Após oito anos trabalhando como eletricista em Cianorte, Genésio Lima Dias, hoje com 72, há 47 anos deixou o emprego, a fim de concretizar um sonho: se tornar barbeiro. “No começo, tudo era bem complicado, porque não existia a facilidade que tem hoje para aprender”, relata.
Genésio escolheu um salão pequeno, de somente uma portinha, mas singelo e aconchegante. Os homens da cidade ficaram interessados, pois naquele tempo muitos precisavam ir longe para cortar o cabelo. Foi assim que formou uma boa clientela.
“Fico muito feliz por todos esses anos. As pessoas continuam me procurando porque gostam do meu trabalho, cada dia isso me deixa mais contente, porque sempre tento fazer o meu melhor”, diz, orgulhoso, o barbeiro.
Ele lembra que à época sofreu críticas muito fortes dos familiares. Diziam que era uma ideia errada deixar o emprego estável em Cianorte para aprender técnicas de barbearia com amigos que eram do ramo e principalmente aprender tudo do zero, mas isso não o desestimulou. Ao contrário, deu a ele mais vontade para realizar o sonho.
“Quando as pessoas trabalham com o que não gostam, o diferencial não vai ser o mesmo de quem começa a realizar um sonho, sentindo-se capaz de poder quebrar todos os obstáculos e realizar seus desejos”, diz o barbeiro ao GMC Online.
Barbeiro raiz, com orgulho
Há cinco anos em Maringá, Genésio continua com a profissão de barbeiro raiz. Apesar de toda a modernidade que as barbearias têm hoje em dia, ele afirma que chegou a se profissionalizar, mas grande parte ainda de sua clientela prefere o corte tradicional/social.
“As barbearias de agora são praticamente iguais aos salões de beleza do passado. Uma das poucas diferenças são alguns cortes de cabelo novos e a busca por manter uma barba bem feita. O resto, a padronização é a mesma. Inclusive, para não ‘comer poeira’, fiz alguns cursos para se profissionalizar nesse novo jeito de cortar cabelo, mas grande parte da minha clientela prefere um bom corte com tesoura, pente, navalha e navalhete” , afirma.
Genésio Dias diz se sentir orgulhoso por todo esforço para conseguir tudo que tem. Ele ajudou os filhos e agora deseja ajudar os netos em tudo o que puder.
Corte de graça para cadeirantes
Um dos diferenciais no trabalho do barbeiro Genésio é o corte de graça para cadeirantes. Ele explica que tudo começou no início da carreira em 1976, quando cortava cabelos das crianças gratuitamente. Após anos no ramo, decidiu prestar sua mão de obra para cortar de graça o cabelo de cadeirantes com dois objetivos: ajudar e conhecer a história de cada um.
“Em 1976 comecei cortando o cabelo das crianças e não cobrava o serviço. A partir daí, percebi a dificuldade que os cadeirantes têm de locomoção na cidade. Foi então que pensei em ajudar realizando cortes gratuitos para eles em troca de ouvir as histórias de suas vidas. Para mim, isso é muito gratificante e satisfatório quando eles chegam no meu estabelecimento e principalmente conhecer a história de cada um”, afirma ele, que atende na Praça Megumu Tanaka, esquina com a Avenida Kakogawa, em Maringá.