Custo para acabar com fila de remoção de árvores deve ultrapassar R$50 milhões

Maringá é destaque nacional quando o assunto é arborização. Dados do Censo Demográfico 2022, que foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 17, mostram que a cidade lidera o ranking de ruas arborizadas entre os municípios com mais de 100 mil habitantes: 98,6% da população da cidade vive em vias arborizadas – a média nacional é de 66% da população vivendo em vias com árvores.
Quando considerada a concentração urbana, Maringá cai um pouco no ranking, mas ainda aparece em destaque, em 4o lugar. Segundo a pesquisa Regiões de Influência das Cidades (REGIC 2018) do IBGE, a concentração urbana de Maringá é constituída por um “arranjo populacional” composto por Maringá, Floresta, Iguaraçu, Itambé, Mandaguaçu, Marialva, Ourizona, Paiçandu, Presidente Castelo Branco e Sarandi. No entanto, embora a arborização urbana seja essencial para a qualidade de vida nas cidades, contribuindo com o bem-estar dos habitantes e oferecendo diversos benefícios ambientais, como a redução da temperatura, as árvores de Maringá também preocupam os moradores, principalmente quando há chuva e vento forte.
Mais de 5 mil na fila por remoção
Atualmente há mais de 5 mil árvores com parecer emitido por um engenheiro florestal na fila da Secretaria de Infraestrutura, aguardando por uma poda ou remoção. Em entrevista ao podcast CBN Maringá, o secretário de infraestrutura, Vagner Mussio, que está à frente da pasta que cuida da arborização da cidade, do plantio das mudas até a retiA rada, quando muitas vezes é necessária, disse que está sendo feito um trabalho focado no replantio de árvores nas avenidas onde foram feitas remoções de árvores secas ou que caíram em vendavais e diz que a falta de manejo adequado é o que causa tantas quedas.
“A árvore que é plantada no perímetro urbano não tem a mesma resistência ou tempo de vida de uma árvore que está dentro de um bosque, dentro de uma floresta, porque ela sofre muita interferência do homem. Você vê o pessoal que passa a rede de iluminação pública e tem que cortar para que ela não atrapalhe, aí vai passar uma rede de água, corta suas raízes, enfim, a poluição, os carros, o dia a dia dentro de uma cidade… Para manter esses títulos, nós temos que cuidar muito do replantio e da qualidade do replantio dessas árvores. Só que tem um dado muito interessante, porque cai muita árvore em Maringá? Porque veio sendo feito por um manejo meio deficitário. Vou te dar um exemplo de Recife. Maringá é uma cidade que estima-se que tem de 130 a 150 mil árvores no passeio público. Recife, uma cidade de 1,5 milhão de habitantes, tem em torno de 90 mil árvores no passeio público. No ano passado, Recife fez 30 mil podas e é o que faz com que essas árvores tenham maior sustentação, maior equilíbrio. Quando o vento atinge a árvore, ele acaba passando pela árvore, porque ela tem uma poda arrancada daqueles galhos que estão em demasia para um lado ou para o outro. Enquanto em Maringá, no ano passado, foram feitas pouquíssimas podas”, argumenta Mussio.
Para diminuir a fila e solucionar o problema da demora, o secretário diz que há duas licitações em fase de elaboração – uma para remoções de árvores e outra para podas – dividindo a cidade em cinco áreas para acelerar o trabalho. “Hoje nós temos a equipe da prefeitura somente e uma equipe terceirizada. Então ela é uma licitação pequena em torno de mil árvores grandes, 700 árvores médias, 500 árvores pequenas. É uma quantidade irrisória tendo em vista que, dependendo do tamanho da árvore, uma equipe acaba chegando no local e ela leva mais que cinco, seis, sete horas para remover uma árvore. Por isso que nós queremos ter mais equipes. Não adianta eu ter lá hoje 5 mil pareceres e uma licitação para mil árvores de retirada. Nunca vai suprir a nossa necessidade. Apesar que nunca irá suprir em momento algum, porque as árvores vão ficando velhas, as pessoas vão fazendo pedidos diariamente, muitas vezes o pedido é repetido, você tem uma árvore que tem quatro vizinhos que fazem o mesmo pedido, da mesma árvore. Aparecem muitos pedidos de corte, mas acabam sendo da mesma árvore”, explica.
O custo para zerar a fila da remoção
O custo das licitações, somadas, deve chegar a mais de R$ 50 milhões, dinheiro que não está previsto no orçamento deste ano. “Para poder fazer uma licitação de podas, remoção com equipamentos, contratação de equipamentos de raio-x para ver realmente se a árvore está saudável ou não, é um investimento. Não é barato, mas ele pode ser feito como registro de preço onde você não tem necessidade de ter todo esse dinheiro em caixa”, afirmou o secretário de infraestrutura.
Já para identificar com mais facilidade os pedidos duplicados de remoção, a aposta é a inteligência artificial. “Nós estaremos investindo em inteligência artificial para que nós possamos identificar, por exemplo, uma árvore na rua Araxá,número 10. Quando nós vermos que tem mais pedido, nós não vamos eliminar o pedido, porém faremos um único, com o nome de todas as pessoas que pediram, para que você não elimine isso do sistema. Já estamos com pessoas fazendo esse tipo de movimentação, para que possamos, o mais breve possível, ter esse sistema implantado na prefeitura. Nós pretendemos ter um histórico dessa árvore, qual é o porte dela, o que já foi feito nela, quantos pedidos foram feitos, quantas podas foram feitas, se já foi feito uma poda de raiz, enfim, nós teremos um histórico, como um histórico que você tem da tua vida no hospital, lá no seu posto de saúde”, explicou Vagner Mussio.
Mudanças na arborização
Hoje o predomínio da arborização maringaense é das sibipirunas, com cerca de 18 mil árvores plantadas, seguida por espécies como o ipê roxo, o chorão, a grevílea, o ipê branco e a pata de vaca. Porém, existem dezenas de outras que estão plantadas, te ha o plantio sido feito pelo poder público ou pela população. Este ano a prefeitura iniciou a revisão do Plano de Gestão da Arborização Urbana (PGAU), e algumas mudanças devem ser feitas, explicou o secretário de infraestrutura. “O plano de gerenciamento diz quais são as espécies para serem plantadas e é exatamente o que nós estamos revisando agora, junto com a sociedade, entidades de classe, engenheiros, enfim, várias mãos fazendo esse trabalho. O canteiro central da Avenida Morangueira hoje é de grevileas e essas grevileas irão sumir dali, serão plantadas naquele local paineiras, porque é uma árvore que fica bonita, florida, é uma árvore de porte grande, porém, o canteiro central da Morangueira é um canteiro bem largo e acaba resistindo a isso. Nas suas laterais, nós começamos a plantar o pau-brasil”, detalhou Mussio, adiantando que outras alterações devem ser feitas pela cidade.