Racismo no futebol: MPF cobra ações mais firmes do governo federal
Caso envolvendo jogadores do Palmeiras reacende debate sobre impunidade e diferenças na legislação sul-americana. Leia!
No início do mês passado, dois jogadores do Palmeiras Sub-20 foram alvo de ataques de racismo durante uma partida contra o Cerro Porteño, válida pela Libertadores Sub-20, disputada no Paraguai.
Um dos casos mais marcantes envolveu o atacante Luighi, que, emocionado, chorou durante uma entrevista e cobrou providências da Conmebol — a entidade que comanda o futebol na América do Sul. Saiba mais.
MPF quer mais atitude contra o racismo
Diante do episódio, o Ministério Público Federal (MPF) cobrou nesta semana ações mais efetivas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do governo federal para combater o racismo no esporte. A preocupação é com a falta de punições adequadas e a recorrência desses atos em competições internacionais.
Leis diferentes, punições desiguais
Um dos principais entraves para combater o racismo no esporte sul-americano é a diferença nas legislações dos países. No Brasil, o racismo é crime. No Paraguai, onde ocorreu o episódio com os palmeirenses, ele é considerado apenas um “ato infracional”, com pena de multa — cerca de R$ 7 mil.
Segundo o advogado criminalista Pierpaolo Bottini para uma matéria da CNN Brasil, o ideal seria que “todos os países tratassem o racismo como crime, com punições proporcionais à gravidade do ato”. Ele explica que, no caso de ofensas cometidas no exterior, a punição no Brasil só é possível se o autor estiver em território nacional e se o país onde ocorreu o crime também o considerar como tal — o que, infelizmente, não é o caso do Paraguai.
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Punições leves e reações controversas
A Conmebol multou o Cerro Porteño em 50 mil dólares (aproximadamente R$ 288 mil) e determinou que o restante da participação do clube na competição fosse com portões fechados. Também obrigou o clube a publicar uma campanha contra o racismo em suas redes sociais — o que gerou ainda mais revolta, já que o post foi tomado por novos comentários ofensivos.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, pediu punições mais severas, sugerindo até a exclusão do Cerro da competição. Ela chegou a levantar a possibilidade de os clubes brasileiros deixarem de disputar torneios da Conmebol e migrarem para a Concacaf, que reúne clubes da América do Norte, Central e Caribe.
Por outro lado, o ex-jogador Carlos Gamarra, que já atuou no Palmeiras, relativizou o caso e afirmou que o jovem atacante “provocou a torcida”, o que gerou críticas nas redes sociais.
Como o esporte pode combater o racismo?
Combater o racismo no futebol e em outros esportes exige mais do que campanhas publicitárias. É necessário fazer a unificação de leis nos países que participam das competições, com punições realmente eficazes. Além disso, o treinamento e educação para torcedores, jogadores e dirigentes.
E tem mais: responsabilização direta de clubes e torcedores que praticam ou toleram atos racistas e iniciativas institucionais permanentes, como grupos de monitoramento e denúncias dentro das federações.
Quais são as possibilidades de combater o racismo no futebol brasileiro?
No Brasil, o racismo já é crime, mas ainda há muito a ser feito. Algumas possibilidades para combater no futebol incluem:
- Cumprimento rigoroso da Lei: garantir que casos de racismo sejam julgados e punidos com agilidade.
- Ações educativas nos clubes e estádios: promover campanhas contínuas, e não apenas após escândalos.
- Punições esportivas mais duras: perda de pontos, suspensão de clubes ou torcidas organizadas envolvidas em casos comprovados.
- Apoio às vítimas: garantir que jogadores, técnicos e torcedores que sofrem racismo tenham amparo jurídico, psicológico e institucional.
Por fim, o combate ao racismo não pode ser sazonal nem superficial. O esporte, que tanto une, também precisa ser um exemplo de respeito e igualdade — dentro e fora de campo.