Uma das principais tendências do mercado imobiliário mundial é a chamada “economia prateada” ou “economia da longevidade”, mercado voltado exclusivamente às necessidades das pessoas com mais de 60 anos.
Até 2050, a expectativa é que haja no mundo 2,1 bilhões de pessoas com mais de 60 anos (25% da população mundial) e o Brasil será o 6º país mais velho do mundo, passando de 30,3 milhões de idosos em 2017 para 68,1 mihões em 2050, segundo dados do Estudo Tsunami60+.
A explicação para esse fenômeno é que estamos tendo menos filhos e vivendo mais tempo. No Brasil, a taxa de natalidade passou de 6 filhos por mulher na década de 1960 para 1,7 filho por mulher em 2017; a expectativa de vida, que era de 45,5 anos em 1940 e atingiu 76,6 anos em 2019.
Além de os 60+ serem um público crescente, eles também se destacam em poder aquisitivo. O levantamento Índice de Poder Geracional de 2021, feito pela empresa Visual Capitalist e divulgado pela BBC, mostra que nascidos entre as décadas de 1920-1940 acumulam 32% da riqueza que os bilionários possuem nos Estados Unidos e os nascidos entre 1945-1964 concentram 43% do poder econômico do país.
As estimativas são que, em 2030, os idosos devam gastar cerca de US$ 15 trilhões, ante US$ 8,7 trilhões em 2020.
No Brasil, a lógica é a mesma. Dados de uma pesquisa conduzida pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), em 2020, apontou que os idosos correspondem a 17,4% dos brasileiros mais ricos. Além disso, eles são as pessoas de referência ou os chefes de família de 19,3% dos domicílios brasileiros.
Diante dessa nova economia emergente, construtoras já começaram a apostar em empreendimentos exclusivos para esse público.
Um exemplo é o Matture Home Life, que está sendo construído na região da Vila Mariana, em São Paulo, e oferece estrutura adaptada e atividades como hidroginástica, fisioterapia, arteterapia e ginástica funcional, já inclusas no valor do condomínio, além de um concierge de prontidão, para resolver todas as necessidades dos condôminos.
Mas não é apenas o mercado de alto padrão que pode se beneficiar da economia prateada. Os governos também estão começando a demonstrar preocupação com esse segmento da população.
Um exemplo é o Viver Mais Paraná, uma modalidade do programa estadual de habitação voltada ao atendimento de idosos com renda de um a seis salários-mínimos. Os moradores podem residir nas casas por tempo indeterminado, ao custo mensal de apenas 15% de um salário-mínimo, que atualmente equivale a R$ 156,75.
Em parceria com as prefeituras, a Cohapar contrata construtoras via licitação para a construção de condomínios horizontais fechados, com completa infraestrutura de saúde, assistência social e lazer. O primeiro condomínio exclusivo para idosos do Paraná foi entregue no início deste mês na região dos Campos Gerais.
E acredito que a tendência seja essa. Cada vez mais irão surgir empreendimentos focados primordialmente em atender às necessidades dos idosos, seja os que possuam mais poder aquisitivo, com imóveis de alto padrão, seja para os baixa renda, com programas que propiciem uma moradia adaptada e de qualidade a um preço acessível, ou que facilitem a compra da casa própria para esse público.
O fato é que a economia prateada é uma importante tendência que o mercado imobiliário brasileiro ainda precisa se despertar, para começar a aproveitar as oportunidades que estão à porta.