10 de junho de 2025

A saga do casal de Maringá para viajar e se mudar para a Europa com coelho de estimação


Por Ivy Valsecchi Publicado 30/04/2022 às 10h41 Atualizado 20/10/2022 às 20h22
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A saga do casal de Maringá para viajar e se mudar para a Europa com coelho de estimação
O casal maringaense Patrícia e Lucas enfrentou uma jornada para poder viajar para a Alemanha com Biscoito, o coelho de estimação. Foto: Arquivo pessoal

9 de abril de 2022. O casal maringaense Patrícia Patrícia Pereira Lima Machado, empresária, de 31 anos, e Lucas Francisco Lima Machado, engenheiro de Software, de 30 anos, iniciou uma jornada com Biscoito, o coelho de estimação. Os três saíram de Maringá para uma longa viagem de avião, pois o trabalho exigiu uma mudança radical na vida do casal. Precisaram se mudar para Munique, na Alemanha. E deixar o Biscoito não era uma opção.

Até então, Biscoito só havia viajado de carro, quando foi morar em Blumenau (SC), com Patrícia e Lucas. Mas, dessa vez, precisou encarar uma viagem de 20 horas. De Maringá, Patrícia e Lucas pousaram com o Biscoito em São Paulo, esperaram 3h e pegaram um vôo até Frankfurt, na Alemanha em um percurso que já tinha onze horas de duração. Dormiram em um hotel em Frankfurt e no dia seguinte foram de trem para Munique, em uma viagem de 4 horas. “Ficaremos aqui por tempo indeterminado, viemos à trabalho e queremos construir nosso futuro aqui”, diz Patrícia.

Biscoito, coelho de estimação do casal maringaense, já na Alemanha com os pais, Patrícia e Lucas. Foto: Arquivo pessoal
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O problema era que, quando Patrícia e Lucas souberam que teriam que mudar de país, coelhos não podiam viajar junto de seus donos na cabine do avião. “Quando começamos o trâmite para a viagem do Biscoito a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ainda não tinha regularizado a viagem de coelhos em cabine, então precisamos entrar na justiça para ter a liminar autorizando o Biscoito a embarcar conosco. Ganhamos a ação e tivemos a liminar em mãos na viagem, porém na semana da viagem a Anac autorizou a viagem de coelhos em cabine e foi ainda mais aliviante saber que não teria chance de acontecer conosco o que aconteceu com o Alfredo, o coelho” – entenda abaixo.

O processo para levar Biscoito no avião durou cerca de quatro meses. “Foi penoso e burocrático, tivemos que fazer vários exames, como de sangue, fezes, raio-x, tivemos que emitir um documento que se chama CVI no Ministério da Agricultura também”, explica Patrícia. Mas tudo valeu à pena e o sentimento do casal foi de alívio. “Eu não iria mudar de país sem o Biscoito na cabine do avião e saber que poderia foi extremamente tranquilizante”.

“A companhia aérea dá o direito de ir no cargo, que seria em outro avião aonde ficam malas, mas eu não iria deixar o Biscoito ir no cargo, ou seja, eu perderia a viagem”

Biscoito e Patrícia no aeroporto de Maringá. Foto: Arquivo pessoal
Biscoito pronto para embarcar. Foto: Arquivo pessoal
Biscoito no aeroporto com os pais, Patrícia e Lucas. Foto: Arquivo pessoal

O ‘caso Alfredo’

O coelho Alfredo citado por Patrícia foi um divisor de águas. Até pouco tempo, coelhos só podiam viajar na cabine com autorização da Justiça. Em novembro de 2021, um casal brasileiro tinha uma liminar que autorizava o coelho de estimação Alfredo a entrar no avião com eles para um voo internacional. Mesmo assim, a companhia aérea barrou o embarque com a alegação de que o transporte não havia sido comunicado à tripulação do voo com antecedência. O caso viralizou nas redes sociais. No dia seguinte, com uma nova liminar e até com uma escolta policial, conseguiram embarcar com o Alfredo na cabine do avião.

Foi então que, em março deste ano, a Agência Nacional de Aviação (Anac), divulgou a autorização do embarque na cabine, após a mobilização de Ongs de proteção animal. Os advogados que elaboraram a ação justificaram que o coelho é um animal que não emite sons, e tem tamanho até menor do que um cão e gato.

Como é ter um coelho de estimação?

