Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

22 de novembro de 2024

Pesquisa: Machismo no Vinho no Brasil


Por Marcelo Copello Publicado 25/02/2021 às 13h40 Atualizado 19/10/2022 às 10h21
Ouvir: 00:00
Foto: Ilustrativa/Kelsey Knight/Unsplash

Em outubro de 2020 o New York Times noticiou um escândalo de assédio sexual em uma das entidades mais respeitadas do mundo do vinho, a Court of Master Sommeliers, dos Estados Unidos. Segundo o jornal, 21 mulheres relataram casos de sexismo, o que culminou, em dezembro passado, na troca de toda a direção da entidade. 

Dos 11 novos membros da diretoria, três são mulheres, com duas que se identificam como gays, dois asiático-americanos e sete homens brancos. Foi informado que não há nenhum negro pelo fato de não haver nenhum elegível no momento. 

Vale ressaltar que a Court of Master Sommeliers dos Estados Unidos desde 1997 já concedeu 155 títulos de Master Sommelier, e destes 131 são homens e apenas 24 mulheres.

Com toda esta poeira levantada resolvi colocar um termômetro em nosso mercado e, através de uma pesquisa, ver como estamos no quesito machismo, na opinião de quem o sofre, as mulheres.

A pesquisa

Como foi feita?

A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 25 de janeiro de 2021, entre os seguidores e contatos de Marcelo Copello – 30 mil no Instagram, 67 mil no Facebook, além de Twitter, Linkedin, Youtube, grupos de WhatsApp, site (www.marcelocopello.com) e programa de rádio em rádios CBN do Paraná.

Data: 18 a 25 de janeiro de 2021

Participantes: 500 mulheres

Localização: 18 estados brasileiros representados

Perfil: profissionais atuantes no mercado de vinhos no Brasil

Análise e conclusões

A primeira, esperada e óbvia conclusão, é de que as mulheres estão muito magoadas com os homens e que se sentem prejudicadas no mercado de trabalho do vinho. Cerca de 80% respondeu que acha o meio profissional do vinho um ambiente machista.

Por outro lado, conversas com algumas entrevistadas apontam para o vinho como um meio menos machista que o da cerveja ou dos destilados. 

Outras conclusões

– As mulheres atuam em todas as áreas dentro do mercado de vinho, por vezes em mais de uma atividade. Temos desde estudantes até empresárias de relevo e de sucesso. Tive cerca de 60 respostas diferentes e muitas múltiplas repostas à pergunta “Qual a área que atua no mercado de vinhos”.

– Mulheres trabalham com vinho na maior parte do território nacional, já que tive entrevistadas em todas as regiões e em 18 estados

– A participação das mulheres é recente e crescente, já que das entrevistadas a maior participação é de mulheres que trabalham com vinho a menos de 5 anos

– As causas desta comprovada insatisfação feminina são múltiplas. Na pergunta do “porque” acharem que o meio profissional do vinho é machista haviam 7 opções em múltipla escolha (com opção de marcar mais de uma) e possibilidade de acrescentar outras causas. Praticamente todas as participantes marcaram mais de uma resposta, e cerca de 40 acrescentara, outras causas. 

– As mulheres que acham que não há machismo no meio profissional do vinho (cerca de 20%), tem como principal motivo para pensar assim o fato que de acharem que a oportunidades e as dificuldades para se empregar são as mesmas para ambos os sexos e nunca forma assediadas ou discriminadas. 

– Recebi 98 relatos, ou seja mais de 20% das entrevistadas descreveu ter vivenciado algum caso de machismo, incluindo uma que falou em estupro. Os relatos serão todos publicados na íntegra, sem nenhum tipo de edição, preservando apenas os nomes das entrevistadas.

Eu gostaria de agradecer as inúmeras mulheres profissionais do vinho que enviaram mensagens de apoio e agradecimento a iniciativa tomada com pesquisa. Espero com este material ajudado a jogar luz sobre um assunto que estava sendo varrido para debaixo do tapete. 

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação