Bosque sensorial: Com árvores frutíferas e exóticas, ‘pomar a céu aberto’ em Maringá prepara novidades; conheça
O Bosque Sensorial Ana Domingues, em Maringá, poderá receber projetos desenvolvidos pelo Instituto Ambiental de Maringá (IAM) futuramente. O espaço é mantido pela Funverde, que tem trabalhado no seu desenvolvimento para transformá-lo em uma área destinada à educação ambiental da comunidade. Nesse sentido, uma equipe técnica do IAM está analisando possíveis incrementos que possam contribuir para este objetivo do projeto.
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Localizado na Zona 5, o pomar a seu aberto está substituindo o Bosque das Grevíleas, uma vez que as espécies plantadas no local então dando lugar a árvores frutíferas, espécies exóticas e outras com risco de extinção. Ao todo, o bosque possui uma área de 44 mil m² e, nos últimos seis meses, passou de 2.800 árvores plantadas para mais de 3 mil.
— Basicamente, nesses últimos tempos, a gente plantou mais árvores, [o bosque] adensou. Então, das pelo menos mil árvores que nós tínhamos para plantar, já plantamos umas 200, 250 nesse período. A gente não faz um plantio muito extenso também, porque é pouca gente. A gente viu que muitas árvores que antes eram novas, já cresceram, já deram frutos ou deram flor — disse o presidente da Funverde, Cláudio Jorge, que coordena os voluntários da organização na manutenção da área.
Frutífras e espécies exóticas
O Bosque Ana Domingues conta com mais de 100 espécies e variedade de árvores, em especial as frutíferas, que estão propícias para a colheita dos frutos neste verão. Em janeiro, o espaço ganhou a adição da noz-de-cola, fruto base para os alimentos de cola, como os refrigerantes.
Além das frutas, o bosque sensorial abriga árvores exóticas originárias de diversas partes do mundo, que estão se desenvolvendo e ganhando forma. Uma delas é o sobreiro (matéria-prima para as rolhas de vinho, originária da Península Ibérica), que já atingiu cerca de cinco metros de altura.
Os eucaliptos arco-íris, que possuem tronco colorido e têm origem nas ilhas do leste Asiático, já tiveram seu tronco renovado algumas vezes e atualmente estão florindo, sendo alvos de diversas abelhas para polinização. Por fim, os três baobás (árvore de origem africana e que pode atingir cinco metros de diâmetro em seu tronco) já ganharam porte. O maior deles está com cerca de três metros de altura.
Renovação do bosque
A grevílea, primeira e única espécie plantada no local na década de 1960, possui tempo médio de vida que varia entre 40 e 50 anos, e portanto, já ultrapassaram seu ciclo natural. A partir dos anos 2000, muitas delas começaram a morrer, criando clareiras no terreno. Foi quando a Funverde instalou o projeto Ana Domingues para preencher estas áreas vazias.
— Tem, ainda, pelo menos uns 10% de grevílea aqui. Logo, logo, ele [o bosque] se renova, porque elas estão no final da vida. Eventualmente nós vamos ter que tirá-las. Aí vai depender dela secar também, porque elas não vão ser tiradas se estiverem verdes e bonitas. Isso é óbvio, não tem motivo. E hoje ele já se caracterizou como sendo um local de muitas frutas. Todo mundo que vem aqui já não vê mais grevíleas igual via antes — explicou Cláudio Jorge.
O que está por vir
Outro projeto que está ganhando forma dentro do bosque sensorial é o ‘Caminho das Noivas’, criação da idealizadora da Funverde, Ana Domingues, que consiste em um corredor de ipês rosa às margens de uma das passarelas do terreno.
— Pela primeira vez os ipês floriram. Isso era um projeto que a Ana criou lá no início. Seria plantado somente ipê rosa, para que florissem todos juntos. E foram plantadas todas na mesma hora, em 2018. Esse ano foi o primeiro ano que deu a primeira flor. Então, acho que em dois ou três anos vai estar o caminho montado. Vai ficar lindo — projetou Claúdio, viúvo de Ana Domingues, falecida em 2019.
O presidente da Funverde também atualizou o andamento do projeto de identificação das árvores presentes no bosque, através de QR codes 3D com informações das espécies. Por depender de apoio financeiro, a organização ainda não conseguiu iniciar a produção das placas.
Um segundo objetivo traçado pela Funverde é a ampliação do projeto para a Zona Sul de Maringá. A nova ideia já possui suas justificativas, mas também não foi iniciada por depender do apoio do município.
