Maringá, março de 1992. Este foi um mês que marcou o início de um drama de duas famílias maringaenses que dura até hoje. Nesta época, duas crianças desapareceram na cidade e nunca mais foram vistas. Nenhuma pista sequer foi encontrada até agora.
São os dois únicos casos de crianças (menores de 12 anos) de Maringá que constam no Sistema de Pessoas Desaparecidas da Polícia Civil do Paraná: Ednilton Palma e José Carlos Santos.
A dor de perder alguém sem saber o que aconteceu com ela é uma angústia e uma espera que não acaba.
“Até hoje, quando vou dormir, não consigo trancar a porta de casa, pensando que ele pode voltar. Meu esposo ou outra pessoa que tem que fazer isso. Coisa de mãe”, revela Suely Palma Stadler, de 63 anos, irmã de Ednilton Palma, mas que diz que o considerava um filho.
O menino desapareceu no dia 29 de março de 1992, época em que tinha 10 anos de idade. Foi visto pela última vez chegando na igreja em que Suely estava, no Conjunto Lea Leal, onde moravam, relata ela.
“Tinha uma festa de aniversário de uma amiguinha dele. Eu deixei ele ir e fui para a igreja afinar os instrumentos e falei para ele ir depois. Era perto da igreja. Naquela época, a gente nunca ia imaginar que não poderia deixar a criança andar sozinha. Quando deu 18h30 ele desceu para ir à igreja. Chegou até a porta, segundo o que um amigo dele disse, mas eu não o vi. Nunca mais tivemos notícias, nem falsa. Ninguém sabe, ninguém viu o que aconteceu.”
Suely diz ser o maior golpe que já levou na vida. “Se você tem um filho e ele morre, pelo menos você sabe onde ele está, é uma certeza. Mas na minha situação eu fico pensando o que aconteceu, se ele está bem, é angustiante demais”, diz.
Ednilton foi adotado pela família de Suely. Ela trabalhava em uma casa de recuperação em Maringá, em 1981, e na época uma mulher deu à luz e abandonou a criança. Depois de um ano, o juiz concedeu a guarda do menino aos pais de Suely.
Hoje, Ednilton teria 37 anos de idade. O Sistema de Pessoas Desaparecidas da Polícia Civil do Paraná expõe uma imagem computadorizada de como ele seria hoje. Veja abaixo.
“Minha mãe não se conforma até hoje. Papai faleceu sem saber o que aconteceu com ele”, relata Suely.
Caso José Carlos Santos
O outro desaparecimento em março de 1992 foi de José Carlos dos Santos, na época com 11 anos. A irmã de José Carlos, Elisângela dos Santos Marchi, disse ao Portal GMC Online que o irmão desapareceu em uma segunda-feira, véspera de Carnaval.
Elisângela ainda era criança na época do desaparecimento e não se lembra de muitos detalhes. Na data, segundo ela, o menino saiu de casa para entregar limões a um colega e não foi mais visto.
Há aproximadamente cinco anos, a família teve acesso a informações sobre um possível paradeiro de José Carlos. Conforme relatou Elisângela, o irmão poderia estar no nordeste. A polícia foi até a casa dos familiares, colheu as informações obtidas e investigou, mas José Carlos não foi encontrado.
Investigação
A Polícia Civil do Paraná informou que os desaparecimentos das crianças ocorreram antes da criação do Serviço de Investigações de Crianças Desaparecidas (Sicride), em 1995. Porém, como em qualquer caso, todas as denúncias que chegam até a corporação são apuradas.
Conforme a PC, os casos podem ser arquivados em comarcas e delegacias locais, entretanto o Sicride tem uma cópia de todas as investigações e apura qualquer novo indício referente aos casos.
“Comumente é feito distribuição de cartazes, independente do transcurso de lapso temporal. Inclusive, os dois casos em questão estão presentes em cartazes desenvolvidos pela PCPR e sempre são distribuídos em lugares públicos e eventos grandes”, informou a polícia por meio de nota.
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