Cancelas de pedágio da região de Maringá estão abertas; como será a partir de agora?

O sábado começou com cancelas liberadas nas quatro praças de pedágio da região de noroeste: Marialva, Presidente Castelo Branco, Floresta e Campo Mourão. Outras três praças do lote 2 do Anel de Integração, administradas pela Viapar, também estão liberadas para o tráfego.
Os veículos passam por pistas laterais, sem cabines de pedágio. A reportagem acompanhou o tráfego pela manhã. A maioria dos carros, motos e caminhões reduzia a velocidade ao passar pelas praças de pedágio desativadas. Mas alguns veículos passavam em alta velocidade. Equipes da Polícia Militar estavam no local.
O segurança Daniel Calegari estava lá, no prédio do DER, desde às 6h, e disse que o trânsito fluía tranquilamente. Alguns motoristas ainda se confundiam e achavam que tinham que pagar a tarifa.
Grupos de motociclistas pilotavam pela rodovia tranquila, ensolarada e sem pedágio. Um motociclista passou pela praça fazendo um sinal com as mãos como se estivesse agradecendo que as cancelas estão liberadas.
O casal Lídia e Tiago Frinhani, que também viajava de motocicleta para curtir o fim de semana, disse que sem pedágio o passeio fica bem mais barato. “Sempre viajamos aos fins de semana e os pedágios atrapalhavam, aumentavam bastante o custo. [Vamos para] Londrina e vamos economizar quatro pedágios, dois de ida e dois da volta”, comentou Frinhani.
Os caminhoneiros, que durante 24 anos buscaram rotas alternativas, desvios, ou bancavam os altos custos, agora vão ganhar mais com o frete. O caminhoneiro Eberson Silva não é autônomo, mas sabe o peso da tarifa no transporte de cargas. “Diminuiu bem. O valor do pedágio no Paraná era exorbitante, tinha que ser um valor melhor, porque a gente vê muitos autônomos que às vezes deixam de se alimentar ou levar alguma coisa para casa porque precisam pagar o pedágio e não sobra”, destacou.
Em relação a acidentes, a orientação é que os usuários das rodovias acionem a Polícia Rodoviária Federal, nas estradas federais, pelo 191; a Polícia Rodoviária Estadual, nas estradas estaduais, pelo 198, ou o Corpo de Bombeiros, pelo 193. Não há mais o serviço de assistência pelo 0800 da Viapar. O Governo do Estado vai licitar uma empresa de guincho.
Caso ocorra uma pane elétrica ou mecânica, o motorista deve acionar o seguro do carro ou um profissional. Foi o que aconteceu com a Yone Kushala que viajava sozinha com o cachorro para São Paulo. O carro, que tinha sido revisado antes da viagem, pifou perto do posto da Polícia Rodoviária Federal, numa área de acostamento.
Ela não conseguia acionar o socorro e esperava ajuda debaixo do sol. Yone foi socorrida por um policial rodoviário federal que empurrou o carro até um local seguro e na sombra. E ia ajudar a entrar em contato com um eletricista ou mecânico.

A PRF informa que o contrato de pedágio dos lotes 4 (Caminhos do Paraná), 5 (Rodonorte) e 6 (Ecovia) encerram às 23h59 deste sábado, 27, e esses trechos passam a não ter cobrança apenas à zero hora desse domingo, 28.
E no Paraná existem rodovias pedagiadas que não fazem parte do Anel de Integração, e a cobrança de tarifa segue normalmente.
Evasão do pedágio é uma infração de trânsito grave, com multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira de habilitação.
Como será a partir de agora?

