Mais de 150 títulos: Atleta de Marialva empilha conquistas na sinuca e ganha homenagem
Empilhando títulos brasileiros e paranaenses, individuais e por equipes, Eládio Silvestre é um expoente da sinuca na região de Maringá. O Vaca, como é conhecido, é natural de Marialva, cidade onde ainda mora e desenvolve sua paixão pelos jogos de bilhar.
Vaca, de 63 anos, é tetracampeão do Campeonato Brasileiro de Sinuca Six Reds, sagrou-se campeão da Copa do Brasil neste ano e já perdeu as contas de quantas vezes já conquistou campeonatos paranaenses, regionais e outros.
“Eu tenho uns 150 troféus só de títulos individuais. Então são muitos. Eu não tenho como falar a quantia de regionais e paranaenses”, diz o sinuquista, que se orgulha da galeria de troféus lotada.

Mais de 20 anos de carreira
O início dessa carreira tão sucedida aconteceu em 2001, quando Vaca já tinha 39 anos, o que aumenta ainda mais seus feitos. A vida na sinuca, apesar de ser presente desde a infância, veio depois de outra modalidade. Vaca era jogador de futebol amador, tendo disputado inúmeros campeonatos em Maringá e região. Mas uma lesão no joelho encerrou previamente sua presença nos gramados. Foi aí que a sinuca apareceu, e nunca mais foi abandonada.
“Teve um campeonato em Maringá, um Paranaense, e não tinha jogador na região na época. Eles me chamaram, porque sabiam que eu já jogava, brincava, que eu tinha um conhecimento. Eles me chamaram, e acabei chegando nas finais deste campeonato. E aí eu comecei firme no Clube Olímpico de Maringá e estou até hoje jogando”, conta Vaca.
Embora não fosse o foco, a paixão do atleta pela sinuca começou bem cedo, quando ainda era um “piazinho”. Aos oito anos de idade, o marialvense ganhou uma mesa de plástico de sua mãe, tornando-se sua principal brincadeira. “Eu acho que foi ali que eu me apaixonei mesmo pelo esporte”.
Da brincadeira, a sinuca se transformou em uma parcela importante da vida de Vaca. O esporte não é a principal atividade do vendedor, mas é levada a sério. Um esporte amador encarado com profissionalismo.
“É um hobby. Mas eu viajo o Brasil todo pra jogar, os Campeonatos Brasileiros geralmente são nas capitais. Esse ano eu já joguei em São Paulo, ano passado nós jogamos em São Luís do Maranhão, Curitiba, vários lugares. Então, a gente viaja muito o Brasil todo. É um negócio bem profissional, mas não é profissional, é um esporte amador. Mas a gente leva bem a sério, tem que treinar forte pra chegar, pra você conquistar alguma coisa. E a gente se dedica bastante”.
Títulos por todo o Brasil
A primeira aventura do paranaense foi no Rio de Janeiro. Vaca foi sozinho em 2011 para disputar o Campeonato Brasileiro e, logo de cara, contou com um desfecho improvável. Como uma “zebra”, o atleta conquistou o título do torneio, em meio aos maiores nomes da sinuca do Brasil.
“Na época só tinha eu aqui da região. Peguei o voo e fui pra lá. Comecei desacreditado e quando fui ver eu já estava nas semifinais. Eu era tipo uma ‘zebrona’ na época, porque eu era jogador novo e tinha muito jogador forte. Foi indo, foi indo e ganhei o campeonato. O primeiro [título] é o que mais marca”.

Depois do Rio, Vaca voltou a conquistar o título brasileiro nos anos de 2017, em Curitiba, 2019, em São Luís, e em 2024, em Caxambu, cidade onde também foi campeão pela primeira vez da Copa do Brasil, em fevereiro deste ano.
Dos títulos brasileiros, dois foram na categoria máster, também chamada de livre, e outros dois na categoria sênior, para atletas com mais de 55 anos. Mesmo com a idade, Vaca ainda disputa torneios nas duas categorias. A modalidade que mais costuma competir é a “snooker six red”, jogada com seis bolas vermelhas, o que denomina a especialidade. Utilizando mesas maiores, o snooker é uma variação do bilhar diferente da “sinuca de boteco”, sendo necessário estar filiado a uma federação para competir.
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Para ele, o segredo para tantas vitórias é simples: treinamento. A prática diária é essencial para melhorar a performance, tanto com treinamento solitário ou contra um oponente. Mas o carácter do jogo necessita de outro desenvolvimento, ainda mais primordial em uma partida. A concentração na sinuca é o grande diferencial do jogo, e o treinamento mental é indispensável.
“O cara que se dedica mais tem mais chance. Eu acredito que quem se dedica cinco, seis horas por dia, tem muito mais chance. Quando tem campeonato, eu treino duas ou três horas por dia. Mas o principal é o mental, viu? Mental é o número um. É pura concentração. Se você ficar nervoso você perde, eu acho que 90% é concentração. E tem uma parte de estudo também, é um jogo de pura estratégia”.
Homenagem
O sucesso de Vaca no esporte o colocou como um grande nome da modalidade no Paraná, e gera orgulho em Marialva, que foi demonstrado em forma de homenagem. O Clube dos Trinta inaugurou um salão dedicado à sinuca, com oito mesas profissionais, e nomeou o espaço como “Eládio Silvestre Vaca”.

O primeiro campeonato a ser realizado no salão será os Jogos Abertos, que acontecem nos dias 2 e 3 de agosto e vai reunir atletas de toda a região. Logicamente, Vaca estará presente. O experiente atleta conta que continuará competindo até quando for possível, apesar de já ter conquistado tudo.
“Não, não tenho [mais sonhos na carreira]. Eu gosto de participar. Eu quero continuar, até a hora que der, continuar participando, treinando, me dedicando, mas já vai mudando muito, né? Não é igual antigamente que a gente treinava bastante. A idade vai chegando, então eu acho que os jovens têm mais chance de chegar. […] Ah, vixe. Me sinto realizado, sim. Com toda certeza”.