Lutadora maringaense de jiu-jitsu está no Top 3 do ranking mundial da modalidade


Por Felippe Gabriel

A lutadora maringaense de jiu-jitsu Danny Arouca foi premiada pela Federação Internacional de Jiu-Jitsu Brasileiro (IBJJF) após figurar no Top 3 do ranking mundial da modalidade nas competições Master. A premiação aconteceu no dia 30 de agosto, em Las Vegas (EUA), durante o Campeonato Mundial 2024, que abre a temporada 2024-2025 do circuito internacional de jiu-jitsu.

Danny Arouca está no Top 3 do ranking mundial de jiu-jitsu Master | Foto: Arquivo pessoal

Entregue pelo presidente da IBJJF, Carlinhos Gracie, o certificado coroou uma temporada 2023-2024 de muitas conquistas para Danny Arouca, sua primeira como faixa preta. O primeiro campeonato que disputou foi o Mundial de 2023, no qual foi campeã. De lá até agosto deste ano, a lutadora competiu em mais 13 campeonatos, que lhe renderam mais dois títulos.

Além do título mundial – o terceiro de sua carreira -, Danny assegurou seu segundo título do Campeonato Pan-Americano e o décimo do Campeonato Brasileiro, um dos mais relevantes do mundo.

Top 3 brasileiro

O ótimo desempenho garantiu à maringaense uma boa pontuação no ranking mundial, que a consolidou entre as três melhores do mundo na categoria feminina Master 3, para atletas de 41 a 46 anos de idade. Vale destacar que esta categoria se baseia somente no critério de idade, englobando todas as categorias de peso.

Pela primeira vez na história, a premiação do Ranking Awards na categoria Master 3 feminina foi composta por três brasileiras. Completaram o pódio ao lado de Danny Arouca (3ª), Patrícia Pacheco (1ª) e Danuza Blanco (2ª), atletas de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.

1/2 Patrícia Pacheco, Danuza Blanco e Danny Arouca formaram o Top 3 do ranking mundial na categoria Master 3 feminina | Foto: Arquivo pessoal
2/2 O Top 3 foi inteiramente brasileiro | Foto: Arquivo pessoal

“Eu fui líder do ranking mundial em todas as faixas: branca, azul, roxa e marrom. Mas, essa homenagem é só na faixa preta. E é a minha primeira temporada de faixa preta. Geralmente, carrega a pontuação durante três temporadas [para alcançar o Top 3 do ranking mundial]. Então, assim, era praticamente impossível eu conseguir o Top 3, porque era a minha primeira temporada. Mas, graças a Deus, eu consegui a minha pontuação, eu consegui passar a terceira colocada, que era uma americana, que já tem um bom tempo de faixa preta”, contou Danny.

Para figurar no ranking mundial de jiu-jitsu, os atletas têm suas notas definidas de acordo com os seus respectivos desempenhos em todas as competições da temporada. Existem torneios mais relevantes que outros, os quais agregam pesos maiores às notas, como o Campeonato Brasileiro e o Mundial.

Reconhecimento mundial, mas sem visibilidade

Diante das conquistas, a maringaense já conquistou reconhecimento fora do Brasil no mundo do jiu-jitsu, ao carregar a tradição da modalidade em território nacional.

“Na minha categoria, principalmente, eu sou conhecida lá fora. Faz 11 anos que eu estou nesse meio. Hoje eu sou da categoria Master, é diferente da categoria adulto, que é mais profissionalizada, porque são pessoas que vivem do jiu-jitsu, um pessoal mais novo. Mas a categoria Master tem crescido muito, então muitas pessoas me conhecem, conhecem algumas das meninas também que lutam comigo. O jiu-jitsu brasileiro ainda tem mais prestígio, apesar de lá fora ter crescido muito, e ter nomes fortes, mas sempre tem um prestígio a mais quando é do Brasil, tanto que o Campeonato Brasileiro é comparado ao Campeonato Mundial, tanto no Master quanto no adulto”, afirmou.

O sucesso brasileiro no esporte começa pelo desenvolvimento da modalidade nas esferas menores. O jiu-jitsu maringaense, como Danny ressalta, tem revelado muitos atletas de alto nível, elevando a qualidade do campeonato nacional e atraindo atletas de outros países para o país. No entanto, muitos dos lutadores brasileiros não conseguem competir no exterior, por falta de apoio e patrocínio.

Segundo Danny, falta visibilidade para o esporte no Brasil, que não recebe a devida atenção do público e o incentivo das autoridades que deveriam fomentar a prática.

“Falta [visibilidade] porque o jiu-jitsu não é olímpico, então isso acaba atrapalhando um pouco. Para você conseguir uma bolsa-atleta também é um pouco mais complicado. Maringá ainda tem bolsa-atleta para jiu-jitsu, mas não tem para a categoria Master, que tem muitos atletas e muitos resultados. Na categoria nacional, por exemplo, [para ganhar] uma bolsa-atleta com valor de bolsa nacional aqui em Maringá, você tem que ter sido pódio de um campeonato brasileiro na temporada anterior. Então você não tem um incentivo para conseguir chegar, você já tem que estar lá para poder conseguir. Lá fora o jiu-jitsu tem muito mais prestígio do que aqui [no Brasil], é diferente a valorização do pessoal, até patrocínio lá é muito mais acessível do que aqui, tanto que os maiores [atletas] estão lá fora, já foram embora”, explica.

Danny Arouca planeja uma pausa na carreira de atleta

Aos 46 anos, Danny Arouca pratica jiu-jitsu desde 2013, mas também divide sua rotina com outras atividades. A maringaense é policial militar há 18 anos, foi candidata a vereadora e gerencia um projeto de defesa pessoal e condutas de prevenção para mulheres, onde incorpora sua experiência como lutadora.

Desta maneira, para poder se dedicar melhor aos outros compromissos, Danny planeja parar de competir em alto nível e participar esporadicamente de campeonatos de jiu-jitsu. Esse foi o motivo, inclusive, dela não ter competido no Mundial 2024, onde esteve presente para receber a premiação.

“Eu fechei a temporada e, como eu ia começar a minha campanha [eleitoral], eu decidi não iniciar novamente. Na verdade, eu já tava pensando em parar de competir a alto nível. Participar de competições esporádicas, mas não me dedicar 100% como atleta como eu tava me dedicando, por causa de outros projetos. Tinha a questão da campanha, minha escala na polícia, mas também os meus projetos com mulheres, que eu tenho já há sete anos e ele cresceu bastante nos últimos tempos. Então eu quero me dedicar mais a isso agora”, explicou a lutadora.

A defesa pessoal se tornou um tema muito importante na vida da atleta. Em 2017 ela sofreu uma tentativa de assalto em Maringá, mas reagiu à abordagem e conseguiu prender o assaltante. A partir desse momento, percebeu a necessidade de passar suas experiências e seus conhecimentos para outras mulheres. Bem devagar, ela foi elaborando conteúdos e palestras sobre o tema, para evitar situações como a que ela sofreu ou, se não for possível, aprender a se defender.

Os principais títulos da carreira de Danny Arouca

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