Análise: Crescimento populacional e os desafios de Maringá
Vocês já pararam para pensar porque as grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, enfrentam tantos problemas urbanos, como o surgimento de grandes favelas? Parte disto está relacionado ao rápido crescimento populacional.
Segundo dados estimados pelo IBGE, o Brasil chegou a marca de 211,7 milhões de habitantes em 2020, sendo o Paraná o mais populoso da região Sul, tendo 5,4% da população brasileira.
Maringá é a terceira cidade do Estado com maior número de habitantes com 430.157, ficando atrás de Curitiba (1.948.626 habitantes) e Londrina (575.377 habitantes). Desde 2015, Maringá vem crescendo a uma taxa média de 1,6% a.a., superior à taxa de crescimento mundial que é de 1,2% a.a.

Em 2020 Maringá ganhou 6.491 novos habitantes, grande parte deste montante são de nascidos vivos. Para se ter uma ideia, avaliando dados desde 2010 (DATASUS), nascem por ano em Maringá uma média de 4.920 bebês, só em 2019 foram 5.118 nascidos vivos, o que explica grande parte do crescimento populacional. No entanto um fator importante para explicar o crescimento populacional de Maringá, é o fato de a cidade ser um polo educacional. Segundo dados do INEP (2018), Maringá possui 11 instituições de ensino superior, contendo mais de 35.000 estudantes no ensino presencial, o que atrai todos os anos pessoas de todos os lugares do Brasil para virem estudar em Maringá, além da migração da população de cidades menores para Maringá, como objetivo de trabalho.
Mas qual o desafio do crescimento populacional para os municípios e os gestores públicos?
Quando avaliamos o crescimento populacional devemos olhar pra o futuro. De acordo com projeções do IPARDES, em 2030 teremos 504.836 habitantes e 17 % desta população terá idade superior a 65 anos (85.439), hoje este montante é de 46.621. Ou seja, praticamente irá dobrar a população idosa de Maringá.

Com o crescimento da população os principais desafios do município são:
Fomentar a geração de emprego e renda para a população crescente, seja fortalecendo as empresas locais ou atraindo novos investidores/empreendedores para o município, processo que envolve ações como a desburocratização na abertura de novos negócios, por exemplo. É importante para o gestor público considerar a geração de renda e emprego de qualidade, baseada no fortalecimento dos setores de serviço, comércio e indústria local, internacionalização das empresas e na atração de investimentos de alto valor agregado de base tecnológica, promovendo a perpetuação do crescimento, o aumento do padrão de vida da população e a retenção de talentos.
Garantir a oferta de serviços públicos como o fornecimento de água, energia, saneamento, coleta de lixo, vagas na creche, postos de saúde, condomínios de idosos, entre outros serviços públicos, que sejam compatíveis com a necessidade da população e o seu envelhecimento;
Promover a segurança do município, levando em consideração o crescimento urbano. O município deve considerar elementos de segurança para o cidadão, como iluminação adequada, espaços urbanos que promovam à atividade e a convivência entre as pessoas e serviços de inteligência com o uso de tecnologia.
Atenção a mobilidade urbana e acessibilidade. Com o crescimento populacional e a urbanização, o planejamento das cidades devem promover a eficiência no uso do espaço urbano por cada tipo de veículo de transporte, capaz de atender à demanda da mobilidade dos habitantes, preparando uma transição gradual de uma cidade para carros para uma cidade para as pessoas (preferência para pedestres, bicicletas, transporte público). Deve tornar via públicas acessíveis a pessoas com deficiência, idosos e crianças.
Planejar o crescimento urbano, garantindo a urbanidade. Urbanidade consiste em tornar espaços públicos, como calçadas, praças e parques, em locais acessíveis, acolhedores, dinâmicos, com equidade e atratividade para a realização cotidiana de convívio, vitalidade e pertencimento social de qualquer cidadão, valorizando atividades culturais e de lazer, ao mesmo tempo em que se tornam locais de mobilidade e interação com outros espaços urbanos.
Atenção ao adensamento urbano. Com elevado grau de urbanização, as cidades tendem a se verticalizar, ou seja, bairros onde só poderiam construir casas, passam a ser permitidos a construção de prédios, isto leva a um aumento da população do bairro que deve ser cuidadosamente planejada, dado o aumento da demanda por serviços públicos e privados para o atender o aumento populacional dos bairros. O gestor público deve se preocupar com o adensamento urbano adequado do município, considerando o uso eficiente do solo por meio da verticalização planejada, que promove benefícios para cidade, tais como: maior valorização do espaço; eficiência na oferta de infraestrutura; mais vitalidade urbana; oferta de serviços em escala e mais eficientes.
Cuidado com o meio ambiente. O cuidado com o meio ambiente e as áreas verdes do município são de extrema importância. Algumas atitudes como: reflorestar as áreas desmatadas, criar um processo de despoluição dos rios e córregos e com a adesão a medidas sustentáveis, como, por exemplo, o uso consciente dos recursos naturais, pode-se evitar o aumento de poluição e ajudar no desenvolvimento sustentável.
Diante disto, o monitoramento do processo de urbanização e a gestão sustentável do crescimento da cidade serão a chave para o desenvolvimento bem-sucedido.