A seleção americana masculina de basquete decepcionou no Mundial de 2023, disputado em Manila, nas Filipinas, caindo nas semifinais para a Alemanha e depois na disputa do terceiro lugar diante do Canadá. Para não amargar decepção nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, montou uma nova edição do “Dream Team”, com seus principais astros sendo comandados por Steve Kerr, na França. Defendendo o ouro olímpico das quatro últimas edições, os Estados Unidos veem os concorrentes apostando em estrelas da NBA para acabar com seu reinado. Uma comparação: o Dream Team de 1992 encarou nove atletas que atuavam em sua Liga, enquanto agora são 61 pela frente.
A forte liga de basquete americana se tornou universal, reunindo os grandes jogadores do planeta, e pode ser uma arma contra os americanos, antes soberanos na modalidade – levaram o ouro em sete das últimas oito edições olímpicas. Das 12 seleções que estarão em quadra em Paris a partir deste fim de semana, difícil encontrar alguma que não conte com alguém atuando na NBA.
Uma prova deste domínio vem do Top 10 de candidatos à jogador mais valioso em Paris-2024. A relação da Federação Internacional de Basquete (Fiba) tem os americanos LeBron James (principal candidato), Stephen Curry (em quarto) e Anthony Edwards (10º), além do sérvio Nikola Jokic (2º), o canadense Shai Gilgeous-Alexander (3º), os alemães Dennis Schroder (5º) e Franz Wagner (9º), o grego Giannis Antetokounmpo (6º), o francês Victor Wembanyama (7º) e o australiano Josh Giddey (8º).
As grandes favoritas para Paris-2024 carregam importantes peças da NBA, como o Canadá, a anfitriã França, a campeã mundial Alemanha e a vice Sérvia. Correndo por fora na luta para desbancar o Dream Team aparecem a Austrália e a Grécia. O Brasil tem Gui Santos, do Golden State Warriors, como representante, mas está longe da disputa por pódio.
Mesmo o Sudão do Sul, que por muito pouco não acabou com a invencibilidade de seleções africanas em confrontos com os Estados Unidos no basquete – perdeu amistoso recentemente por um ponto após ter 14 de vantagem -, conta com mão de obra da NBA. No caso, na comissão técnica. É dirigido pelo técnico Royal Ivey, assistente do Houston Rockets e que conhece bem os oponentes da Chave C.
LeBron James, Stephen Curry, Kevin Durant, Anthony Edwards, Anthony Davis e cia. têm estreia diante de um dos principais nomes da atualidade na NBA. No domingo, terão a Sérvia de Nikola Jokic pela frente. O MVP da última temporada (ganhou o prêmio três vezes) e campeão há dois anos com o Denver Nuggets, era dúvida para Paris-2024, mas acabou confirmado na vice-campeã mundial.
Uma das principais forças olímpicas, a Sérvia do técnico Svetislav Pesic ainda traz outros nomes da NBA para auxiliar Jokic: Micic e Pokusevskli, ambos do Charlotte Hornets. Nikola Jovic, do Miami Heat, seria outra peça importante, mas se contundiu.
Como as duas melhores seleções de cada grupo e mais dois terceiros colocados avançam – Porto Rico fecha a chave americana -, a preocupação do Dream Team deve ser na fase de mata-mata, na qual pode ter outras potências pela frente.
Derrotada na final olímpica dos Jogos de Tóquio, disputados em 2021, a França contará com os dois principais defensores da última edição da NBA para possível embate com os Estados Unidos nas fases mais agudas de Paris-2024: Rudy Gobert, do Minnesota Timberwolves, e o gigante prodígio Victor Wembanyama, do San Antonio Spurs. Batum, do Los Angeles Clippers, e Coulibaly, do Washington Wizards, são outras peças que atuam na NBA e estarão atuando em casa.
Os alemães são comandados pelo armador Dennis Schroder, ex-companheiro e amigo pessoal de LeBron James nos Lakers e atualmente no Brooklyn Nets. O astro tem grande prestígio no país e foi o primeiro porta-bandeira negro da história dos alemães.
Schroder já sabe como ganhar dos Estados unidos, pois foi a principal peça da Alemanha na campanha histórica do Mundial, e das semifinais, quando os europeus fizeram história com 73 a 71 sobre os fortes adversários. O armador terminou como MVP do Mundial. Os alemães ainda contam com Franz Wagner, ala do Orlando Magic, para tentar nova “zebra” contra os EUA, agora olímpica.
Em sua primeira Olimpíada, Stephen Curry reconhece que os Estados Unidos terão trabalho e pede que a vaidade de um elenco estrelar não atrapalhe. “Temos de adaptar nossos egos e saber que não importa quem esteja pontuando, é ir para quadra e fazer o que foi pedido para coisas boas acontecerem”, afirmou o armador.
A precaução vem pelos duros amistosos na fase de preparação. Apesar de passar ileso, os Estados Unidos tiveram trabalho diante de Sudão do Sul e Canadá. Ainda encarou Alemanha, França e Sérvia em jogos com momentos de dificuldade. Questionado sobre qual rival gostaria de enfrentar, Curry emendou: “O que quer disputar o ouro com a gente”.
O Canadá, por sinal, é quem mais conta com peças da NBA: são 10 convocados. De volta a uma Olimpíada após 24 anos, mostram enorme confiança no entrosamento de suas principais estrelas, casos dos armadores Shai Gilgeous-Alexander, destaque do Oklahoma City Thunder, e Jamal Murray, principal parceiro de Jokic no Denver Nuggets, além de Barrett e Olynyk (Toronto Raptors), Luguentz Dort (Thunder) e Dillon Brooks (Houston Rockets).
Sempre surpreendendo as seleções mundiais, a Austrália que antes se honrava de chamar peças que atuam no continente, também se rendeu à NBA. De lá virá quase toda a base olímpica. São oito atletas que atuam nos Estados Unidos: Giddey, Mills, Green, Daniels, Exum, Joe Ingles, Reath e Landale. A Grécia apostará em Giannis Antetokoumnpo para fazer frente aos americanos. O astro do Milwaukee Bucks costuma aprontar na NBA e espera repetir a dose em solo francês.
Fora da lista de favoritos, o Japão deve brigar com o Brasil para ser um dos dois melhores terceiros colocados da fase de classificação. A estrela do campeão asiático de 2023 é Rui Hachimura, companheiro de LeBron nos Lakers. A seleção ainda conta com outras duas peças atuantes na NBA: Keisel Tominaga, dos Pacers, e Yuta Watanabe, dos Suns.