O fim da concessão de rodovias no Paraná vai impactar diretamente no dia a dia de motoristas que trafegam pelo estado. Até que o novo modelo de concessão seja implementado, os usuários não precisarão pagar as tarifas de pedágio em nenhuma praça.
Segundo o Governo do Paraná, a manutenção do pavimento e da faixa de domínio das rodovias federais retorna ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Já as rodovias estaduais ficam sob a administração do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), que promoveu um edital de licitação para conservação das estradas, dividido em cinco lotes.
As empresas vencedoras vão prestar serviços rotineiros de conservação do pavimento (remendos superficiais e profundos, reperfilagem e microrrevestimento) e serviços de conservação da faixa de domínio (controle da vegetação próxima ao pavimento, limpeza e recomposição de elementos de drenagem, e limpeza e recomposição da sinalização e dispositivos de segurança viária).
O resultado final da licitação foi divulgado no último dia 18. O valor total dos cinco lotes ficou em R$ 93.491.447,26 para execução de serviços ao longo de 730 dias (dois anos). Como há perspectiva de lançamento do novo programa de concessões rodoviárias do governo federal no ano que vem, o valor executado pode ficar abaixo do total, devido à supressão dos serviços. Para estes casos, está prevista a possibilidade de rescisão contratual, sem penalidades para as partes envolvidas.
Ainda conforme o governo estadual, uma verdadeira força-tarefa foi formada pelas secretarias de Estado da Infraestrutura e Logística, da Saúde e da Segurança Pública, juntamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), para a continuidade dos principais serviços que até então eram prestados pelas concessionárias.
As operações incluem serviços de guinchos mecânicos, ambulâncias, inspeção de tráfego, atendimentos em casos de acidentes ou paralisação das pistas, canalização de fluxo nas praças de pedágio, entre outros serviços. Eles serão prestados nos 2,5 mil quilômetros de rodovias estaduais e federais que compõem o Anel de Integração até o início das novas concessões.
O secretário da Segurança Pública ressaltou que planejamento e integração são os dois pilares da atuação das forças paranaenses na força-tarefa. Segundo ele, toda a segurança será avaliada semanalmente pela pasta para aprimorar os trabalhos segundo a demanda das estradas.
Em caso de emergência, os usuários das rodovias deverão recorrer aos números 190, 191, 193 e 198 para solicitar atendimento. Todas ocorrências podem ser canalizadas no número 190, atendido pela Polícia Militar. No entanto, o usuário também pode direcionar a chamada segundo sua ocorrência.
Em caso de problemas na pista, motoristas que circularem por rodovias federais (BR) podem ligar diretamente para o número 191, atendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Usuários que estiverem nas rodovias estaduais (PR e PRC) poderão discar 198, que direciona para a Polícia Rodoviária Estadual.
No caso de acidentes com vítimas, o usuário deve ligar para o número 193, do Corpo de Bombeiros, tanto em rodovia federal quanto em rodovia estadual. Os atendimentos serão realizados em parceria com a rede de Samu.
Para isso, o Estado reforçou a Rede de Atenção à Urgência, que agora abrange quase 100% do território paranaense. Os serviços de atendimento pré-hospitalares contarão com reforço de 54 ambulâncias – 16 do Siate, operadas pelo Corpo de Bombeiros, e 38 do Samu, que serão coordenadas pelos municípios e consórcios municipais, com o aporte mensal de R$ 2,77 milhões da Secretaria da Saúde.
A maior parte do Anel de Integração – 1,8 mil dos 2,5 mil quilômetros de rodovias – é federal. Nesses trechos, o patrulhamento é feito pela Polícia Rodoviária Federal, que também reforçou a sua estrutura para atendimento após o fim das concessões.
O efetivo será de 40% a 100% maior, com presença estratégica nos trechos que demandam maior atenção — tais como praças de pedágio e locais onde houveram mais ocorrências.
Bens e obras
O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, ressalta que as concessionárias ainda possuem compromissos a serem cumpridos pelo Estado – tais como a finalização das obras devidas e a entrega de um levantamento dos bens existentes que serão repassados ao Estado.
“Quero salientar que o DER continua a brigar na Justiça contra todos os danos das concessionárias e contra as obras não executadas. Também destaco que todas as obras em andamento não serão paralisadas. As obras serão entregues mesmo após o encerramento do pedágio”, destacou Sandro Alex.
As três obras devidas pela Viapar, por exemplo, deverão ser concluídas em dois anos, segundo um acordo fechado com o Governo do Estado. A pena para não cumprimento é de R$ 347 milhões.
Outra responsabilidade das concessionárias é a guarda patrimonial das praças até que todos os bens reversíveis ao Estado e à União sejam entregues, seguindo um cronograma proposto pelas próprias empresas.
