Medalhistas no Pan Júnior 2025 se desenvolvem em Maringá e miram sequência no ciclo olímpico


Por Felippe Gabriel

O Brasil bateu recorde de premiações nos Jogos Pan-Americanos Júnior Assunção 2025, realizados em agosto, no Paraguai. Foram 70 ouros, 50 pratas e 55 bronzes, totalizando 175 pódios. A liderança no quadro de medalhas também teve carimbada a marca de Maringá, com cinco atletas que vivem na cidade atualmente.

Davi Sodré conquistou o bronze no Ciclismo BMX Freestyle Park; Luana Flores e Ryanne Gama conquistaram o ouro no handebol feminino; e as gêmeas Mariely e Ariely Faria levaram o Brasil ao ouro no rubgy sevens.

As competições marcaram o início do novo ciclo olímpico rumo aos Jogos Olímpicos Los Angeles 2028, além da preparação e classificação para os Jogos Pan-Americanos Lima 2027.

Com Maringá como casa, onde tiveram a chance de se desenvolver e se destacar entre tantos brasileiros, os cinco atletas agora vão lutar para seguirem representando o país nas próximas competições e, quem sabe, chegar ao Olimpo do esporte.

Foto: Montagem/Victor Feldman; Bruno Ruas/RuasMidia

Davi Sodré chegou a um polo do ciclismo

— A competição foi parte da diversão que é andar de bike, mas tive que pensar em estratégias para fazer uma boa apresentação, criando minhas voltas com manobras que eu treino no meu dia dia, além de me preparar com treinos de respiração e foco que me dão clareza em cada descida. O meu objetivo indo para Assunção era não cair, fazer minhas manobras sem erro e conseguir mostrar o que eu venho treinado nos últimos anos — disse o ciclista, orgulhoso de sua medalha de bronze.

Mesmo com diversão, só se chega ao pódio com treinamento. É aí que Maringá se torna tão importante. Inaugurado em setembro de 2024, o Centro Nacional de Treinamento BMX Freestyle Park colocou a cidade no centro do ciclismo brasileiro, sediando diversos campeonatos importantes e recebendo os melhores atletas, como Gustavo “Bala Loka”.

Desde março, o espaço também se tornou a casa do londrinense Davi. A família e ele, que já moraram em cidades como Los Angeles e Cidade do México, decidiram se mudar para Maringá pensando no desenvolvimento do atleta de 22 anos.

Foto: Victor Feldman

— Iniciei no esporte com 10 anos, quando tive minha primeira bicicleta BMX. Depois de 12 anos viajando por novas pistas e competições, vim para Maringá por causa do Centro de Treinamento. Aqui estou evoluindo e aprimorando as manobras, criando uma conexão maior com a bike.

Classificado para o Pan 2027, graças ao desempenho em Assunção, Davi já vislumbra voltar para Los Angeles, dessa vez para competir no Jogos Olímpicos.

Eu vou estar lá! Preciso treinar bastante, não só na bike, mas em tudo que melhora meu condicionamento para uma boa performance. Estar participando de campeonatos que me qualificam para as competições pré-Olimpíadas, confiar em Deus e ser o instrumento dele para estar fazendo a sua vontade na minha vida e na vida das pessoas ao meu redor.

Foto: Grazie Batista/COB

Ryanne Gama superou lesão para ir ao Paraguai

Natural de Altamira (PA), Ryanne joga handebol desde os 10 anos. A atleta se mudou para Foz do Iguaçu, onde jogou por dois anos até chegar ao Handebol Maringá, em 2023. Por conta de uma parceria, a paraense também atua emprestada ao Londrina, mas defenderá o time maringaense em outubro nos Jogos Universitários Brasileiros, em Natal.

Um dos destaques do Brasil no ouro conquistados no Pan Júnior, a meia esquerda se surpreendeu com a campanha invita da equipe até o título contra a Argentina, mas atribuiu o sucesso ao talento do grupo.

—Sempre soube que nosso time tinha grandes chances de vencer, são meninas extremamente habilidosas e uma comissão técnica muito boa. Superou minhas expectativas pela forma como fomos durante a competição, crescendo a cada jogo — explicou.

Antes do sucesso, porém, a carreira de Ryanne foi ameaçada por uma grave lesão no ombro. A atleta ficou afastada por sete meses ao longo de 2024, precisando passar por cirurgia e tratamentos de fisioterapia. A volta aos treinos aconteceu em outubro, mas a participação em jogos foi apenas neste ano. Durante a recuperação, a jovem chegou a pensar que sua trajetória no handebol poderia ser atrapalhada.

— Foi a minha maior preocupação. Achei que nunca mais seria a mesma, então quando veio a convocação foi uma alegria enorme. Representar o Brasil num campeonato tão grande assim é o sonho de qualquer atleta e ser uma das 14 escolhidas foi muito incrível, por que me fez ver que a lesão não foi o fim do mundo e que todo meu trabalho foi recompensado.

