Como Maringá se tornou referência nacional na produção de cervejas


Das torneiras das cervejarias de Maringá saem alguns dos melhores rótulos do Brasil, com qualidade à altura das escolas tradicionais mundo afora.

Setor em expansão no país, mesmo com a pandemia, o polo cervejeiro de Maringá se tornou em uma década colecionador de títulos. Na mais recente edição do Concurso Brasileiro de Cervejas – o Brasileirão das cervejarias –, realizado em Blumenau (SC), Maringá “carregou o Paraná nas costas” na disputa entre os Estados mais premiados. Das 50 medalhas paranaenses, a cidade conquistou 25.

“Maringá produz cerveja tão boa quanto qualquer lugar do mundo”, diz Marcos Alexandre Schiavoni, sócio proprietário e cervejeiro da Sabores do Malte, uma das premiadas no concurso. “A cidade está à frente de muitos Estados em quantidade de medalhas, em volume de produção e em qualidade, fabrica cervejas americanas sensacionais, belgas e inglesas com o mesmo padrão das cervejarias da Inglaterra.”

Chope ajudou a construir a catedral de Maringá

O principal cartão-postal da cidade e o mais alto templo religioso da América Latina, a catedral de Maringá teve parte de seus 124 metros erguidos com dinheiro do chope – ou melhor, de seus consumidores.

A ‘Festa do Chopp Pró Construção da Catedral da Nossa Senhora da Glória’, de 1970, arrecadou fundos para a edificação da nave idealizada por dom Jaime Luiz Coelho. O evento seguiu o embalo das frequentes e animadas festas que movimentavam a cidade entre as décadas de 1960 e 1980.

“Hoje, a cidade se consolida como a referência na produção de cervejas artesanais pelas novas tecnologias e por empreendedores que apostaram no segmento, mas, sem dúvidas, tudo isso tem uma base enraizada em nosso passado cervejeiro”, afirma Miguel Fernando, do Maringá Histórica.

Segundo ele, era tradição dos festivais locais a confecção de canecas de porcelana personalizadas e colecionáveis para cada evento. Alguns desses souvenires estão expostos no Museu Esportivo de Maringá.

Caneca de festival que arrecadou fundos para a construção da catedral de Maringá. Foto: Reprodução/Museu Esportivo de Maringá

‘Experiência de beber o que há de melhor’ vira cartaz para mestres locais

A possibilidade de sem uma viagem internacional poder desfrutar de estilos diferentes compatíveis com o que há de melhor em cada país coloca Maringá no radar cervejeiro.

Além das cervejarias daqui estarem entre as tops do país, inclusive com a melhor do Brasil, mestres locais dizem que a produção não deve nada para o que se faz de melhor no mundo. “A qualidade, se não igual, é superior às cervejas importadas”, afirma Mairon Mazini Sacchi, da Hórus Cervejaria, que produz, mensalmente, 10 mil litros de 12 estilos e também coleciona premiações – veja aqui. “Posso afirmar que temos cervejas de alto nível em Maringá.”

Além da qualidade do que sai das torneiras, os fabricantes locais criaram um ambiente voltado para a experiência de apreciar uma boa cerveja. Os brewpubs (fábricas bar) proporcionam uma imersão completa: da produção à degustação.

Hórus Cervejaria, em Maringá: produção de 10 mil litros de cerveja por mês. Foto: Divulgação

Fermentação de campeões

A geração alfa de cervejarias se forma a partir de entusiastas, que se reuniam para trocar experiências. “A primeira cervejaria de Maringá é de 2010, após um grupo de amigos e cervejeiros fundar uma associação. Alguns começaram a se dedicar profissionalmente e transformaram o hobby em negócio”, diz Schiavoni, da Sabores do Malte. “Foi só dedicação mesmo, um grupo que estudava muito, que lia muito. Na época não tinha conteúdo em língua portuguesa e as discussões aconteciam em blogs estrangeiros, fóruns e em listas de e-mail.”

Veja a premiação de Maringá no 9º Concurso Brasileiro de Cervejas 2021:

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