A história de Maringá ganhou um novo capítulo de preservação e memória. A Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM), concluiu a digitalização completa do jornal Folha do Norte do Paraná, veículo que foi referência no jornalismo regional entre os anos de 1962 e 1979.
Fundado por Dom Jaime Luiz Coelho, primeiro bispo de Maringá, o jornal teve sua primeira edição publicada em 25 de setembro de 1962, com tiragem média de 7 mil exemplares diários. Ao longo de quase 17 anos de circulação, a Folha do Norte chegou a mais de 100 municípios e se tornou um veículo de grande influência na formação de opinião pública, além de importante espaço de formação de profissionais da comunicação.
Segundo o secretário de Cultura, Tiago Valenciano, a digitalização do acervo começou com o resgate da coleção pessoal de Dom Jaime, doada à Prefeitura com o apoio da Mitra Diocesana. “Dom Jaime era muito meticuloso e arquivava tudo. Foram 78 volumes encadernados com praticamente todas as edições do jornal. Esse material foi obtido junto à Mitra em 2018, mas a pandemia atrasou os planos de digitalização”, explicou.
O trabalho de digitalização teve início efetivo em 2022 e foi realizado manualmente pelo servidor e historiador Elias Theodoro Mateus, da Secretaria de Cultura. Duas vezes por semana, ele se deslocava à UEM para digitalizar folha por folha, utilizando scanners com tecnologia OCR (reconhecimento óptico de caracteres), que permitem buscas por palavras nos arquivos.
A iniciativa foi possível graças à parceria com o Comcap, que disponibilizou os equipamentos de digitalização com a condição de acesso compartilhado ao acervo digitalizado. “É um trabalho de formiguinha, mas essencial. Hoje temos cerca de 5 terabytes de documentos digitalizados, entre jornais, fotos e outros materiais históricos”, relatou o secretário.
A importância da Folha do Norte do Paraná para a história da cidade é indiscutível, segundo Valenciano. “Era um jornal voltado para a formação de opinião, com colunas políticas fortes e colaboradores de peso. Quem quiser estudar os anos 60 e 70 em Maringá vai encontrar nesse acervo uma fonte primária de pesquisa indispensável”, afirmou.