Cemitério de Maringá tem ‘sala’ subterrânea com ossos e crânios da década de 70; VÍDEO
Uma pequena porta de metal, no meio do Cemitério de Maringá, guarda centenas de ossos e crânios de moradores da cidade. Todos estão misturados e já não têm mais identificação. O local, chamado de ossário coletivo, é conhecido somente por funcionários do cemitério. Os visitantes não têm acesso e nunca ouviram falar. Algumas pessoas que fazem trabalhos no local já viram, mas não gostam de passar perto.
“Eu tenho medo de olhar porque é meio assustador. Eu já vi algumas vezes porque o pessoal sempre está mexendo aqui. Jogando ossos e retirando ossos. Mas não tenho coragem de ficar olhando não. Eu hem”, disse uma lavadora de túmulos que pediu para não ser identificada.
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Segundo alguns funcionários do Cemitério de Maringá, os ossos foram esquecidos por familiares. São restos mortais de indigentes, pessoas sem família na cidade ou região e ou que foram enterrados sem identificação. Todo esse material está amontoado na sala subterrânea aguardando uma destinação.
De acordo com informações apuradas pelo GMC Online, os crânios e ossos são da década de 70. Alguns já até foram doados para pesquisas em universidades de Maringá e para o Instituto Médico Legal (IML). Já os demais, centenas deles, aguardam uma destinação. A sala fica fechada e só pode ser aberta por funcionários do cemitério.
“A primeira vez que eu vi fiquei bem impressionada. Mas vi de longe somente. Não gosto dessas coisas não”, disse a lavadora de túmulos que não gosta nem de passar perto do local.
Veja abaixo o vídeo do depósito de ossos e crânios do Cemitério de Maringá
Importância da antropologia forense
A antropologia forense é a ciência que busca identificar seres humanos a partir de diversas técnicas com ossos e crânio. É possível descobrir algumas características do indivídio como sexo, altura média, estimativa de idade, dentre outros, e ajudar nas investigações de pessoas desaparecidas ou que foram vítimas de crimes.
No caso dos ossos que estão no Cemitério de Maringá, a maioria deles já tiveram identificação, mas por conta do esquecimento de familiares foram parar na central de ossos. No entanto, dezenas deles da década de 70 foram enterrados sem identificação.
Em Maringá, o Instituto Médico Legal (IML) começou a fazer recentemente esse trabalho com ossos de pessoas desaparecidas que chegam de cidades da região. Antes, o trabalho era feito somente em Curitiba.
A perita oficial odontolegista e chefe adjunta da Polícia Científica, Larissa Barros Costa Macedo Martins, disse que esse trabalho vai ajudar muito nas investigações de pessoas desaparecidas em Maringá e região. Larissa está trabalhando em Maringá em seis casos diferentes.
“É um trabalho que só existia em Curitiba, mas agora estamos atendendo aqui o interior do Paraná. É um trabalho novo aqui na região. A gente tem outras ossadas aqui na região que vão chegar até nós de Paranavaí, Campo Mourão, Londrina que a gente vai atender. E as que estão em estudo conosco que não tem nenhuma informação, que a gente não tem noção de onde foi encontrado, que não tem suposta identidade. Alguns chegam com suposta identidade que a família reconheceu uma roupa, algum pertence, algo desse tipo. Quando isso não acontece, a gente envia para Curitiba as medidas para que eles gerem o desenho e esse desenho vai junto com nosso laudo para a delegacia”, explicou Larissa Barros Costa Macedo Martins.
Esse trabalho feito há muitos anos pelo IML de Curitiba e, agora, também pelo IML de Maringá já ajudou a solucionar inúmeros casos de pessoas desaparecidas. O estudo feito nos ossos e nos crânios ajudam a chegar à identidade da vítima e trazer um conforto maior aos familiares.