Comidinhas surpreendentes da Liberdade que você encontra em Maringá

A colônia japonesa de Maringá é uma das maiores e mais importantes do Brasil e a cidade tem vários espaços que homenageiam a imigração nipônica, bem como dezenas de restaurantes japoneses que conquistam o paladar com sushis, sashimis, teppans e yakisobas, entre outras delícias da vindas da “terra do sol nascente” que ganharam um toque abrasileirado por aqui. Porém, alguns quitutes tradicionais não são assim tão comuns – ainda – na “cidade canção”. Mas há empresários, no entanto, que tem apostado na diversificação do cardápio, trazendo para o noroeste paranaense alguns pratos que têm se popularizado na internet com influenciadores do Brasil inteiro gravando seus conteúdos no bairro mais oriental do País: a Liberdade, em São Paulo, que atrai uma crescente multidão de turistas em ruas apinhadas de gente afoita por novidade fazendo fila nas portinhas que viram hits no Instagram e TikTok. Há estimativas que a cada fim de semana o bairro receba quase 15 mil visitantes.

Por lá, não é apenas o Japão que faz sucesso no prato: é possível encontrar em uma mesma quadra restaurantes com influência indiana, taiwanesa, chinesa, vietnamita, coreana… Mas o predomínio ainda é japonês. Para os fãs de culinária oriental que gostam de provar novos pratos e ficam curiosos em ver os sabores orientais populares na Liberdade pela tela do celular, nós preparamos uma lista de alguns dos pratos servidos na feirinha e nos restaurantes e cafés do bairro paulistano que já estão presentes – e fazem sucesso – em terras maringaenses. O melhor é que você pode prová-los sem precisar viajar mais de 600 quilômetros até São Paulo ou pegar filas em um verdadeiro “formigueiro humano” composto por turistas.
Takoyaki

Uma comida de rua popular no Japão, o takoyaki também é conhecido como “bolinho de polvo”, e consiste em bolinhas de massa crocante por fora e macias por dentro, recheadas com pedaços de polvo. Na Liberdade é servido em barracas de feira e barraquinhas escondidas dentro das muitas galerias do bairro. O preparo é cuidadoso e ágil para dar forma aos bolinhos, feitos com uma massa parecida com a de panqueca, mas bem líquida, preparadas em uma chapa especial com cavidades em formato de esfera.
Apesar de ser vendido sob encomenda esporadicamente no Nossa Cozinha há algum tempo, é bem raro encontrar um restaurante um restaurante em Maringá que sirva os bolinhos. Ou era. Aberto há 10 meses, o An Ramen abriu as portas na Vila Santa Izabel e há pouco mais de duas semanas o bolinho começou a fazer parte do cardápio, com opções que variam de seis a 18 unidades (R$35 a R$90). O empreendimento familiar é chefiado por Alisson Aguri Sakaguchi, que trabalha com a esposa e a mãe. Criado até os 16 anos no Japão, quando veio para o Brasil estranhou o tempero “abrasileirado” e quis trazer sabores mais parecidos com o que estava acostumado na terra do sol nascente. O prato preferido dele é o carro chefe da casa – o ramen (ou lamen), mas as opções incluem também yakisoba preparado na chapa, kare e karaage e gyudon – e agora o takoyaki.

O takoyaki também faz parte dos cardápios do Ebisu Sushi Bar e do Restaurante Momiji.
Lamen
Apesar de mais comum nos restaurantes com influência asiática de Maringá, o lamen ainda está longe de ser o primeiro prato que vem à mente do maringaense quando o assunto é gastronomia oriental. A origem na verdade é chinesa, mas o prato é muito popular no Japão. “Ramen” e “lámen” são, na verdade, diferentes formas de transcrever o mesmo prato, feito com base em um caldo, macarrão, óleo aromático, molho e especiarias.

Como estamos falando da Liberdade e dessa mistura de tradição e modernidade, nosso destaque na lista é para o Yama Ramen, cujo cardápio traz mais de uma dezena de variações do prato, variando de R$65 a R$72 o prato de 700 gramas, e ainda permite adicionar ingredientes ao preparo ao gosto do freguês. Com duas unidades em Maringá, a casa mistura a influência tradicional japonesa, com caldo que fica até 12 horas no fogo para chegar a espessura e densidade ideal, e norte americana, com inspiração nas casas de lamen dos Estados Unidos, onde mora um dos sócios. A decoração do espaço, com bancadas e mesas compactas, traz o toque de modernidade. O cardápio traz outras opções como o gyoza (o mais parecido com os servidos na Liberdade que já provamos em Maringá) e o katsu sando – sanduiche feito com shokupan (um pão de leite japonês) e recheado com barriga suína ou filé de coxa e sobrecoxa, empanados e bem crocantes, acompanhados de maionese de ovo japonesa, repolho e molho tarê.
Corn Dog
Essa opção não veio do Japão, mas da Coreia, e se popularizou com os K-dramas (ou doramas). É uma espécie de cachorro-quente coreano, com a salsicha envolta em uma massa empanada e frita, servida no palito. Vendido desde … pelo Matsuri Fusion, braço da rede Matsuri que mescla comida japonesa e coreana, o prato hoje também é servido em outros lugares, principalmente feiras como a da Canção e a Expoingá.