A saga do casal de Maringá para viajar e se mudar para a Europa com coelho de estimação
A alimentação do coelho de estimação é baseada em folhas verdes. Foto: Arquivo pessoal

Biscoito está com o casal maringaense Patrícia e Lucas desde que nasceu, há quatro anos. “Compramos em um pet shop, porém não recomendo comprar animais. Se fosse atualmente não teria feito isso, teria adotado”, diz Patrícia.

Patrícia tem alergia aos pelos dos gatos e cachorros e sempre teve roedores e lagomorfos, inclusive um coelho antes do Biscoito, quando ainda era solteira. “Já sabia como seria ter um coelho novamente, são extremamente confiáveis, amáveis e companheiros, relata.

Em Maringá, Patrícia e Lucas moravam com o Biscoito em um condomínio de chácaras. A rotina exige muita atenção e muito trabalho. Patrícia conta que coelhos são crepusculares, ou seja, acordam bem cedo e dormem o restante do dia e acordam novamente de madrugada. “Isso quer dizer que ele me acorda todos os dias bem cedo para alimentá-lo e receber carinho, aproveito para limpar o cantinho dele e o restante da casa, já que ele fica solto 24 horas por dia. Isso quer dizer que vai ter xixi e cocô espalhados pela casa mesmo que o coelho seja treinado a fazer em apenas um lugar, é comum eles darem um escape”, explica.

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Perto do almoço Biscoito é alimentado novamente. Sua alimentação é baseada em folhas verdes, que ele consome de manhã e no almoço. Perto da madrugada, quando acorda, come muito feno e ração própria. “Todo ano preciso levar ele em um veterinário especializado em animais exóticos e fazer exames. Precisa também cortar as unhas a cada dois meses. Não precisam de banho, é desaconselhável. Eu coloco várias mantinhas e tapetes pela casa pois ele ama deitar nelas”, relata Patrícia.

Biscoito gosta de deitar em mantinhas e tapetes, que o casal espalha pela casa. Foto: Arquivo pessoal
Biscoito e o pai, Lucas. Foto: Arquivo pessoal

Patrícia comenta ainda sobre alguns mitos que existem sobre como é a rotina de um coelho. “Eles não botam ovos”, brinca. Ela conta que Biscoito, por exemplo, sempre gostou de cenoura, mas já conheceu alguns que odeiam. “Mas a comida preferida dele certamente é banana e isso todos os coelhos amam, então na páscoa o certo era trocar a cenoura para bananas”, diverte-se. Mas é preciso ter atenção. Ela explica que, embora muito fofinhos e amigáveis, quando os coelhos não têm confiança na pessoa que irá acariciá-lo é provável que seja agressivo. “Os coelhos tendem a ter confiança apenas nos tutores, precisa de muito esforço para ganhar essa confiança, então um mito acredito que seja que eles sempre sejam fofinhos e na verdade podem ser bem agressivos”, ensina.

Conselho

Para quem tem vontade de ter um coelho a dica de Patrícia é: “Muita pesquisa antes de efetivamente ter o animal e quando tiver ter MUITA paciência pois vão acontecer coisas que não foram programadas, cabos vão ser destruídos, móveis também, vai ter muito xixi e cocô nos primeiros meses pela casa e até na cama(eles fazem isso pra marcar território) e saber que vai precisar gastar um boa grana para manter um coelho, é muita folha verde, muita ração e muito feno e veterinário especializado”.

“Ele é muito companheiro e aonde eu vou na casa ele vai junto e sempre pede carinho, é um animal de extrema atenção, então não é aconselhável ter um coelho caso você nunca teve um animal antes”, alerta Patrícia.

Para quem precisa viajar com o coelho no avião, Patrícia alerta que é preciso ter muita paciência, ir no veterinário do animal para garantir a saúde dele, fazer muita pesquisa para emissão de documentos para levar na viagem e também saber as regras de cada companhia aérea sobre o animal na cabine, seja o tamanho da casinha ou até qual alimento poderá ser levado. “A viagem foi estressante. O Biscoito não gosta de viagens nem de carro nem de avião, ele é um coelho bem “caseiro” e por isso não gostou nenhum pouco, mas eu prefiro levar ele mesmo nessas condições do que abandonar um animal, nunca faria isso. Acredito que valha à pena ir com um coelho apenas para viagens de mudança de residência. Eu levaria o Biscoito em viagens a passeio apenas quando ninguém pudesse cuidar dele em minha ausência”, diz.

Questionada se pretende ter mais um coelho de estimação, Patrícia, responde: “Por enquanto não. O Biscoito continua sendo o primogênito”, brinca.

Foto: Arquivo pessoal

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