Árvore comum em Maringá produz flores comestíveis; veja detalhes

Que Maringá é uma das cidades mais arborizadas do país, isso praticamente todo maringaense já sabe. São 21 áreas de preservação ambiental e, em média, 150 mil árvores. Entre elas, uma espécie em especial muda a paisagem, embeleza ruas e avenidas, e ainda guarda uma característica pouco conhecida: suas flores são comestíveis. É o ipê, que encanta moradores e visitantes de Maringá entre os meses de junho e meados de setembro.
As flores, que podem ser roxas, rosas, brancas ou amarelas, fazem parte do grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e podem ser consumidas de várias formas: em saladas, chás, refogadas, em recheios, caldos, temperos para carnes ou ainda como decoração comestível.

“O Brasil tem uma das maiores biodiversidades do planeta, e a nossa variedade de plantas alimentícias não convencionais é infinita, assim como suas possibilidades”, afirma a chef de cozinha Andréa Shima. Segundo ela, as pétalas de ipê são suculentas, com aroma adocicado e sabor levemente amargo, em função de seus taninos. “É também uma opção para deixar os pratos mais bonitos e nutritivos”, diz.
Benefícios para a saúde
De acordo com a nutricionista Flávia Teixeira Keller, doutora em Ciência de Alimentos, além de trazer beleza aos pratos, as flores de ipê trazem benefícios para a saúde.
“Elas têm compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. São fontes naturais de flavonoides, como a quercetina, que ajudam a combater os radicais livres e fortalecer o sistema imunológico”, diz.
Segundo a nutricionista, a casca do ipê-roxo também pode ser consumida na forma de chá. “A casca é tradicionalmente usada na medicina popular. Incorporar essas alternativas na alimentação pode contribuir para uma dieta mais variada, sustentável e rica em compostos naturais”, explica.
Cuidados
Para quem se animou com a ideia de inserir as PANCs na alimentação, aí vai um alerta: colher flores pela cidade pode não ser uma boa ideia, uma vez que, em geral, as árvores estão muito expostas à poluição, principalmente à produzida pelos carros.
“É fundamental garantir a correta identificação da espécie de ipê e certificar-se de que as flores foram colhidas em locais livres de poluição, defensivos agrícolas ou resíduos tóxicos”, explica.

O ideal é que as flores sejam produzidas em sistema agroecológico. Uma opção é comprá-las em lojas especializadas, para garantir a procedência. Para armazenar, a dica é manter em potes fechados na geladeira, já que as flores são bem sensíveis e delicadas. E, antes de consumir, é fundamental fazer a correta higienização.
O primeiro passo é retirar os pistilos, que são as estruturas que ficam no centro das flores. Depois, as pétalas devem ser lavadas em água corrente para remover sujeiras e insetos. Em seguida, devem ficar de molho por 10 minutos em uma solução de hipoclorito de sódio (ou água sanitária própria para alimentos). Por fim, as flores devem ser enxaguadas novamente em água corrente.
De acordo com Flávia, apesar de serem comestíveis, as pétalas de ipê não devem ser consumidas em grandes quantidades ou com frequência, pois podem apresentar toxicidade quando ingeridas em excesso. “O uso culinário deve ser moderado e com orientação adequada”, afirma.