Com a mesma doença e após anos de tratamento, irmãos recebem rins do mesmo doador


Por Camila Maciel
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Foto: Arquivo Pessoal

A família Mansano de São Jorge do Ivaí, que fica a cerca de 50 km de Maringá, sofre com uma doença hereditária: a doença renal policística do adulto (DRPAD), uma condição genética hereditária que leva ao desenvolvimento de múltiplos cistos nos rins, que podem levar à insuficiência renal. O patriarca, Miguel Mansano e duas filhas dele faleceram por conta da enfermidade.

Miguel Filho, um dos filhos de Miguel Mansano, chegou a ser transplantado anos atrás, mas perdeu o órgão quando o tratamento foi suspenso durante a pandemia. Por conta disso, precisou retornar para as sessões de diálise e para a fila do transplante.

Na família, dois netos de Miguel Mansano que já foram transplantados e estão bem, uma neta está em tratamento e outros dois filhos também estavam na fila à espera do transplante do órgão: Sérgio e Jorge, aposentados de 67 e 64 anos. Para eles, a espera terminou há pouco mais de um mês quando receberam a notícia que haviam dois rins compatíveis prontos para serem transplantados.

O que eles não sabiam é que os rins que eles receberiam viriam de um mesmo doador. “Foi uma alegria muito grande saber que uma família, apesar da dor de perder um ente querido, optou pela doação de órgãos, este gesto que nos devolveu a vida. É uma atitude muito bela”, diz Jorge. Os irmãos passaram pelo transplante na mesma noite na Santa Casa de Maringá.

Jorge, que ainda mora em São Jorge do Ivaí, fazia diálise há seis anos e era o sexto na fila do transplante. Já Sérgio, morador de Maringá, estava há sete anos fazendo diálise e era o quarto na fila. As sessões ocorriam três vezes por semana. Eles foram contemplados com os transplantes porque foram os pacientes que tiveram mais compatibilidade com os órgãos doados.

Os dois irmãos se recuperam bem da cirurgia e estão felizes com a possibilidade do recomeço. “Estamos evitando contato com as pessoas nesse momento, mas os médicos estão surpresos com nossa recuperação”, conta Jorge. Para ele, atitudes como a da família do doador não podem ficar no anonimato. “As pessoas precisam saber para serem estimuladas a fazerem o mesmo, porque infelizmente ainda há casos que algumas pessoas partem levando consigo órgãos que poderiam salvar vidas”, diz.

No Brasil, mais de 23 mil pessoas aguardam por um transplante de órgãos.

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