— Sabendo que ia mudar a [gestão da] prefeitura, a gente acabou não indo atrás — esclareceu o presidente.
IAM analisa estabelecer parcerias com a Funverde
Em visita ao Bosque nesta semana, uma equipe técnica do Instituto Ambiental de Maringá foi em busca de informações sobre o projeto da Funverde para que possíveis parcerias possam ser estabelecidas futuramente, a fim de desenvolver ainda mais o espaço e utilizá-lo para fins educacionais.
A ideia norteadora de ambas as instituições seria um “caminho sensorial”, como um trilha guiada, para que os visitantes pudessem se aprofundar nos elementos do bosque, como os gostos, os cheiros, os sons e as texturas.
Segundo Cláudio Jorge, o caminho sensorial com acessibilidade existe no projeto original do bosque, de 2009, mas ainda não foi iniciado. O preseidente da Funverde acredita que a possível parceria com o IAM possa pôr a ideia em prática.
A técnica em Meio Ambiente do IAM, Andressa Pelozo, responsável pela equipe que visitou o Bosque, disse que a ideia faz parte da busca por novos projetos em Maringá, para expandir as opções de áreas verdes para o público na cidade.
— Nós estamos com bastante projetos novos, para expandir para o público. Para conhecer outras áreas verdes que não só o Parque Maringá. Porque Maringá está cheio de área verde. Nossa estagiária Laura estava fazendo uma pesquisa e deu um olhar diferenciado aqui, o Bosque das Grevíleas. E viu que tinha essa ideia de árvores frutíferas. E deu a ideia da gente, de repente, implantar uma trilha. Um projeto em parceria com a Funverde. De trazer as crianças ou grupos de pessoas para conhecer. Às vezes, muitas pessoas não têm esse contato no sítio, com as plantas. Só vê ali dentro do supermercado. Às vezes, não conhece nem a fruta. Conhece só ela já cortada na bandejinha. Então, de repente, a gente consegue trazer esse público para cá, ter esse contato de conhecer. E também, é um objetivo da Educação Ambiental, que elas sintam o lugar, que elas se sintam tocadas, que elas saiam diferente de quando entram. Além do conhecimento científico que tem aqui. Mas também, que saiam de uma forma diferente — explicou Pelozo.

Embora ainda nada esteja concretizado, a equipe do IAM deu indícios de que uma parceria é possível, assim como outros projetos para além de um trilha guiada. Para Pelozo, o Bosque Ana Domingues apresenta inúmeras vantagens que podem acelerar uma parceria concreta com a Funverde.
— A gente veio outro dia aqui para dar uma olhada no local e já se apaixonou. Isso aqui tem um potencial. A gente tinha pensado em ver como seria essa questão das trilhas. Mas hoje, caminhando por aqui, a gente já pensou em outras ideias. Então, é tudo um projeto que está ainda saindo do papel, conversando para ver como dá para fazer. Mas era nesse sentido. De tentar trazer o público para ter essa interação com o ambiente. Então, é um projeto que a gente ainda está engatinhando para desenvolver. O local é muito rico. Diversidade de espécies de plantas, a questão da acessibilidade, a localização, tudo ajuda. Então, isso atraiu o nosso olhar — disse a técnica do IAM.
Cláudio Jorge enxerga a iniciativa do IAM como algo positivo, que pode ajudar a Funverde e alcançar seus objetivos com o Bosque Sensorial.
— Acho muito bom. O poder público precisa estar junto com as ONGs. Esta parceria é ótima para população — declarou o presidente da Funverde sobre a possível parceria com o município.
De acordo com suas atribuições, a diretoria de Educação Ambiental do IAM tem como função “promover estratégias educacionais que incentivem a interação da comunidade com o meio ambiente, para tornar os cidadãos mais informados sobre as causas ambientais”.
A temática é muito semelhante ao propósito da Funverde, que classifica o projeto do Bosque Sensorial como um meio para “aguçar a percepção dos visitantes, por meio dos cinco sentidos: visão, tato, audição, paladar e olfato, através da interação dos usuários com a diversidade de espécies de árvores, vivenciando a diversidade, tamanhos e texturas de troncos, folhas, cheiros de flores e paladar de frutos”.
A reportagem entrou em contato com Instituto Ambiental de Maringá para obter um parecer oficial sobre a possível pareceria com a Funverde, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.
Como chegar ao Bosque Sensorial Ana Domingues
O Bosque está localizado no terreno do Bosque das Grevíleas, na Avenida Pio XII, Zona 05, Maringá-PR, e fica aberto 24 horas por dia.