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19 de maio de 2024

‘Mãe acolhedora’: filhos temporários, amor eterno


Por Publicado 06/05/2021 às 11h21 Atualizado 01/02/2023 às 15h35
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‘Mãe acolhedora’: filhos temporários, amor eterno
Foto: Ilustrativa/Pixabay

“Para não criar expectativa, explico que é passageiro, mas que o amor que criamos neste período é para sempre”, conta Roseli G., de 55 anos, que faz parte do programa Família Acolhedora, em Maringá. Há cinco anos ela oferece lar temporário a crianças em situação de risco, que foram afastados de suas famílias de origem por medida judicial.

Após criar seus três filhos biológicos: Rodrigo, de 36 anos, Tamires, de 33, e Gabriela, de 30, Roseli sentiu que podia ser ‘mãe’ de muitos outros e fazer a diferença na vida de crianças até então desconhecidas. Conheceu o serviço Família Acolhedora por meio da filha do meio, que trabalha em um hospital de Maringá, e não pensou duas vezes.

“Sempre gostei de me envolver com causas sociais, gosto de ajudar o próximo, e achei que faltava alguma coisa na minha vida. Não sei se foi porque meus filhos já estão grandes, com suas famílias e seus filhos, ou se foi só a necessidade de ajudar o próximo”, relata.

Por meio do serviço Família Acolhedora, é possível oferecer lar temporário pelo período médio de um ano e meio a dois anos. Por esse motivo, apesar de fazer o papel da mãe, Roseli pede que as crianças a chamem de tia.

“Faço o papel de mãe, e trato cada uma delas como trato minhas netas, mas peço que elas me chamem de vó para evitar frustrações, porque depois ela vai embora. Procuro sempre conversar muito para que entendam que na minha casa terão uma forma de amor, mas vão ganhar um lar definitivo onde também serão muito amadas. Até por mim, preciso me policiar, senão é muito difícil quando elas vão embora”, relata.

Em casa, Roseli busca ensinar o conteúdo da escola, além de cuidados com a higiene, vestimenta e, principalmente, educação. “Tento mostrar uma outra visão do mundo para essas crianças, para que aprendam a respeitar o próximo, respeitar a escola etc.”, conta.

E a recompensa por tanta doação e amor é imensurável, segundo a mãe de tantos. “Não tenho vontade de parar de acolher crianças. Ver a evolução que uma delas passa aqui na minha casa é gratificante. Recebi crianças que chegaram com um ano e meio e não andavam, e agora estão andando, falando. E, claro, ensiná-las a amar: falo para elas o quanto eu as amo e o quanto elas são importantes na minha vida, pois são crianças que não recebem muito carinho”, frisa Roseli.

Roseli lembra com carinho da última criança que foi embora de sua casa. Aos 9 anos, a menina fez questão de mostrar toda a gratidão que sentia por ter sido acolhida com tanto amor.

“Ela deixou uma mensagem dizendo que nunca amou uma pessoa como me amava. Que eu estaria sempre no coração dela, que tinha ensinado muita coisa para ela e que tratava ela como uma princesa. Não tem nada no mundo que pague isso. Às vezes eu escuto o áudio dela quando estou meio tristinha e só me incentiva a continuar acolhendo”, afirma.

A menina também deixou de presente um desenho, em que se inclui na família de Roseli.

Desenho feito pela menina acolhida por Roseli. Foto: Arquivo

Para Roseli, a realidade de mães que abrem mão de seus filhos é triste e mal compreendida. “As pessoas julgam essas mães por não terem condições de criar seus filhos, mas ninguém tenta descobrir o que acontece com essas mulheres. Garanto que a grande maioria não gostaria de dar o seu filho. Mas a maioria tem algumas fraquezas, seja por droga, por abuso ou por não ter condições mínimas de sobreviver”, finaliza.

Posteriormente, as crianças acolhidas em lar temporário retornam para suas famílias de origem ou extensa, ou podem ser encaminhadas para famílias substitutas (adoção), mediante decisão do Judiciário. Para se cadastrar no serviço Família Acolhedora acesse o link, da Prefeitura de Maringá. Para mais informações pelo telefone (44) 3261-2415.

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