Chocolate mais caro traz adaptações para vender na páscoa

Com o cacau quase 200% mais caro, a matéria prima dos ovos de páscoa e bombons chega aos supermercados e confeitarias com um valor maior. A alta foi mais acentuada no segundo semestre do ano passado, devido à quebra de safra nos principais produtores africanos, como Costa do Marfim e Gana. Para burlar a objeção de compras, é preciso encontrar estratégias que não prejudiquem as vendas nem diminuam demais a margem de lucro. O empresário especialista em doces artesanais Bruno Oliveira, dono de uma brigaderia, viu os custos subirem 120% e, para não perder vendas com por conta do aumento expressivo, incrementou o catálogo com caixas com um trio de ovos de chocolate menores do que os tradicionais e deu uma roupagem mais “instagramável” às barras, acrescentando frutas secas, castanhas e farelo de cookies.

“Essa crise vem acontecendo desde 2023, mas a gente sentiu um maior impacto no ano passado em relação aos valores. Eu percebo que muitas empresas acabam optando por alternativas mais baratas, como coberturas, ingredientes de menor qualidade, industrializados, para manter esses preços baixos, ter essa competitividade do mercado, mas para nós isso nunca foi uma opção. A gente sempre trabalhou com chocolate nobre com ingredientes selecionados e os nossos clientes são fieis também justamente por isso, porque sabem da qualidade que a gente oferece. Nosso compromisso é manter a qualidade e ao mesmo tempo oferecer opções para todos os bolsos também. Isso permite que mais pessoas experimentem nossos sabores sem abrir mão da experiência do gourmet”, explica o empresário, que se diz otimista com as vendas, mesmo com os valores mais altos do que no ano passado.

No supermercado, os ovos industrializados chegaram com valor, em média, 20% maior do que os praticados em 2024. Claudinei Morais conta que no ano passado gerenciava uma supermercado e que este ano a operação expandiu para mais duas lojas, no entanto, a quantidade de ovos de páscoa que foram comprados para serem oferecidos ao consumidor final se manteve a mesma – a quantia que abasteceu uma loja agora vai ser dividida por três. Mas mesmo com os valores maiores, a procura subiu. “Até o momento, comparando com o ano passado, a procura está 15% maior”, diz o gerente.
Para o consumidor que não quer gastar tanto, a saída é pesquisar. Um levantamento feito pelo Procon de Maringá encontrou variação de até 77,8 % no preço dos ovos de páscoa. Para quem vende, o desafio é alinhar a criatividade, o valor que é percebido e a experiência do consumidor, como explicou o economista Caio Bartine, em entrevista à CBN Maringá.”O consumidor está mais seletivo, isso abre espaço então para kits que são afetivos, embalagens que são temáticas e que eventualmente venham a gerar uma maior conexão emocional. Há maneiras de você fazer essa percepção de valor aumentar sem ter que gastar demais nesse produto. As redes sociais continuam sendo aliadas poderosas. Então apostar em campanhas visuais, que tenham apelo emocional, vídeos curtos com bastidores de produção, depoimentos de clientes que são fieis, são estratégias que realmente fazem a diferença, elas são eficazes”, detalha.
O economista ainda ressalta que um bom atendimento na Páscoa, mesmo que com um a margem de lucro menor, pode gerar vendas também em outras datas, como o Dia das Mães, festas juninas e manter o cliente fiel comprando até o Natal. “É preciso transformar então a alta dos preços numa narrativa de valor, mostrando que o produto vale o que custa.
Empatia e foco no cliente serão, sem dúvida alguma, os principais ingredientes de uma receita para vender bem nessa páscoa”, finaliza.