Foi em agosto deste ano que a empresa Filia Eventos, de Maringá, fechou o escritório e deixou de atender centenas de clientes que tinham pago por serviços para festas de casamento e formatura.
Ao longo de vários dias, as vítimas, de Maringá e de outras cidades, procuraram a Delegacia de Estelionato para registrar queixa contra a empresa. Foram mais de 450 boletins de ocorrências e um prejuízo estimado em R$ 8 milhões.
Muitas festas que estavam programadas para o fim de ano estão sendo reagendadas graças ao esforço de amigos e familiares das vítimas, porque não foi possível reaver o valor pago. É o caso da festa de casamento de Talita Gesuíno.
Talita e o noivo perderam R$ 20 mil que o casal havia economizado e ganhado de parentes. Eles ainda pagam prestações do cartão de crédito.
“No total, nós tínhamos um prejuízo de R$ 20 mil. Contando que desses 20 mil reais, 8 mil reais foi feito no cartão de crédito, teve um pouquinho de juros, né? E a gente está pagando esse cartão até agora, porque a gente não conseguiu congelar as parcelas, o banco não quis devolver. Mas assim, também tem toda a nossa dedicação, a gente juntou esse dinheiro, tínhamos 8 mil reais à vista que a gente tinha juntado durante um ano e meio. E nós passamos no Pix para eles, então perdemos tudo. Outra parte do dinheiro que é 4 mil reais foi minha mãe que deu. Ela deu também no dinheiro que ela tinha deixado guardado. Na hora do pagamento precisou, a gente teve que trocar. E aí também esses 4 mil reais da minha mãe foi embora”, explica a noiva.
A festa seria 8 de novembro, mas precisou remarcada para 8 de fevereiro. E só será realizada porque padrinhos e amigos se mobilizaram. Foram vendidas rifas e aberta uma vaquinha virtual.
“A gente não tinha mais fundos para fazer a cerimônia, mas por outro lado a gente também tinha outras coisas fechadas. Eu tinha vestido, casamento, fotógrafo, celebrante… Seria horrível para a gente ter que deixar tudo isso para trás, além do gasto que tivemos, que perdemos com a Filia, também ter que deixar essas outras coisas pra trás. Então a gente decidiu fazer a cerimônia, porque nossos amigos pediram para nos ajudar, pediram pra gente abrir uma vaquinha, vender rifas, esse tipo de coisa. A gente abriu a vaquinha online e o pessoal começou a fazer as doações, graças a Deus, e é com essas doações também que a gente está pagando a nossa cerimônia”, diz Talita.
A reportagen conversou com outras vítimas, que não gravaram entrevista, mas também relataram que as festas estão sendo reagendadas porque parentes e amigos se mobilizaram. Num dos casos, uma madrinha de casamento se encarregou da organização da festa, negociando com fornecedores e buscando recursos.
O delegado responsável pelo caso explicou à reportagem que o inquérito policial ainda não foi concluído. Segundo ele, falta a análise da quebra de sigilo bancário. A CBN não conseguiu contato com a defesa da empresa Filia Eventos.