08 de junho de 2025

‘Dá vontade de parar’, diz criador das ‘MiniPortas’ após série de vandalismos em Maringá


Por Thiago Danezi Publicado 27/05/2025 às 17h21
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Um projeto artístico que encanta milhares de pessoas pelas ruas de Maringá vem sendo alvo de ações de vandalismo. Criadas pelo artista Osmar Sarabia Garcia, de 74 anos, as ‘MiniPortas’ têm sido danificadas e até mesmo arrancadas por desconhecidos. A mais recente depredação aconteceu no último fim de semana, em frente ao Teatro Reviver, e chamou a atenção pelo grau de destruição.

“Dessa vez, a pessoa tirou mata junta por mata junta da parede. Sentou na frente da portinha e desmontou tudo. Um capricho meio doido”, relatou Seu Osmar, em entrevista ao Portal GMC Online. A frustração é visível em sua fala, embora ele insista que não pretende desistir do projeto: “Na hora bate a raiva, mas logo passa. O que vale é o retorno das pessoas que gostam”.

História

Criado em fevereiro de 2021, durante a pandemia, o projeto ‘MiniPortas’ surgiu após uma sugestão do filho de Osmar, o advogado e professor Julio César Garcia, que viu algo parecido durante uma viagem aos Estados Unidos. Desde então, 12 unidades já foram instaladas em locais públicos da cidade.

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Foto: Miniporta | Divulgação

As obras são feitas com materiais reciclados e madeira reaproveitada. “É um projeto cultural, gratuito, nunca recebeu nenhum tipo de subvenção pública. A intenção sempre foi provocar a imaginação, permitir que adultos e crianças criem histórias sobre quem mora atrás daquelas portinhas”, explica Julio.

Com o passar do tempo, no entanto, a delicadeza das criações passou a conviver com a brutalidade de atos de destruição. Julio observa que os casos de vandalismo aumentaram nos últimos dois anos, provavelmente devido à maior visibilidade do projeto. “No começo, era só desgaste natural. Agora, tem gente que arranca peças ou quebra as portinhas inteiras. Isso impacta diretamente na criatividade do meu pai”, lamenta.

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Foto: Miniporta | Divulgação

Apesar das dificuldades, Osmar segue produzindo novas peças — inclusive, já tem duas prontas para instalação. Ele também sonha em reunir algumas portinhas reformadas em uma espécie de galeria pública permanente, onde o acesso seria livre, mas com mais segurança para as obras.

Além do apelo visual e lúdico, algumas portinhas trazem QR Codes com histórias que ajudam a construir um universo mágico em torno do projeto. Em escolas, Osmar leva as narrativas aos alunos, que se encantam com os personagens e as possibilidades de imaginação. “É o tipo de arte que quebra o paradigma da idade. Uma portinha pode fazer um adulto voltar a ser criança por alguns instantes”, afirma o artista.

O vandalismo, porém, segue como um obstáculo. Para Osmar, a destruição de uma obra pública gratuita, feita com carinho, é um reflexo de algo mais profundo. “A pessoa que faz isso está protestando contra algo. Infelizmente, escolheu uma arte que faz bem para tanta gente”, diz.

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