Conheça a médica que atende pacientes em fim de vida em Maringá

Neste sábado, 10, é comemorado o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. Em Maringá, a médica Melina Almeida Slemer Lemos, de 35 anos, trabalha com cuidados paliativos desde 2014 e atende pacientes em fim de vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento. Natural de Rolândia (PR), ela mora em Maringá desde 2009.
Em entrevista ao GMC Online, Melina explicou que a morte ainda é tratada como um tabu. “A maioria das pessoas ao redor do mundo preferiria falecer em casa, no entanto, metade falece em hospitais. Por esse motivo não podemos tratar a morte como tabu, precisamos conversar sobre ela em nossas casas, com nossos familiares, e expressar nosso desejo de como e onde queremos esse cuidado. O cuidado paliativo deve ser realizado onde o paciente estiver e preferir, tanto em casa ou hospitalizado”, destaca.
Conversar sobre o assunto pode, inclusive, auxiliar a família neste processo, segundo ela. “Estudos mostram que conversar sobre os cuidados de fim de vida e sobre a assistência nessa fase se mostrou um fator protetor para o desenvolvimento de depressão e luto complicado aos familiares”, acrescenta.
Muito mais do que tratar a doença, o especialista em cuidados paliativos trata do doente e da família. Segundo Melina Almeida Slemer Lemos, esse processo envolve uma equipe multidisciplinar.
“Cuidados paliativos engloba o cuidado de uma forma geral, levando em consideração o indivíduo como um todo, cuidando não só dos aspectos físicos como dor ou falta de ar por exemplo. Envolve o cuidado da dor total, que engloba as dimensões emocionais, sociais e espirituais. Por esse motivo, é impossível fazer cuidados paliativos sozinho, é preciso que toda a equipe de saúde esteja envolvida: médico, enfermeira, psicóloga, nutricionista, fisioterapia, fonoaudióloga, assistente social”, detalha.
A médica explicou que não escolheu a área de atuação, mas sim foi escolhida. “Foi algo natural, pois desde a residência de Terapia Intensiva já tinha um contato maior com pacientes que estavam sofrendo por doenças graves, sentia que poderia amenizar esse sofrimento tanto do paciente quanto da família”, conta.
“Eu aprendo todos os dias com os pacientes, suas histórias, suas vivências, a forma que enfrentam suas dores, é um aprendizado em cada caso”, finaliza.
Currículo
Melina Almeida Slemer Lemos é médica graduada pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), de Presidente Prudente, e realizou residência de Clínica Médica e Terapia Intensiva, ambas pelo Hospital Santa Rita, em Maringá. É especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e pós-graduada em Cuidados Paliativos pelo Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Cuidados Paliativos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.
Princípios norteadores dos cuidados paliativos:
- Iniciar o mais precocemente possível o acompanhamento em cuidados paliativos junto a tratamentos modificadores da doença;
- Incluir toda a investigação necessária para compreender qual o melhor tratamento e manejo dos sintomas;
- Reafirmar a vida e sua importância;
- Compreender a morte como processo natural sem antecipar nem postergá-la;
- Promover avaliação, reavaliação e alívio impecável da dor e de outros sintomas geradores de desconforto;
- Perceber o indivíduo em toda sua completude, incluindo aspectos psicossociais e espirituais no seu cuidado;
- Oferecer o melhor suporte ao paciente focando na melhora da qualidade de vida, influenciando positivamente no curso da doença quando houver possibilidade e auxiliando-o a viver tão ativamente quanto possível até a sua morte;
- Compreender os familiares e entes queridos como parte importante do processo, oferecendo-lhes suporte e amparo durante o adoecimento do paciente e também no processo de luto após o óbito do paciente.