22 de julho de 2025

Brasileira é presa contrabandeando 60 canetas emagrecedoras com medicamento experimental


Por Agência Estado Publicado 06/06/2025 às 16h43
Ouvir: 05:17

Uma passageira brasileira de 31 anos, natural de Taúa, no Ceará, foi detida com 60 unidades de retatrutida e 30 unidades de Mounjaro – canetas emagrecedoras – presas ao seu corpo no Aeroporto de Salvador, na Bahia, na noite da última quarta-feira, 4. A informação foi confirmada pela Receita Federal, que realizou a apreensão.

A retatrutida é uma molécula ainda em estudo clínico fase 3, e que, portanto, não está aprovada em nenhum país, de acordo com a farmacêutica Eli Lilly. “Trata-se de um medicamento experimental da Lilly que atua nos receptores de três hormônios, GLP-1, GIP e Glucagon, promovendo a redução de peso, controle da glicemia e redução dos índices de gordura no fígado”, disse. A Receita Federal não esclareceu como a mulher teria adquirido o produto.

Apesar dos resultados animadores, conforme a empresa, sua eficácia e segurança ainda estão sendo testadas e, portanto, o processo de aprovação regulatória junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou a agências de qualquer lugar do mundo, sequer foi iniciado. “Ou seja, ele ainda não foi aprovado em nenhum país e não pode ser comercializado.”

Conforme a Receita Federal, a retatrutida tem um maior potencial que o Mounjaro, uma vez que age em três hormônios diferentes, reduzindo o apetite e aumentando a queima de gordura.

“A passageira foi identificada por meio de trabalho integrado e informações compartilhadas pelas equipes da Receita Federal em todo território nacional. A equipe do Aeroporto Internacional de Fortaleza havia emitido um alerta”, disse.

A Receita Federal disse que lavrou o Termo de Retenção e encaminhou a passageira e os produtos para custódia da Polícia Federal, pelo flagrante de crime de contrabando. Como o nome dela não foi divulgado, a defesa não foi localizada.

Conforme a ocorrência, a passageira veio de um voo da companhia Air Europa, procedente de Madri, na Espanha, com origem em Bruxelas, na Bélgica, e tendo Fortaleza como destino final.

De acordo com a Receita Federal, as canetas têm valor de mercado estimado em R$ 400 mil, embora o valor de aquisição tenha sido de R$ 50 mil, conforme declaração feita pela passageira.

O Mounjaro, também da farmacêutica Eli Lilly, chegou recentemente às farmácias brasileiras e tem como princípio ativo a tizerpatida, tendo ação semelhante à de dois hormônios. Por aqui, o remédio foi aprovado pela Anvisa em setembro de 2023 para tratamento da diabetes tipo 2.

O uso pode ser feito por adultos, não recomendado para menores de 18 anos. A aprovação para utilização no tratamento da obesidade ainda está em análise por aqui – embora já seja indicado para essa finalidade em outros países.

A aplicação do Mounjaro é semanal e subcutânea, e a dose é progressiva. O tratamento com a tirzepatida deve começar na dosagem de 2,5 mg e passar pelas doses de 5 mg, 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg, até chegar a 15 mg. O uso do remédio deve ser feito com acompanhamento médico e também pode oferecer efeitos colaterais como hipoglicemia, náuseas e incômodos gastrointestinais.

Em relação a Mounjaro, a Eli Lilly afirma que tem acompanhado com preocupação a proliferação de notícias de contrabando, bem como a comercialização em massa de versões falsificadas e manipuladas de tirzepatida, o princípio ativo de Mounjaro. “Qualquer medicamento à base de tirzepatida, diferente da original da Lilly, não passou por estudos clínicos para embasar o perfil de eficácia e segurança, e sua qualidade não foi avaliada e aprovada pela Anvisa, representando riscos potencialmente fatais para quem os usa”, disse.

A Eli Lilly destaca que tem parcerias com governos internacionais, agências reguladoras e autoridades policiais para ajudar a garantir que os pacientes recebam apenas medicamentos originais e para apoiar investigações sobre possíveis falsificações, manipulações irregulares ou contrabando.

Ainda segundo a farmacêutica, o Mounjaro é um dos medicamentos mais promissores e inovadores da Eli Lilly em cardiometabolismo, e inaugura uma nova classe terapêutica para o tratamento do diabetes tipo 2.

“É o primeiro e único tratamento aprovado no Brasil e no mundo, capaz de atuar nos receptores dos dois hormônios incretínicos, o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon), promovendo reduções superiores de hemoglobina glicada e peso corporal de forma mais rápida, em todas as doses estudadas, quando comparado à semaglutida 1mg injetável”, completou.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

PMs são flagrados agredindo motociclista em SP; vítima grita que está sendo enforcada


Policiais militares foram flagrados agredindo um motociclista durante uma abordagem, na noite do último dia 12, em uma rua da…


Policiais militares foram flagrados agredindo um motociclista durante uma abordagem, na noite do último dia 12, em uma rua da…

Geral

Cachorra ‘vira-lata’ se torna perita da Polícia Científica de SP


Uma cachorra vira-lata encontrada abandonada em São José dos Campos ganhou não só um lar, mas também uma profissão. Após…


Uma cachorra vira-lata encontrada abandonada em São José dos Campos ganhou não só um lar, mas também uma profissão. Após…