Casa Estrela: conheça a história de uma das mais antigas mercearias de Maringá

Em meio a tantas histórias, a Vila Operária abriga uma das mais antigas e tradicionais mercearias de Maringá. A ‘Casa Estrela’, fundada em 1954 pelo imigrante português João da Silva, completa 66 anos em 2020 e, a medida que estabelecimentos do tipo vão se reformulando com o passar dos anos, ela se destaca por preservar suas características pioneiras até os dias de hoje.
O fundador morreu em 15 de março de 2018, aos 95 anos e, atualmente, quem administra o estabelecimento é o seu filho, Sérgio Hamilton da Silva, 47 anos. “Cresci e fui criado atrás dos balcões. Estou à frente mesmo desde o falecimento de meu pai, embora eu já administrava há algum tempo. Atendemos o público em geral, dos idosos aos mais jovens”, relatou em entrevista ao GMC Online.
Os produtos mais vendidos na Casa Estrela são carne seca, queijos, peixe salgado, salames, goiabada cascão, chapa de fogão à lenha, panelas de barro, alumínio em geral, torrador de café manual, cilíndro de pão, ferramentas, cordas, conexões e mercearia em geral.
História
O historiador Miguel Fernando, por meio do projeto ‘Maringá Histórica’, contou um pouco sobre o estabelecimento. Segundo o pesquisador, o primeiro endereço da Casa Estrela foi na Avenida Riachuelo, também na Vila Operária, próximo à localização atual do comércio. O fundador iniciou o empreendimento por influência do primo, que também havia aberto uma mercearia em Cianorte.
Miguel destaca que João da Silva chegou em Maringá quando a cidade começava a despontar como um polo econômico da região, mas ainda enfrentava algumas dificuldades naturais.
“Não havia asfalto na cidade, sobretudo na Vila Operária. Em dias de sol intenso, a poeira era terrível. Já as chuvas, embora amenizassem a temperatura, causavam transtorno devido aos lamaçais que se formavam”, relatou, em um trecho do vídeo.
A Casa Estrela mudou-se para o endereço atual em janeiro de 1957, em um terreno adquirido pelo proprietário. No local, uma nova e remodelada estrutura foi construída. O historiador lembra que, durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, as mercearias, que à época eram conhecidas como ‘secos e molhados’, eram estabelecimentos comerciais que “reinavam de forma absoluta”.
Entretanto, após esse período, as coisas começaram a mudar. Miguel lembra que em maio de 1966, o Supermercado Fuganti, o primeiro grande supermercado de Maringá, foi inaugurado na Avenida São Paulo. O estabelecimento, claro, chamou a atenção, por ter sido o primeiro da cidade onde os clientes manuseavam e escolhiam as próprias mercadorias, enquanto as mercearias ainda tinham a ‘barreira’ do balcão.
‘Secos e Molhados’
O termo pouco conhecido do público atual para descrever as antigas mercearias tem explicação. No vídeo, o pesquisador relata que os locais, na grande maioria, tinham uma construção padrão. Na ponta dos balcões, ficavam os produtos ‘secos’, como tecidos, materiais de costura, calçados e utensílios domésticos. Na outra, ficavam os produtos ‘molhados’, como bebidas, alimentos, cereais, embutidos, materiais de limpeza, entre outros, dando origem ao nome popular.