Foto: Bruno Ruas/RuasMidia

Com a medalha de ouro no peito, Ryanne acredita que participar dos Jogos de Lima em 2027 não é um sonho tão distante, mas a caminhada até Los Angeles 2028 é maior, e que poderá se concretizar com muito trabalho e aprendizado.

— É surreal a sensação, quando eu senti a medalha no pescoço não sabia como reagir, só sabia sorrir. Minha ficha só caiu quando voltei pro Brasil e abracei minha família. Ali me veio uma sensação de dever cumprido! — comemorou.

Luana Flores rodou o país e realizou um sonho

Mais uma integrante da seleção de handebol feminino, Luana Flores também rodou pelo país antes de chegar à Maringá. Gaúcha de Capão da Canoa, litoral do RS, a pivô começou a carreira aos 11 anos, passando por três anos de amadurecimento ao compor as equipes principais da cidade e participando de competições estaduais.

Aos 14 anos de idade, Luana partiu sozinha para Balneário Camboriú (SC), onde conquistou títulos coletivos e individuais que culminaram, em 2023, na tão sonhada convocação para a Seleção Brasileira Juvenil, para a disputa do Campeonato Sul-Centro Americano. O Brasil foi campeão invicto na ocasião.

Em 2024, a atleta voltou ao estado de origem para defender o Torres, estreando na Liga Nacional de Handebol. Assim, Luana foi convocada para disputar o Mundial Juvenil Feminino, na China. Em junho deste ano, desembarcou em Maringá e, ao mesmo tempo, foi chamada para o Pan Júnior de Assunção.

— Quem me conhece sabe que sempre sonhei em representar o meu país, e a cada convocação parecia que era a primeira, a incerteza, o nervosismo, o frio na barriga e a felicidade ao ver meu nome lá — disse a atleta.

Foto: Fede Pancaldi

O topo do pódio conquistado pelo Brasil garantiu a vaga da seleção nos Jogos Adultos em 2027. Assim, como Ryanne, Luana também vê a competição muito próxima e encara o período de experiências no Paraguai como fundamental.

— Estar em Assunção, representando a seleção brasileira, em tantos jogos importantes, numa competição que tem um peso tão importante. Estar lá junto com a comissão técnica da seleção adulta, tendo essa experiência, recebendo toda essa bagagem de informação técnica e tática. Acho que não tem explicação.

De olho também no Sul-Centro Americano deste ano e no Mundial Júnior do ano que vem, a gaúcha olha, por enquanto de longe, para as Olimpíadas 2028.

— Eu sempre almejei estar na seleção, chegar em Jogos Olímpicos, realmente estar na seleção adulta. Acho que esse já foi um passo muito importante para, quem sabe, um dia, se possível, estar lá. Então, estar dentro de um ciclo olímpico, receber uma medalha com o peso que teve essa, o peso que teve essa competição, é a realização de um sonho para mim — completou Luana. 

Gêmeas rumo à São Paulo

As Yarinhas foram campeãs do Pan Júnior 2025 contando com o brilho das gêmeas maringaenses Mariely e Ariely, atletas do Maringá Rugby. Não só isso, as duas foram fundamentais para que o Brasil chegasse ao título.

Na semifinal, contra o Canadá, a vitória começou a ser construída com um try de Mariely. Na final, diante dos EUA, o Brasil saiu na frente com um try de Ariely, mas levou a virada. No segundo tempo, com mais um o try da maringaense, a seleção fechou o placar em 17 a 7.

Além do desafio de enfrentar os melhores times do mundo, Marielly disputou os jogos com uma lesão no joelho, sofrida um mês antes, em amistoso de preparação contra a Argentina.

— No momento esqueci a dor, deixei de lado. Só queria sair satisfeita com o trabalho e saímos com muita experiência. Eu fiquei grata por tudo que estávamos vivendo, eu amei mais uma vez poder colocar a camiseta da Seleção brasileira e trazer mais um título — disse Marielly.

Arielly (esq.) e Marielly (dir.) foram formadas no Maringá Rugby | Foto: Bruno Ruas/Ruas Midia/Brasil Rugby

— No pódio foi incrível, porque quando olhei pro lado estavam Canadá e EUA. Foi surreal, nunca na minha vida pensei que poderia estar do lado desses dois países, e nós estávamos bem no centro — comemorou Arielly.

Com o ouro, a seleção conquistou a vaga no Pan de Lima 2027. Mas as gêmeas foram além: receberam um proposta para morar em São Paulo e fazer parte da Seleção Brasileira Adulta de Rugby. A partir de agora, o sonho de poder viver de rugby poderá se tornar realidade e as marigaenses já vislumbram disputar campeonatos mundiais, Pan-Americano Adulto e, quem sabe, os Jogos de Los Angeles-2028.

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