
O Parque do Ingá recebeu, na manhã deste domingo (30), uma grande mobilização em defesa da saúde e dos direitos das mulheres. Com todos usando camisetas cor-de-rosa, a caminhada “Maringá na prevenção do câncer de mama e pelo fim da violência contra as mulheres” reuniu famílias, servidores de diversas secretarias e lideranças municipais em um evento marcado pela conscientização, cuidado e integração das políticas públicas. A ação encerrou o calendário anual das iniciativas de promoção à saúde, reunindo o Maringá Mais Cidadania, o Maringá Mais Saúde, atividades referentes ao Outubro Rosa e Novembro Azul, além das programações dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.
O prefeito Silvio Barros destacou o caráter amplo e integrador da atividade, que uniu saúde, assistência e prevenção. “Foi bonito, saudável e muito significativo. Usamos esse momento para reforçar a importância da prevenção, dos exames precoces e da proteção à vida. Com câncer não se brinca”, afirmou. Barros ressaltou ainda que todas as secretarias participaram da ação, oferecendo orientações e serviços de promoção à saúde. “É o encerramento das ações do ano, mas 2026 já começa com novas atividades em cada mês”, completou.
A primeira-dama Bernadete Barros também celebrou a participação expressiva da comunidade e reforçou a importância de manter o tema na rotina das famílias. “Foi um sucesso. Mesmo após as ações de outubro, estamos em novembro e o número de pessoas impressiona. Mas eu sempre digo: o cuidado é diário. Não podemos esquecer da nossa saúde e, muito menos, ficar caladas diante da violência”, afirmou. Para ela, romper o silêncio ainda é um dos principais desafios. “Chega. Não dá mais. A mulher não pode ser responsabilizada por tudo. Reclama no trânsito, é culpa da mulher; fez algo errado, é culpa da mulher. Não podemos mais aceitar isso”.
A secretária da Mulher, Olga Agulhon, comemorou a grande adesão do público e reforçou que a caminhada integra uma agenda permanente de enfrentamento à violência, citando a instalação do Banco Vermelho na Praça da Catedral, um símbolo contra o feminicídio, e anunciou o 1º Fórum Maringaense de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, de 2 a 4 de dezembro, com participação confirmada de 25 municípios e cerca de 300 inscritos.
Mesmo com o feminicídio zerado em 2024 e 2025, Maringá registrou 12 tentativas somente neste ano. Para a secretária, o principal desafio ainda é lidar com a violência psicológica, muitas vezes invisível. “Ela mata tanto quanto, mas é difícil de identificar. Muitas mulheres demoram a perceber que já estão em um ciclo de violência”, disse. A secretária lembrou que os tipos de violência previstos em lei vêm aumentando, incluindo a violência vicária, uma forma de violência de gênero ainda pouco conhecida no Brasil, ocorre quando o agressor utiliza os filhos como instrumento para prolongar o controle e o abuso sobre a mulher, especialmente após a separação, manifestando-se por meio de manipulação das crianças, ameaças de retirada da guarda, pensões alimentícias insuficientes, abuso emocional, alienação parental ou, em casos extremos, o assassinato dos filhos. “O que é importante é que a sociedade, inclusive os homens, saibam que é crime, para que eles também tenham um pouco mais de receio de cometer essas violências contra as mulheres”, finaliza.