todos já não existe mais. Uma parte considerável desse orçamento que nós tínhamos já não vai mais existir”, explica o treinador do futebol feminino.
Giovanna Meisen entrou para o Acade em 2022, aos 14 anos, depois de passar por uma seletiva, e conta sobre o trabalho de bastidores para conseguirem participar dos campeonatos. “A gente fez rifa, a gente fez bingo, a gente vendeu pizza… E cada dia que passa o projeto vai crescendo mais. Todas as meninas se sentem super acolhidas pela comissão. Todos fazem um trabalho incrível. Porque a gente quer chegar em algum clube maior, a gente quer ser profissional e o time também dá força pra gente. Porque você vai lá, você é bem recepcionada, você é bem tratada, o time ajuda a gente tanto psicologicamente, quanto fisicamente, né? A gente pode encontrar apoio em todos eles. Tem muitas meninas talentosas e o time abriu muitas portas, muitas mesmo. Tem muita chance de você se tornar uma jogadora profissional ou de um time maior mesmo. É algo que realmente deveria ser mais valorizado” diz a jogadora,
“Para esse ano a gente está adotando essa estratégia de não colocar um valor mínimo para contribuição. A gente vai fazer uma classificação desses patrocinadores entre ouro, prata e bronze. Quem apoiar com mais vai ficar com o Patrocinador Ouro, vai ter mais destaque nos uniformes, vai ter mais visibilidade, mais possibilidade de ações de marketing. Quem ficar com o bronze vai ter menos opções. Pode sim ter a divulgação nos uniformes, nas redes sociais e tudo, mas menos do que aqueles que apoiarem mais”, explica o treinador sobre as possíveis formas de patrocínio.

Atualmente, 75 jogadoras fazem parte do Acade em três categorias de faixas etárias distintas. “Uma delas é a atual campeã norte-paranaense de futebol sub 14 e outra é vice-campeã paranaense sub 17 e também vice-campeã de torneio internacional, além de campeã maringaense do campeonato adulto, mesmo sendo uma equipe sub 17”, comemora o treinador. Os treinos acontecem todos os dias na Universidade da Estadual de Maringá e o objetivo de expansão esse ano é construir uma uma parceria internacional com algum clube de fora do país. “Fizemos mais de 160 contatos agora durante esse período de férias com clubes europeus e dos Estados Unidos, tentando buscar uma cooperação internacional com algum desses clubes. E estamos buscando uma parceria com uma universidade privada de Maringá tentando bolsas de estudos para as atletas, porque além de formar boas atletas, nós queremos também oportunizar elas de que elas tenham também sempre uma segunda opção, que elas sempre pensem em uma segunda opção ou algo que caminha no compasso com o futebol”, diz o treinador.
Seletivas para o futebol feminino
O projeto é aberto para a categoria sub 12. Meninas de 9 a 12 anos de idade podem fazer uma aula experimental. A categoria sub 14 já tem um grupo formado, por isso o ingresso é por seletivas, assim como as categorias sub 15 e superiores. “Às vezes a gente vai estar precisando de atacante, às vezes a gente vai estar precisando de goleiras. A gente vai abrir essa seletiva e vai dar prioridade para essas posições e vai deixar em aberto as outras posições também, porque pode ser que apareça alguém realmente de um nível bastante interessante que consiga adentrar no grupo”, explica o treinador. A próxima seletiva deve ocorrer em fevereiro e a data será divulgada pelas redes sociais da Acade.