Na terra do “cachorrão”, a salsicha do corn dog também ganha acompanhamentos – tem versão com bacon, batata, queijo e até opções doces, onde a salsicha dá lugar a chocolates. Os preços variam de R$15,90 a R$18,90 e a média de vendas é de 100 a 150 unidades por semana.
Onigiri

O onigiri é um bolinho de arroz japonês, em formato de triângulo, que pode ser recheado com diversos sabores e é envolto em uma folha de alga (nori). Os onigiris são bastante mencionados nos animes e doramas coreanos e tem conquistado cada vez mais os brasileiros principalmente pela praticidade: o lanche vem em uma embalagem especial que mantém a crocância da alga e é uma boa opção de refeição rápida.
De olho nesse mercado, a cidade já tem uma casa especializada nesse prato. Criada pelos mesmos donos do Fast Sushi, a Onigiri House foi criada para atender por delivery com um cardápio mais extenso a opção do bolinho de arroz que fazia sucesso no negócio da família. São 15 sabores, inclusive com opções veganas.
O sabor mais popular é o tuna mayo (atum com maionese) e o mais “diferente” é de umê (a ameixa japonesa em conserva), mas também há opções adaptadas ao paladar brasileiro, com o já clássico salmão fresco com cream cheese. Os valores variam de R$15,90 a R$18,90.

Também é possível encontrar oniguiris em lojas especializadas em produtos japoneses como a Loja da Alice. Os de lá são feitos pela Momotaro Foods e tem três opções disponíveis – atum, salmão e frango teryaki. O preço único é de R$12,90 e a média de vendas é de 800 unidades por mês. A mesma empresa ainda fornece para a loja conservas que se popularizaram recentemente entre os orientais como o kimchi, feito com acelga apimentada, e o tradicional natto, soja fermentada, “babenta” e de cheiro intenso que inspirou trends no TikTok.
Doces fofos

As gulodices da Liberdade que mais chamam a atenção principalmente entre crianças e adolescentes nos vídeos das redes sociais vem com uma carinha “fofa” – em forma de bichinhos que lembram os traços dos animes japoneses e personagens clássicos como a Hello Kitty, que tem três lanchonetes no bairro dedicados a seu universo (a Eat Asia). E é difícil encontrar doce mais fofo em Maringá do que o Neko Charm, novidade servida por Thelma Koyama e que faz brilhar os olhos dos pequenos (e dos adultos também).

A panacota de frutas vermelhas tem toque de baunilha (nada de essência, baunilha de verdade, cujos pontinhos pretos são visíveis nas orelhas do gatinho comestível). O doce custa R$30 e acompanha geleia de frutas vermelhas com hibisco, que harmoniza o sabor trazendo um toque de acidez. Para quem gosta de um sabor doce mais acentuado, outra novidade é a Melon Cream Soda (R$ 22,90), bebida que leva o famoso sorvete de melão em uma versão cremosa, acompanhado de xarope do mesmo sabor. Para quem gosta das bebidas docinhas e geladas de sabor diferente servidas na Liberdade, como as do restaurante Kyoto, é uma ótima pedida.

A casa ainda tem nikuman (o bolinho do desenho Kung Fu Panda), tempurá de sorvete, katsu sando e uma versão artesanal do famoso biscoito Choco Pie, que faz sucesso nas lojas de importados. As choux cream, doces de origem francesa mas muito populares no Japão, são outro destaque que vale a pena provar.
Cafés com toque oriental

A presença de cafeterias que trazem esse toque jovial e mesclam preparos e ingredientes tradicionais do Japão em combinações inusitadas é muito forte no bairro da Liberdade, como é o caso dos sempre lotados 89ºC Coffee Station e We Coffee.(cujas filas podem ultrapassar duas horas, mesmo com lojas em outros bairros). A primeira cafeteria de Maringá a apostar nessa linha foi a Café Tamura, que além do já popular matchá (chá verde japonês) tem opções de doces e bebidas quentes e geladas que levam missô, uma pasta de soja fermentada que ali saboriza o caramelo e faz parte dos ingredientes de lattes, cheesecake e já apareceu como receio de choux cream, em forma de brigadeiro. Entre as opções salgadas, o sabor umami reina em opções que levam shimeji e tem ainda pratos executivos com frango teriyaki, salmão com molho tarê e karê.

Ainda há muito do universo gastronômico oriental que podemos ver no bairro paulistano e não chegaram ainda há Maringá – não só da culinária japonesa, mas de outros países, como Índia, Nepal, Tailândia, entre tantos outros. Isso mostra que as oportunidades de mercado ainda existem, uma vez que as redes ampliaram a visão e a vontade de provar sabores únicos para aqueles com paladar curioso. Quais pratos e estabelecimentos você acrescentaria nessa lista para descobrir o oriente no prato fugindo do óbvio?