Prometeram e cumpriram: gêmeas maringaenses conquistam três medalhas em Paris


Por Brenda Caramaschi

As “Gêmeas da Natação” como são conhecidas Beatriz e Débora Borges Carneiro fizeram uma dobradinha no pódio na tarde desta segunda-feira, 2. A prata e o bronze foram conquistados pelas irmãs nos 100m peito SB14, para atletas com deficiência intelectual, nas Paralimpíadas. Débora ficou com o segundo lugar e Beatriz com o terceiro, atrás apenas da britânica Louise Fides, que ficou com o ouro.

Beatriz Carneiro foi bronze e sua irmã gêmea, Débora (de braços levantados), prata nas Paralimpíadas de Paris 2024 — Foto: Marcello Zambrana/CPB

A conquista dupla veio no dia do aniversário do pai das gêmeas, Eraldo Carneiro, que acompanhou tudo de perto, assistindo a prova, em Paris. As duas bateram quase juntas na borda para a conquista das medalhas: Débora completou a prova com o tempo de 1min16s02, enquanto Bia anotou 1min16s42. A promessa de trazer três medalhas para Maringá foi feita por Débora, em uma entrevista ao Portal GMC Online em julho, na reta final da preparação para a competição. 

O técnico André Yamazaki acompanha as “gêmeas da natação” há dez anos e conta que a prova foi emocionante. “Foi uma prova muito disputada, um momento único. Elas nadaram super bem, muito próximas das melhores marcas e o que fica é a sensação de dever cumprido, missão cumprida, com as duas no pódio. Elas estão extremamente felizes e motivadas. Agora é só curtir a premiação e os momentos em Paris  e voltar para casa com três medalhas”. A terceira medalha citada pelo treinador foi conquistada neste domingo, 1, quando Beatriz garantiu o bronze brasileiro ao integrar o time de revezamento 4×100 livre S14.

Retrospecto de sucesso das ‘gêmeas da natação’

Aos 26 anos, as irmãs perderam as contas de quantas medalhas conquistaram ao longo da carreira. As duas começaram a apresentar os primeiros sinais de atrasos na intelectualidade aos cinco anos e aos 12 o laudo definitivo de deficiência intelectual foi emitido. “A gente passava por muita dificuldade por causa do preconceito. Hoje a gente escuta ‘meu sonho é nadar em uma Olimpíada igual vocês’” disse Débora em entrevista ao GMC Online.

As gêmeas passaram por sete escolas até se formarem no ensino médio, em Maringá. As duas aprenderam a nadar ainda pequenininhas, mas foi depois da morte da mãe, quando estavam com 11 anos, que o pai investiu nos treinos de natação como uma forma de ocupar a mente das duas. O desempenho das gêmeas superava o de outros alunos da academia e começou a chamar atenção. Na primeira competição que elas participaram, já foram campeãs brasileiras 

Beatriz foi a primeira atleta no Brasil a disputar uma Paralimpíada na categoria delas, em 2016, no Rio. Naquele ano, Débora teve uma apendicite que a impediu de conseguir a classificação para participar da competição ao lado da irmã. Já em Tóquio, as duas foram medalhistas. Beatriz foi bronze nos 100m peito SB14, enquanto Débora ajudou o Brasil a levar o bronze no revezamento 4x100m livre S14.  Em 2023, fizeram uma dobradinha no pódio dos jogos ParapanAmericanos: na prova dos 100 metros peito na classe S14, Débora conquistou o ouro e bateu o recorde das Américas com o tempo de 1:15.10, Beatriz ficou em 2º lugar e garantiu a prata com o tempo 1:15.72.

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