Uma avenida de Maringá chama a atenção pela curiosa coexistência de igrejas, disques de bebidas e bares em grande quantidade. A Avenida Franklin Dellano Roosevel abriga pelo menos 15 igrejas e 12 bares, contando com as lojas de conveniência, formando um ambiente onde a espiritualidade e a boemia se encontram de uma maneira singular.
Com início na altura da Avenida Morangueira e término na Rua Pioneiro José Américo, próximo ao Córrego Guaiapó, na divisa com o município de Sarandi, a “Franklin” atravessa toda a região nordeste da cidade de Maringá passando por importantes avenidas que ligam os bairros periféricos no sentido norte-sul até a Avenida Colombo e a região central de Maringá: Avenidas Guaiapó; Tuiuti; e Pedro Taques. A via também passa por dois cursos d´água: Córrego Osório ; e Ribeirão Morangueira.
Cenário
No entanto, esse cenário desperta a atenção de quem passa por ali. De um lado, cultos fervorosos atraem dezenas de fiéis; do outro, várias pessoas em frente a bares sentadas ou nas lojas de bebidas, especialmente aos finais de semana, se divertindo quando o movimento chega a dobrar, segundo comerciantes locais. O que poderia para algumas pessoas ser uma combinação problemática, para o profissional de marketing Alan Souza, que já foi membro de uma igreja localizada na avenida, se transforma em um exemplo de convivência pacífica.
“Com certeza, vivemos em um mundo cada vez mais misturado. Ir a uma igreja com um bar ao lado é um exemplo claro disso. Essa convivência entre o “sagrado” e o “secular” é curiosa quando paramos para pensar, mas também reflete como nossa sociedade tem se mostrado aberta e respeitosa. Frequentei umas igrejas presentes na avenida e nunca presenciei nenhum conflito”, afirmou Alan Souza ao GMC Online.
Os bares, por sua vez, também não veem a proximidade das igrejas como um problema. Uma das funcionárias de um disque de bebidas localizado na Avenida Franklin, que preferiu não ser identificada, trabalha no local desde 2018. Para ela, o espaço é um bom ponto de trabalho e nunca houve confusão de nenhumas das partes.
“Funcionamos todos os dias, mas claro que o movimento é maior nos fins de semana. Trabalhar aqui é gratificante. A gente vê as crianças dos clientes crescerem e acaba se tornando amigo deles. Além disso, quanto à igreja ao lado, nunca houve qualquer problema. Como temos uma parte de mercearia, conseguimos atender a comunidade em geral. Por exemplo, já aconteceu de alguns fiéis virem aqui comprar uma bala, um refrigerante ou copos descartáveis para algum evento. Assim, há espaço para todos”, pontua a funcionária, destacando a convivência harmoniosa entre os diferentes estabelecimentos na avenida.
Harmonia de igrejas e bares em outros pontos de Maringá
A convivência pacífica entre diferentes estilos de vida não é exclusividade da Avenida Franklin. Outro exemplo dessa convivência harmoniosa pode ser encontrado na Rua Paranaguá, próximo à Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sendo assim, a região, conhecida pelo fluxo constante de estudantes e moradores, também reflete esse equilíbrio. Ao caminhar pela via, é fácil perceber a presença de bares que atraem a juventude universitária, ao lado de uma igreja que serve de ponto de encontro espiritual para a comunidade local.
Assim como na Avenida Franklin, a convivência entre esses estabelecimentos na Rua Paranaguá ocorre sem conflitos. Por isso, durante a semana, a movimentação nos bares é intensa, especialmente no período noturno, quando os estudantes buscam relaxar. Enquanto isso, a igreja realiza seus cultos e atividades sociais.
O caso curioso do Bar Araújo em Tocantins
Em 2015, milhares de internautas se mobilizaram nas redes sociais em apoio ao Bar do Araújo, após a circulação de uma imagem que mostrava o estabelecimento posicionado entre duas igrejas evangélicas.
No entanto, a realidade era outra: o bar realmente existiu e operou entre julho e dezembro do mesmo ano, no setor Jardim Aureny III, na região sul de Palmas. Embora tenha ganhado popularidade nas redes, o bar acabou fechando as portas naquele local. No entanto, segundo o proprietário, a proximidade das igrejas não foi o motivo para a mudança.
Joaquim Araújo, conhecido por sua presença na internet, explicou em entrevista na época que, na verdade, a principal razão para a mudança foi a queda no movimento. Além disso, ele mencionou que, ao inaugurar o bar em julho de 2014, não encontrou nenhuma igreja nas proximidades. Contudo, pouco tempo depois, instalaram uma igreja ao lado, e a segunda apareceu apenas após o bar já ter mudado de endereço.
Contudo, apesar do fechamento, o Bar do Araújo continua a ser lembrado com carinho por seus fãs. De fato, a história ilustra como um simples estabelecimento pode capturar a imaginação das pessoas, especialmente em tempos de conexão digital.