O que começou de forma simples, quase por acaso, acabou se transformando em um dos pontos mais curiosos e afetivos de Maringá. Há cerca de cinco anos, a diarista Adriana do Nascimento colocou uma boneca em frente à própria casa, na Rua Cristal, na região da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Desde então, os manequins, hoje uma verdadeira “família”, viraram atração para moradores, motoristas de aplicativo e até visitantes de outros bairros.
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A história começou no início da pandemia, quando um familiar de Adriana, que trabalha com reciclagem, encontrou um manequim e decidiu levá-lo para ela. Sem saber o que fazer com a boneca, Adriana teve a ideia de colocá-la na frente da chácara onde mora há mais de 40 anos, com o objetivo simples de alegrar quem passava pela rua. A boneca ganhou o nome de Cristal, escolhido pelas próprias crianças da região, em referência ao nome da via onde está localizada a casa.
“O povo passava, dava tchau, buzinava, as crianças voltavam da escola sorrindo. Aí comecei a trocar as roupas para não ficar enjoativo”, conta Adriana. Com o tempo, a Cristal ganhou novas roupas, temas especiais em datas comemorativas e até figurinos de Natal, quando é vestida de Papai Noel.
Cerca de dois meses depois, surgiu o Cristiano, outro manequim que passou a fazer companhia à Cristal. O “casal” logo conquistou os moradores, que passaram a interagir com os bonecos como se fossem pessoas reais. A família cresceu aos poucos, com a chegada de novos “filhos”, e hoje a troca de roupas acontece a cada 15 dias, ou sempre que Adriana consegue tempo para reorganizar o cenário.
A repercussão foi tanta que o local virou ponto de referência na cidade. Motoristas de aplicativo usam os bonecos como indicação de endereço, repórteres já passaram pelo local diversas vezes e, para muitos moradores, a parada para fotos se tornou rotina. “Virou um evento aqui de Maringá. Eu não ganho nada com isso, mas ganho amizade, alegria e carinho”, diz Adriana.
Adriana relata que pessoas em situação de depressão já pararam no local para conversar, tocar violão e passar horas ali. Em algumas ocasiões, ela chegou a doar roupas dos próprios bonecos para quem precisava. “Tem gente que senta, conversa, desabafa. Isso me deixa muito feliz”, afirma.
Um episódio curioso marcou ainda mais a história da família de manequins: o “sumiço” do Cristiano. Em um domingo, em 2022. Adriana acordou e percebeu que o boneco não estava mais no local. A situação se resolveu rapidamente quando um motorista de aplicativo contou que o filho havia levado o manequim para “dar uma volta” pelo centro da cidade. Após a intervenção do pai, o Cristiano foi devolvido no dia seguinte, sem danos.
Hoje, os bonecos seguem firmes em frente à casa de Adriana, chamando atenção e despertando a curiosidade de quem passa pelo local. “Foi do nada, mas virou uma coisa bonita. Quem quiser vir conhecer, é só passar por aqui”, convida Adriana.